São Paulo, quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Próximo Texto | Índice

CERRADO

Incêndios fecham parque com freqüência

Sobrevôo noturno do Centro-Oeste mostra rios de fogo cortando a escuridão em vastas áreas do interior

Pedro Carrilho/Folha Imagem
Na trilha do mirante do Centro Geodésico, turista se volta para a paisagem


PEDRO CARRILHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DA CHAPADA DOS GUIMARÃES

Mesmo quando o parque nacional fecha, a Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso, encanta que vai até lá.
O final do inverno não costuma ser muito generoso com o cerrado. A umidade do ar cai abaixo do tolerável, as cores esmaecem, a vegetação seca e as queimadas e incêndios florestais tornam-se freqüentes.
Um sobrevôo noturno do Centro-Oeste brasileiro nessa época do ano dá uma boa dimensão dessa triste rotina: rios de fogo cortam a escuridão em vastas áreas do interior brasileiro, acelerando o processo de extinção de um dos mais ricos ecossistemas do país. Mesmo assim, quem pretende conhecer a região durante essa época do ano não deve desanimar.
Localizada no coração da América do Sul, a região da Chapada dos Guimarães é uma das principais atrações do cerrado brasileiro. Situado a 55 quilômetros de Cuiabá, o parque nacional fecha seus portões com freqüência no período da estiagem para o combate a incêndios e como medida de segurança para visitantes que podem inadvertidamente se verem cercados pelas chamas.
Para aqueles que derem com a cara no portão fechado, um consolo: a região tem muito a oferecer fora do perímetro do parque nacional.
Saindo de Cuiabá pela MT-251, não demora muito para os imponentes paredões de arenito vermelho despontarem no horizonte. Bem, isso se você estiver viajando fora da temporada das queimadas, quando o ar seco e a fumaça deixam o ambiente com uma luz fosca. Se, por um lado, a visibilidade pode ser prejudicada pela fumaça, o pôr-do-sol torna-se espetacular nos mirantes.
Logo antes de a estrada subir os contrafortes da chapada fica a Salgadeira. Antigo pouso de tropeiros, o córrego de mesmo nome abriga hoje um complexo turístico com área para camping e restaurantes. O local costuma ficar muito cheio nos finais de semana e não é recomendado para aqueles que preferem um contato mais sossegado com a natureza.
A estrada, que até então apenas margeara o parque, agora adentra seus limites. Nesse trecho são freqüentes os atropelamentos de animais que cruzam a pista. Depois das primeiras curvas rumo ao topo da chapada chega-se ao Portão do Inferno, primeiro mirante, local de onde se tem um aperitivo do visual por vir.
Já no topo fica a sede do parque nacional. Na entrada, um funcionário do Ibama é encarregado de dar a noticia do fechamento do parque. Um incêndio de grandes proporções acabara de começar e não restou opção senão fechá-lo, para desespero de dezenas de mochileiros decepcionados. À distância já era possível avistar a cortina de fumaça. Dez dias depois, com o fogo controlado, a estimativa era a de que cerca de 20% da área do parque fora destruída -o maior incêndio da história da unidade.


Próximo Texto: Governo vai incentivar turismo nas unidades de conservação
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.