São Paulo, quinta-feira, 25 de junho de 2009

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GUERRA NUNCA MAIS!

Museu mostra resistência dos judeus em Varsóvia

Capital polonesa abrigou maior gueto judaico do conflito, que segregou 380 mil pessoas até sua extinção

DO ENVIADO ESPECIAL A VARSÓVIA

A exposição permanente de telas de 12 artistas de origem judaica ocupa o segundo andar do museu que guarda as memórias do antigo gueto judaico, no subúrbio de Varsóvia. À primeira vista, trata-se de uma exposição cujo intuito é revelar a produção de talentosos pintores -como Jan Gotard e Roman Kramsztyk- à época da Segunda Guerra Mundial.
Mas a leitura das legendas das telas e dos folhetos da exposição deixa o visitante desnorteado: todos os autores expostos naquela sala foram brutalmente exterminados em campos de concentração, a maioria no ano de 1942, em Treblinka.
As transferências indiscriminadas do gueto de Varsóvia já vinham ocorrendo com frequência desde o começo da guerra, mas se intensificaram após o levante do gueto judaico, em 1943. A história da resistência é contada numa mostra permanente do museu, com fotos, utensílios e filmes da época.
De acordo com o museu, antes da Segunda Guerra, a maior comunidade judaica na Europa vivia em Varsóvia.
Após a invasão nazista, Hitler mandou construir o maior gueto do conflito, que segregou 380 mil pessoas entre 16 de novembro de 1940 e 15 de maio de 1943, até ser criminosamente aniquilado pelos nazistas.
Nesse período, milhares pereceram de fome e doenças, enquanto outros foram enviados para a morte nos campos de concentração. A duras penas, os judeus organizaram uma heroica resistência.
Liderados, dentre outros, por um jovem de 23 anos, Mordechai Anielewicz, o gueto se levantou contra os nazistas entre 19 de abril e 16 de maio de 1943.
Cerca de mil combatentes com poucas armas, e outros 500 na área de organização, enfrentaram 2.090 soldados bem treinados e equipados e 20 tanques alemães.
Seis mil judeus pereceram no conflito e, segundo os cálculos, 300 mil foram enviados para morte nos campos da Polônia e da Alemanha.
Em represália ao levante, Hitler determinou o aniquilamento do gueto. "O antigo distrito judeu de Varsóvia deixou de existir", escreveu em telegrama o líder nazista do conflito, J. Stroop. Hoje, restam apenas dois fragmentos do muro que demarcava o gueto.
(RUBENS VALENTE)


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