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PARQUES NACIONAIS
Maria Tereza Jorge Pádua diz faltar propaganda e plano de manejo, que possibilitem mais visitação
Para ambientalista, brasileiros não são amigos de parque
MARGARETE MAGALHÃES
DA REDAÇÃO
Os brasileiros visitam pouco
seus parques por falta de propaganda e porque eles não estão implementados. "Os brasileiros ainda não são amigos dos
parques." Essa é a opinião da
engenheira agrônoma e preservacionista Maria Tereza Jorge
Pádua, que trabalha há mais de
40 anos com parques nacionais. Pádua conhece os dois lados da moeda. Trabalhou no
serviço público, no antigo
IBDF (Instituto Brasileiro de
Desenvolvimento Florestal),
de 1968 a 1981, e foi presidente
do Ibama em 1992. Leia entrevista concedida à Folha.
FOLHA - Qual é a função de um parque nacional?
MARIA TEREZA JORGE PÁDUA - O objetivo precípuo de um parque
nacional é proteger amostras
de ecossistemas naturais, com
toda a sua biodiversidade, não
ou pouco alterados, importantes e relevantes no nível nacional, para fins de pesquisas científicas, educação ambiental e
turismo ecológico. Para que
uma área seja declarada parque
nacional, precisa ser de bom tamanho para proteger a biodiversidade que encerra, e os
ecossistemas devem ser naturais e abranger belezas cênicas
relevantes para comportar a visitação pública. Sua criação é
feita por decreto do presidente,
e suas terras têm de pertencer
ao poder público.
FOLHA - Por que no Brasil apenas
23 estão abertos à visitação?
PÁDUA - Porque não estão implementados. Isso quer dizer
que muitos (50%) deles ainda
carecem de regularização fundiária e 60% não possuem sequer planos de manejo. Tampouco têm infra-estrutura turística e funcionários para manejá-los adequadamente. Não
têm recursos sequer para combustíveis e carecem de equipamentos básicos, como carros,
rádios, computadores e material de escritório.
FOLHA - Por que os brasileiros visitam tão pouco seus parques?
PÁDUA - Porque não estão implantados. Porque não há suficiente propaganda. Muitos são
bem visitados, como Iguaçu,
Lençóis Maranhenses, Fernando de Noronha, Itatiaia, Serra
dos Órgãos e Sete Cidades, entre outros. Mas, em geral, o brasileiro não sabe bem o que é um
parque nacional e quer muito
conforto, o que nem sempre é
possível em áreas naturais remotas. Os brasileiros ainda não
são amigos dos parques.
FOLHA - Como o governo tem tratado seus parques?
PÁDUA - Mal, muito mal. Estão,
na sua grande maioria, abandonados. O orçamento é o pior
das três últimas décadas, e estão sendo propiciadas invasões
e toda sorte de degradação, devido ao abandono, à falta de
funcionários no campo e de recursos financeiros.
FOLHA - Quais modelos de parque
funcionariam para o Brasil?
PÁDUA - O turismo é a atividade
que mais cresce no mundo e,
dentro dele, o ecoturismo. Os
parques enriquecem a região
onde estão e o turismo nacional, pois os visitantes gastam
com passagens, combustíveis,
hotéis, equipamentos etc. Assim, são, em alguns países, a indústria mais rentável, como
Costa Rica, Quênia, Tanzânia e
Botsuana, entre outros. O Brasil tem vários modelos de área
protegida que funcionam muito bem, como o Parque Nacional da Serra da Capivara (PI), o
Iguaçu, a RPPN do Sesc no Pantanal mato-grossense. Temos
bons modelos, não precisamos
copiar ninguém.
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