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CERRADO
Incêndios fecham parque com freqüência
Sobrevôo noturno do Centro-Oeste mostra rios de fogo cortando a escuridão em vastas áreas do interior
Pedro Carrilho/Folha Imagem
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Na trilha do mirante do Centro Geodésico, turista se volta para a paisagem |
PEDRO CARRILHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DA CHAPADA DOS GUIMARÃES
Mesmo quando o parque nacional fecha, a Chapada dos
Guimarães, no Mato Grosso,
encanta que vai até lá.
O final do inverno não costuma ser muito generoso com o
cerrado. A umidade do ar cai
abaixo do tolerável, as cores esmaecem, a vegetação seca e as
queimadas e incêndios florestais tornam-se freqüentes.
Um sobrevôo noturno do
Centro-Oeste brasileiro nessa
época do ano dá uma boa dimensão dessa triste rotina: rios
de fogo cortam a escuridão em
vastas áreas do interior brasileiro, acelerando o processo de
extinção de um dos mais ricos
ecossistemas do país. Mesmo
assim, quem pretende conhecer a região durante essa época
do ano não deve desanimar.
Localizada no coração da
América do Sul, a região da
Chapada dos Guimarães é uma
das principais atrações do cerrado brasileiro. Situado a 55
quilômetros de Cuiabá, o parque nacional fecha seus portões com freqüência no período
da estiagem para o combate a
incêndios e como medida de segurança para visitantes que podem inadvertidamente se verem cercados pelas chamas.
Para aqueles que derem com
a cara no portão fechado, um
consolo: a região tem muito a
oferecer fora do perímetro do
parque nacional.
Saindo de Cuiabá pela MT-251, não demora muito para os
imponentes paredões de arenito vermelho despontarem no
horizonte. Bem, isso se você estiver viajando fora da temporada das queimadas, quando o ar
seco e a fumaça deixam o ambiente com uma luz fosca. Se,
por um lado, a visibilidade pode
ser prejudicada pela fumaça, o
pôr-do-sol torna-se espetacular nos mirantes.
Logo antes de a estrada subir
os contrafortes da chapada fica
a Salgadeira. Antigo pouso de
tropeiros, o córrego de mesmo
nome abriga hoje um complexo
turístico com área para camping e restaurantes. O local costuma ficar muito cheio nos finais de semana e não é recomendado para aqueles que preferem um contato mais sossegado com a natureza.
A estrada, que até então apenas margeara o parque, agora
adentra seus limites. Nesse trecho são freqüentes os atropelamentos de animais que cruzam
a pista. Depois das primeiras
curvas rumo ao topo da chapada chega-se ao Portão do Inferno, primeiro mirante, local de
onde se tem um aperitivo do visual por vir.
Já no topo fica a sede do parque nacional. Na entrada, um
funcionário do Ibama é encarregado de dar a noticia do fechamento do parque. Um incêndio de grandes proporções
acabara de começar e não restou opção senão fechá-lo, para
desespero de dezenas de mochileiros decepcionados. À distância já era possível avistar a
cortina de fumaça. Dez dias depois, com o fogo controlado, a
estimativa era a de que cerca de
20% da área do parque fora
destruída -o maior incêndio
da história da unidade.
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