São Paulo, segunda-feira, 26 de novembro de 2001

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CORAÇÃO DA BAHIA

Visitante deve entrar no ritmo da região para explorar sua tranquilidade, paisagens, cores e texturas

Chapada Diamantina é garimpo turístico

Marlene Bergamo/Folha Imagem
Rodovia BA-850, na região da chapada



Outrora tenda de garimpeiros, Lençóis hoje convida o visitante a relaxar antes, durante e depois de explorar as belezas naturais do parque nacional


VINCENZO SCARPELLINI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Afrânio Peixoto (1876-1947), médico legista, político, professor, romancista e historiador literário, nascido em Lençóis, na Chapada Diamantina, escreveu que viajar é aumentar o tempo com o espaço.
A isso, acrescentou a regra de que é preciso levar consigo algumas idéias, pois quem não as leva anda, porém não viaja.
Hoje pode-se interpretar a palavra "idéias" como sendo sonhos, que impulsionam viagens.
A Chapada Diamantina, adormecida na cama das eras geológicas, no coração do Estado da Bahia, foi sacudida pela primeira vez por uma multidão de sonhadores: os garimpeiros de ouro, ao sul, que chegaram no século 19, e os de diamantes, ao norte, a partir de meados do século 20. Movidos pela sede de fortuna, vieram de longe e plantaram comunidades à beira dos rios.
Assim nasceu também Lençóis, situada no nordeste da chapada, a 425 km de Salvador. A cidade deve seu nome às tendas de tecido estendidas para abrigar famílias na época do garimpo: vistas do alto, pareciam lençóis.
A chapada despertou rica, cheia de gente, pepitas e pedras preciosas. Mas, como todo sonho que se respeite, este também não pôde durar, quando se transformou em realidade.
Os garimpos mecanizados instalaram-se na região no início da década de 80 e foram fechados em 1996. As lavras acabaram, os sonhadores foram embora e a chapada baiana voltou a dormir.
Os novos sonhadores hoje são os turistas, e as verdadeiras jóias são as paisagens monumentais, as cores, as texturas e os brilhos cravados nas trilhas. Os principais atrativos da região são chapadões, cachoeiras, cavernas, além de orquídeas, cactos e bromélias. A melhor época para explorar a região é de março a outubro, quando chove pouco. E, para garimpar tudo isso, é preciso entrar no ritmo da chapada.
Ao chegar em Lençóis, a primeira coisa a fazer é deitar, curtir os sons da natureza e dormir. Só depois de ter cumprido todos os ciclos letárgicos é que se pode avaliar outras atividades físicas que dispensem colchão e rede. A viagem assim se inicia.


Vincenzo Scarpellini, jornalista e designer, hospedou-se em Lençóis a convite da Estalagem Alcino e Silva



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