São Paulo, quinta-feira, 26 de janeiro de 2006

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NILO SEM MISTÉRIO

Complexo de santuários em Luxor tem 1,5 km de comprimento; gorjeta a guarda rende vista especial

Karnak exala grandeza do passado egípcio

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO EGITO

Mais do que as pirâmides de Gizé ou os tesouros no Museu Egípcio no Cairo, é em Luxor que se sentem bem de perto a grandeza e o poder da civilização egípcia do passado. A antiga Tebas floresceu durante a época de ouro dos faraós, no período da 18ª, 19ª e 20ª dinastias, de 1550 a.C. a 1069 a.C. Nesse período ergueram-se as partes principais do templo de Karnak, Amon-Rá consolidou-se como o maior dos deuses e a tradição de enterrar faraós no Vale dos Reis foi estabelecida.
O roteiro em Luxor divide-se entre as atrações dos lados oeste - onde fica o vale- e leste, onde fica a cidade. O grande destaque desse lado é, sem dúvida, Karnak. O complexo de santuários, intercalados por obeliscos, salões e pilonos, mede 1,5 quilômetro de comprimento por 800 metros de largura. Se você não estiver em uma excursão com horário rígido, vá cedo, para evitar as multidões, e leve o tempo que for necessário para apreciar a grande obra. Tem gente que visita em meia hora. Tem gente que leva duas horas.
O complexo foi erguido ao longo de 1.500 anos. As construções mais antigas são de antes de 1700 a.C., mas boa parte foi erigida entre 1570 e 1090 a.C. Vários faraós imprimiram suas marcas no templo, em forma de pilonos, pinturas, relevos e obeliscos, como Seti 1º, Amenhotep 3º, Ramsés 2º, Hatshesput. Só na época de Ramsés 2º, 80 mil homens trabalharam em Karnak.
Por mais curta que seja a visita, o viajante não resiste a fazer uma pausa na sala hipostila. Antigamente coberto por um teto, esse imenso salão possui 134 colunas que lembram papiros. Mede 6.000 metros quadrados, e nele caberiam as catedrais de São Pedro, em Roma, e a de St. Paul, de Londres, juntas. Muito das pinturas e dos relevos se perdeu, mas ainda há partes coloridas. Depois de ver que é inútil capturar a grandiosidade da sala em sua câmera fotográfica, o melhor é simplesmente admirá-la.
Do lado de fora, vale a pena pagar um pequeno baksheesh (gorjeta) aos guardas para subir nas arquibancadas reservadas para o espetáculo de luz e som que acontece à noite. Lá do alto, tem-se uma idéia melhor do tamanho do complexo.
Ao lado fica um lago sagrado, construído para que os sacerdotes se purificassem. Karnak é dedicado a três deuses, a tríade tebana: Amon (que se tornaria Amon-Rá, rei dos deuses, às vezes representado com chifres de carneiro), Mut (mãe simbólica dos faraós, associada ao abutre) e Khons (deus da lua, filho de Amon e Mut).
Karnak, assim como o templo de Luxor, dá uma boa idéia da arquitetura típica dos complexos religiosos egípcios. Em geral, a entrada é precedida por um caminho ladeado por esfinges. Depois vem o primeiro pilono, um grande portal em cujas paredes retratava-se o faraó em ação, como uma forma de propaganda.
Essas cenas eram coloridas, embora hoje restem apenas a cor bege e nua das paredes e os contornos das cenas nelas esculpidas. Obeliscos eram colocados em pares em frente aos pilonos.
Guardados os tamanhos e as variações, a estrutura básica no interior dos templos era composta por um pátio a céu aberto, rodeado de colunas; a sala hipostila, cheia de colunas para lembrar uma floresta, coberta e com pouca luz; câmaras menores; e o santuário, onde ficava a estátua do deus. As salas ficavam sempre cada vez mais escuras, menores e baixas, para aumentar a aura de mistério.
(CHIAKI KAREN TADA)


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