DE SÃO PAULO

Autor de clássicos da literatura de viagem, o norte-americano Paul Theroux tem agora lançado no Brasil "Até o Fim do Mundo", coletânea de textos que ele próprio selecionou sobre suas passagens por diversos países.
Nas 445 páginas do volume, a prosa de Theroux conduz o leitor por experiências como uma noite de Natal a bordo do Expresso Transiberiano e um encontro com Jorge Luis Borges (1899-1886) em Buenos Aires.
Não espere descrições detalhadas de paisagens ou costumes. É exatamente a capacidade do autor de captar e descrever nuances e atmosferas que leva a narrativa além de somente experiências e impressões. São as observações certeiras e os diálogos com personagens encontrados pelo caminho que surpreendem o leitor com aspectos culturais que muitas vezes passam despercebidos por viajantes.
Compartilhando descobertas, os capítulos curtos dão ao leitor a sensação de ter acompanhado o autor durante suas viagens. Espere, sim, narrações de viagens ferroviárias, do lendário Expresso do Oriente a aventuras pelas ferrovias chinesas, apelidadas de "galos de ferro".
A conhecida paixão do autor por trens resulta em encontros com figuras surpreendentes e experiências únicas dentro de diferentes culturas.
Mas é durante uma viagem de avião de Urumchi para Lanzhou que se dá um dos pontos mais curiosos de "Até o Fim do Mundo".
Num velho jato russo, Theroux encontra chineses vomitando antes mesmo da decolagem, comida impossível de ser identificada e passageiros que se levantam tão logo o piloto anuncia a aterrissagem. Diverte e redime as agruras dos voos ocidentais.