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NILO SEM MISTÉRIO
Complexo de santuários em Luxor tem 1,5 km de comprimento; gorjeta a guarda rende vista especial
Karnak exala grandeza do passado egípcio
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO EGITO
Mais do que as pirâmides de Gizé ou os tesouros no Museu Egípcio no Cairo, é em Luxor que se
sentem bem de perto a grandeza e
o poder da civilização egípcia do
passado. A antiga Tebas floresceu
durante a época de ouro dos faraós, no período da 18ª, 19ª e 20ª
dinastias, de 1550 a.C. a 1069 a.C.
Nesse período ergueram-se as
partes principais do templo de
Karnak, Amon-Rá consolidou-se
como o maior dos deuses e a tradição de enterrar faraós no Vale
dos Reis foi estabelecida.
O roteiro em Luxor divide-se
entre as atrações dos lados oeste
- onde fica o vale- e leste, onde
fica a cidade. O grande destaque
desse lado é, sem dúvida, Karnak.
O complexo de santuários, intercalados por obeliscos, salões e pilonos, mede 1,5 quilômetro de
comprimento por 800 metros de
largura. Se você não estiver em
uma excursão com horário rígido,
vá cedo, para evitar as multidões,
e leve o tempo que for necessário
para apreciar a grande obra. Tem
gente que visita em meia hora.
Tem gente que leva duas horas.
O complexo foi erguido ao longo de 1.500 anos. As construções
mais antigas são de antes de 1700
a.C., mas boa parte foi erigida entre 1570 e 1090 a.C. Vários faraós
imprimiram suas marcas no templo, em forma de pilonos, pinturas, relevos e obeliscos, como Seti
1º, Amenhotep 3º, Ramsés 2º,
Hatshesput. Só na época de Ramsés 2º, 80 mil homens trabalharam em Karnak.
Por mais curta que seja a visita,
o viajante não resiste a fazer uma
pausa na sala hipostila. Antigamente coberto por um teto, esse
imenso salão possui 134 colunas
que lembram papiros. Mede 6.000
metros quadrados, e nele caberiam as catedrais de São Pedro,
em Roma, e a de St. Paul, de Londres, juntas. Muito das pinturas e
dos relevos se perdeu, mas ainda
há partes coloridas. Depois de ver
que é inútil capturar a grandiosidade da sala em sua câmera fotográfica, o melhor é simplesmente
admirá-la.
Do lado de fora, vale a pena pagar um pequeno baksheesh (gorjeta) aos guardas para subir nas
arquibancadas reservadas para o
espetáculo de luz e som que acontece à noite. Lá do alto, tem-se
uma idéia melhor do tamanho do
complexo.
Ao lado fica um lago sagrado,
construído para que os sacerdotes
se purificassem. Karnak é dedicado a três deuses, a tríade tebana:
Amon (que se tornaria Amon-Rá,
rei dos deuses, às vezes representado com chifres de carneiro),
Mut (mãe simbólica dos faraós,
associada ao abutre) e Khons
(deus da lua, filho de Amon e
Mut).
Karnak, assim como o templo
de Luxor, dá uma boa idéia da arquitetura típica dos complexos
religiosos egípcios. Em geral, a entrada é precedida por um caminho ladeado por esfinges. Depois
vem o primeiro pilono, um grande portal em cujas paredes retratava-se o faraó em ação, como
uma forma de propaganda.
Essas cenas eram coloridas, embora hoje restem apenas a cor bege e nua das paredes e os contornos das cenas nelas esculpidas.
Obeliscos eram colocados em pares em frente aos pilonos.
Guardados os tamanhos e as variações, a estrutura básica no interior dos templos era composta
por um pátio a céu aberto, rodeado de colunas; a sala hipostila,
cheia de colunas para lembrar
uma floresta, coberta e com pouca luz; câmaras menores; e o santuário, onde ficava a estátua do
deus. As salas ficavam sempre cada vez mais escuras, menores e
baixas, para aumentar a aura de
mistério.
(CHIAKI KAREN TADA)
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