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PARQUES NACIONAIS
Número de visitantes aumentou 42% entre 2002 e 2005, de cerca de 765 mil para mais de 1 milhão
Quedas deslumbram olhos em Foz do Iguaçu
GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM FOZ DO
IGUAÇU (PR)
O trajeto de 1,5 km pelo chão
de concreto, úmido mesmo em
dias mais secos, em seu leve declínio vai se moldando ao abismo, com visão panorâmica para
a imensa cortina de água das
cataratas do Iguaçu, a maior do
mundo, em extensão. Descendo por ele, ouvem-se o rufar das
quedas, o som de animais, pássaros e, principalmente, sente-se o cheiro de mato.
Em determinado ponto, sobre uma ponte de madeira, os
respingos se avolumam e viram
nuvens, encharcando grupos
de turistas, gente vestida dos
pés à cabeça.
De todo o aparato turístico
criado em torno do Parque Nacional do Iguaçu, essa trilha para as cataratas continua sendo
o ponto fundamental, motivo
para deslumbrar os olhos de
centenas de milhares de turistas que passam lá anualmente.
Mas ao fenômeno visual das
quedas hoje acrescenta-se uma
lista de passeios de barcos, bicicleta, jipes e até helicóptero,
num clima de falsa aventura
que às vezes faz lembrar os rituais de parques aquáticos,
com grupos conduzidos por
guias, romantizando a adrenalina de uma volta em bote inflável ou de uma pegada de onça-pintada no concreto.
O Parque Nacional do Iguaçu, fundado em 1939, se equipou para receber melhor seus
turistas e reverter a queda no
movimento sentida desde o final dos anos 90. A implementação, por meio de parceria entre
o Ibama e concessionárias, de
atividades ligadas aos recursos
naturais da região, como safáris
e rapel, e uma estratégia mais
afinada de divulgação do destino pelas Secretarias Municipal
e Estadual de Turismo deram
resultado: de 2002 para o ano
passado, o número de visitantes que passaram pelas cataratas cresceu 42%, de 764.709 para 1.084.239. Estrangeiros dão
volume ao grupo: 57.626 espanhóis, 38.199 norte-americanos e 22.638 ingleses estiveram
no parque em 2005.
A melhoria se faz notar para
quem não passa pelo parque há
mais de quatro anos. No fim da
passarela principal foi instalado um elevador com vista panorâmica; a pouco metros dali,
um deque ambienta os entornos de uma praça com restaurante, lojas, postos de informação e um cyber café, no ponto
mais alto das quedas; o pouso
do vôo de helicóptero foi retirado de dentro da área de proteção ambiental, por conta do impacto do barulho das hélices;
cinco passeios realizados pela
mesma empresa, a Macuco
Ecoaventura (www.macucoecoaventura.com.br), possibilitam visitas a lugares do parque antes pouco explorados; e
o sistema de transporte agora
adota ônibus circulares de dois
andares e não-poluentes.
A impressão é que a administração passou por uma espécie
de amadurecimento. Além dessa estrutura, as estratégias educativas implementadas pelo
Ibama, por meio de placas e
panfletos, parecem funcionar:
não se vê sinal de lixo deixado
por turistas, o que nos anos 90
era comum, e dificilmente alguém alimenta um animal.
O quati, uma espécie de roedor, por exemplo, pode ser visto por toda a região das cataratas e chega tão próximo dos turistas que, conta-se por lá, já
roubou a carteira de couro de
uma mulher inglesa.
Com seu jeito molengo, o
quati é o símbolo do parque.
Faz as vezes de mestre-de-cerimônias, celebrando um ponto
de equilíbrio, hoje visível, entre
a exploração do turismo e a
preservação da natureza.
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