|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GUERRA NUNCA MAIS!
Museu mostra resistência dos judeus em Varsóvia
Capital polonesa abrigou maior gueto judaico do conflito, que segregou 380 mil pessoas até sua extinção
DO ENVIADO ESPECIAL A VARSÓVIA
A exposição permanente de
telas de 12 artistas de origem
judaica ocupa o segundo andar
do museu que guarda as memórias do antigo gueto judaico, no
subúrbio de Varsóvia. À primeira vista, trata-se de uma exposição cujo intuito é revelar a
produção de talentosos pintores -como Jan Gotard e Roman Kramsztyk- à época da
Segunda Guerra Mundial.
Mas a leitura das legendas
das telas e dos folhetos da exposição deixa o visitante desnorteado: todos os autores expostos naquela sala foram brutalmente exterminados em campos de concentração, a maioria
no ano de 1942, em Treblinka.
As transferências indiscriminadas do gueto de Varsóvia já
vinham ocorrendo com frequência desde o começo da
guerra, mas se intensificaram
após o levante do gueto judaico,
em 1943. A história da resistência é contada numa mostra permanente do museu, com fotos,
utensílios e filmes da época.
De acordo com o museu, antes da Segunda Guerra, a maior
comunidade judaica na Europa
vivia em Varsóvia.
Após a invasão nazista, Hitler
mandou construir o maior gueto do conflito, que segregou
380 mil pessoas entre 16 de novembro de 1940 e 15 de maio de
1943, até ser criminosamente
aniquilado pelos nazistas.
Nesse período, milhares pereceram de fome e doenças, enquanto outros foram enviados
para a morte nos campos de
concentração. A duras penas,
os judeus organizaram uma heroica resistência.
Liderados, dentre outros, por
um jovem de 23 anos, Mordechai Anielewicz, o gueto se levantou contra os nazistas entre
19 de abril e 16 de maio de 1943.
Cerca de mil combatentes
com poucas armas, e outros
500 na área de organização, enfrentaram 2.090 soldados bem
treinados e equipados e 20 tanques alemães.
Seis mil judeus pereceram no
conflito e, segundo os cálculos,
300 mil foram enviados para
morte nos campos da Polônia e
da Alemanha.
Em represália ao levante, Hitler determinou o aniquilamento do gueto. "O antigo distrito judeu de Varsóvia deixou
de existir", escreveu em telegrama o líder nazista do conflito, J. Stroop. Hoje, restam apenas dois fragmentos do muro
que demarcava o gueto.
(RUBENS VALENTE)
Texto Anterior: Museu recria levante de agosto de 1944 Próximo Texto: Guerra nunca mais!: Pedras relembram mortos em Treblinka Índice
|