São Paulo, segunda-feira, 26 de novembro de 2001

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HOTELARIA

Realizar apenas parte dos estudos no exterior é opção para evitar gastos que superam US$ 14,5 mil por ano

Brasileiros fazem curso "sanduíche"

DO ENVIADO ESPECIAL À SUÍÇA

Mesmo com todos os atrativos de um diploma obtido na Suíça, berço do ensino em hotelaria, custear um curso à beira dos Alpes não é investimento corriqueiro. Sai por cerca de US$ 14,5 mil (por volta de R$ 37 mil) por ano.
Por isso muitos brasileiros optam por apenas complementar os seus estudos na Europa, frequentando um ou dois anos por lá.
Escolas de hotelaria como a Les Roches, em Bluche, e a SHMS, em Caux/Montreux, costumam reconhecer o currículo adotado em instituições de ensino brasileiras.
"Alunos nossos formados em tecnologia em hotelaria costumam cursar mais dois anos na Suíça e voltar de lá como bacharéis", conta Ana Lúzia Magalhães Carneiro, coordenadora de graduação da Faculdade Senac de Turismo e Hotelaria de São Paulo.
Para ela, não há grandes diferenças na estrutura curricular entre as escolas brasileiras e as suíças, a não ser na carga horária.
Monica Morejon, reitora da Unibero, de São Paulo, aponta outro trunfo suíço: o incentivo ao estágio e às atividades práticas. Na SHMS, os alunos têm dedicação em período integral. Além disso, estudam praticamente um semestre e trabalham no seguinte.
"Outro ponto positivo é a chance que o estudante tem de aprender inglês, francês, alemão e até uma quarta língua, dependendo do companheiro de quarto e dos amigos da escola", avalia Monica.
Como aspecto negativo, Ana Lúzia aponta a falta de atividades práticas de recepção, reservas e governança. "Dão mais ênfase ao setor de alimentos e bebidas", diz.
Apesar de já receber brasileiros que querem complementar os estudos, a SHMS está fechando acordos formais com o Senac e a Unibero. Monica Morejon exemplifica: "O aluno da universidade poderá realizar o terceiro ano na Suíça e cumprir o quarto ano aqui no Brasil para fazer jus a diplomas importantes e reconhecidos".

Atividade em alta
Após cursar dois anos no Senac, Alexandre Molari Espindola, 23, decidiu continuar os estudos na Europa. "Sair com um diploma suíço conta muito no mercado de trabalho", afirma o estudante, que atualmente busca o título de bacharel pela SHMS.
De fato, o setor de hotelaria vem pilotando uma curva ascendente. Só em cursos de nível superior no país, o número passou de sete, em 1991, para cerca de 90, em 1999, segundo a Abdeth (Associação Brasileira de Dirigentes das Escolas de Turismo e de Hotelaria).
Perto de 9.000 novos alunos se matriculam por ano nesses cursos, calcula José Ruy Veloso Campos, presidente da associação.
O mercado de trabalho também cresce. A Abih-SP (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis) calcula em 18 mil o número de estabelecimentos de hospedagem em funcionamento no país.
Estima-se a construção de no mínimo 300 novos hotéis de porte médio até o final do próximo ano. Na capital paulista, a hotelaria já é responsável por cerca de 60 mil empregos, diretos e indiretos.
Para especialistas da área, o setor se profissionaliza mais. E isso indica, teoricamente, um reconhecimento maior a quem tem boa formação para mostrar no currículo. Hoje o salário de um gerente de hotel chega à casa dos R$ 9.000, segundo a consultoria de recursos humanos Manager.
(CLEBER MARTINS)

Abdeth: www.abdeth.com.br Glion Hotel School: www.glion.ch Les Roches: www.les-roches.ch Senac-SP: www.sp.senac.br SHMS: www.shms.com Unibero: www.unibero.br


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