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Parte do Pantanal pertenceu ao Paraguai
da enviada especial
Se não fosse a Guerra do Paraguai (1864-1870), embarcar para o
Pantanal poderia ser uma viagem
internacional -parte do atual território brasileiro, entre os rios Apa
e Branco, pertencia ao chamado
"país guarani".
São terras que expelem sangue
por todos os lados. O conflito, que
é considerado um dos mais dramáticos do século 19, quase dizimou a população do Paraguai.
Dos 800 mil habitantes do país,
só restaram 194 mil após a guerra.
Desses, apenas 2.100 eram homens
maiores de 20 anos.
O genocídio, como é classificado
por historiadores como Fernando
Novais e León Pomer, ambos da
USP (Universidade de São Paulo),
praticamente pôs fim não só à população paraguaia mas também a
todas as conquistas do país.
Autônomo em uma época em
que todas as demais nações da
América Latina não produziam
sequer alfinetes, o Paraguai construía trens e ferrovias, fomentava
sua indústria e era auto-suficiente
na produção agrícola e pecuária.
O governo do presidente Carlos
Antonio López também acabou
com o analfabetismo.
O país, com 80% da população
formada por índios guaranis, teria
começado, então, a ameaçar o panorama servil da América Latina,
onde os demais países adquiriam
bens manufaturados da Europa.
Vendiam, a preços baixos, matéria-prima.
O quadro da estabilidade paraguaia começou a ruir em 16 de outubro de 1864, quando o Brasil invadiu o Uruguai, e o Paraguai saiu
em defesa desse último, cumprindo um acordo entre os dois países.
Queda de Assunção
O conflito poderia ter sido dado
por encerrado em 1869, com a tomada de Assunção, segundo depoimentos do duque de Caxias, à
frente das tropas brasileiras, mas
se prolongou por mais um ano.
O objetivo final da Tríplice
Aliança (Argentina, Brasil e Uruguai) era matar Solano López -filho de Carlos Antonio López-,
que governava o país.
Caxias se demitiu em 1869, dando lugar ao conde d'Eu. Foi então
que o pior da carnificina aconteceu, de acordo com relatos do coronel Oliveira Nery.
"Quantas crianças de 11 a 15
anos despedaçadas pela metralha!", escreveu. Uma das últimas
batalhas aconteceu na região de
Campo Grande.
Envolveu 20 mil brasileiros e
3.500 paraguaios -os tais combatentes mirins citados por Nery. O
"inimigo" foi cercado por um
círculo de fogo -morreram todos, queimados ou degolados.
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