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SEM RUMO
Diante do caos, turismo busca alternativas
Destinos mais próximos de São Paulo e viagens internacionais perdem menos com a crise da aviação
Almeida Rocha - 23.jul.2007/Folha Imagem
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Filas em Congonhas, atraso e acidentes desmotivam turista
DA REPORTAGEM LOCAL
A aviação comercial brasileira vive o pior momento de sua
história e, com medo de novas
tragédias, os passageiros vivenciam filas, atrasos e cancelamentos sistemáticos de vôos.
À desinformação, soma-se a
queda-de-braço entre os controladores do espaço aéreo brasileiro e o governo federal, expondo as mazelas da infra-estrutura aeroportuária nacional.
Nesse momento trágico, pilotos e empresas aéreas boicotam, em São Paulo, o aeroporto
de Congonhas, o mais movimentado do país -pelo menos
até que, no útimo dia 17, o acidente com o Airbus da TAM fez
quase 200 vítimas fatais.
Destinos
Desencorajados de voar para
cidades brasileiras e em plena
época de férias, os turistas que
viajam a lazer tendem nesse
momento a buscar destinos
mais próximos, que num raio
de até 400 km de São Paulo, sejam acessíveis por estradas (veja 29 possibilidades de roteiros
nas págs. F10).
Outras sugestões desta edição são 16 rotas a serem percorridas de carro para locais que
distam até 619 km de São Paulo,
acompanhadas de simulações
de gastos com combustível e
com pedágios (leia na pág. F8).
E, apesar dos conhecidos perigos na malha rodoviária brasileira, há estradas com índices
relativamente baixos de acidentes. Em 2005, nas rodovias
sob responsabilidade da Dersa
(a estatal que administra as travessias litorâneas), como Carvalho Pinto e Ayrton Senna,
houve 0,08 morto a cada 10 mil
veículos. No entanto, a realidade das estradas brasileiras é outra -onde quase cem pessoas
morreram no primeiro final de
semana de julho.
O Estado de São Paulo tem as
melhores rodovias, seguido por
Paraná, Rio de Janeiro, Rio
Grande do Sul e Distrito Federal, segundo a Confederação
Nacional do Transporte (CNT).
São cenários com problemas,
mas bem distantes dos de 12
Estados brasileiros com menos
de 3% da sua malha considerada ótima.
Rumo ao exterior
No cenário aéreo, a maior
concentração de problemas está nos vôos domésticos. Assim,
os viajantes mais intrépidos
aproveitam o dólar em baixa, e,
ainda que discretamente, provocam um aumento das viagens internacionais em detrimento do turismo interno.
"Os problemas em aeroportos afetaram principalmente os
destinos nacionais: não notamos alterações relevantes no
movimento para o exterior.
Nosso maior volume de vendas
tem sido para o Chile e a Argentina", afirma Luiz Vergani, diretor da Apex Travel.
Ex-presidente da Braztoa
(Associação Brasileira de Operadores de Turismo), José Zuquim, da operadora Ambiental,
também afirma que, "apesar do
medo de avião, o mercado
emissivo internacional ganha
em todas as pontas."
Os vôos que ligam o Brasil a
outros países não estão, entretanto, a salvo da crise.
No fim de semana, uma inexplicável pane no Cindacta-4,
que controla vôos na porção
norte do país, fez com que jatos
que rumavam para os EUA -ou
que de lá vinham- voltassem
para o ponto de partida.
E é diante desse triste cenário que as viagens de carro ou
de ônibus têm sido favorecidas.
"Um grupo de dez passageiros que ia de avião para Goiás
cancelou o aéreo e foi de carro,
cada um em seu veículo", conta
Tereza Ferrari, dona da agência
de viagens que leva seu nome.
Na contramão dessa tendência, especialistas em aviação
lembram que, além dos acidentes em estradas já serem responsáveis por um número
maior de mortes que os causados por aviões, o aumento de
trânsito pode piorar a situação.
Soluções difíceis
Nesse quadro negro para a
aviação nacional, o aeroporto
de Cumbica, em Guarulhos,
desponta como uma solução,
ainda que momentânea.
Mas também não adianta
abandonar Congonhas. Roberto Román, da Interamerican,
considera impossível desativar
esse aeroporto. "Congonhas
tem problemas sim, porém é
difícil encontrar um aeroporto
perfeito. A maior culpa pelos
problemas de Congonhas é das
autoridades municipais que, há
50 anos, permitiram a construção de prédios no espaço que
deveria ser um corredor de proteção para os aviões". Ele alerta: "A mesma coisa está acontecendo em Cumbica, onde deixaram invadir as adjacências
das pistas. Agora, é preciso desalojar os invasores para que se
possa ampliá-lo." E, conclui
Román, "queiram ou não queiram, Congonhas deve continuar operando, desde que medidas para aumentar a sua segurança sejam tomadas imediatamente."
E agora
Na semana do acidente, até
anteontem, diversas agências
de turismo consultadas pela
Folha registraram queda no
movimento. Mas todas apostam que o fluxo turístico voltará assim que a memória da tragédia ficar mais remota.
O calor da crise aérea é tal
que turistas, recentemente,
preferiram trocar o avião pela
viagem pelas estradas; mas a
procura pelos pacotes com ônibus era pequena a ponto de
grande parte das agências não
trabalhar mais com eles. Do total de vendas da operadora
CVC, apenas 7% é de pacotes
com rodoviário.
(SILVIO CIOFFI, HELOISA LUPINACCI, THIAGO MOMM E PRISCILA PASTRE-ROSSI)
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