Piscinas de água naturalmente aquecida por vulcão relaxam corpo depois de um dia descendo a montanha

GUSTAVO FIORATTI
ENVIADO ESPECIAL A TERMAS DE CHILLÁN

É aquele mesmo espírito de praia, só que num frio sempre entre 0C e 10C. Quem se aventura pelas ladeiras da estação de esqui de Termas de Chillán, no Chile, usando esqui ou snowboard, vê passarem veteranos esbanjando manobras, novatos procurando um ponto de equilíbrio, pais atentos às crianças, casais misturando romance e adrenalina. Todo mundo de óculos escuros, alguns com protetor solar.
Ao fundo, a cadeia de montanhas aos pés dos Andes, a 1.600 metros sobre o nível do mar, de vegetação esparsa -tudo coberto por neve. Nos dias de sol, a pista abre às 9h e logo fica cheia de gente. Os mais experientes vão aos pontos mais altos. A insegurança dos calouros, ainda que sob o auxílio de instrutores (a aula para duas pessoas custa US$ 52 por hora), torna a prática quase cômica. Os tombos são freqüentes, mas raramente alguém se machuca.
A neve é fofa quando acaba de cair e dias depois fica compacta, mas ainda absorve o impacto. O equipamento pode ser alugado no hotel, por US$ 28 por dia ou US$ 165 por semana.
Ao entardecer, os mesmos rostos se reencontram nas piscinas de águas vulcânicas, nas dependências das únicas quatro opções de hospedagem desse destino turístico, o Gran Hotel, o hotel Pirigallo, a pousada Piramahuia e um condomínio que aluga apartamentos para temporadas, todos geridos pela mesma empresa (veja em www.termaschillan.cl).
As águas com temperatura acima de 30C são perfeitas para relaxar os músculos maltratados durante a prática de esportes ou por conta do frio. Piscina de águas térmicas e o esqui formam, enfim, um bom par de atividades complementares. A bem da verdade, não há muito mais o que fazer por ali no inverno além disso. A cidade mais próxima, Chillán, fica a 80 km, e Chillán, por sua vez, fica 480 km ao sul de Santiago. Mas ficar nas dependências do hotel observando a neve cair em flocos do lado de fora não é nada mal. Ideal para uma leitura diante da lareira, para namorar ou para ficar de papo para o ar mesmo. Os hotéis tentam amenizar a monotonia com uma programação de shows, concertos e recreação infantil.
Por conta do frio e do isolamento, é bom se preparar para horas diante da lareira ou jogando cartas. A partir das 18h, quando escurece, é dentro dos hotéis que os turistas ficam.
Uma tempestade de neve pode durar mais de 24h, impossibilitando qualquer passeio, mesmo durante o dia. Nessas ocasiões, as atividades se restringem às piscinas e ao spa. No Gran Hotel, a piscina fica sob uma estrutura de vidro, com passagem por dentro d'água para outra piscina do lado de fora. Ficar na água quente enquanto a neve cai é bem gostoso. No condomínio e na pousada Piramahuia, as piscinas ficam em área externa. E no hotel Pirigallo há piscina coberta e também em área externa.
Dependendo do clima, caminhadas são boa opção. Alguns trajetos servem ao esqui de fundo -também chamado de "snowshoe"-, bem mais lento por conta do tamanho do acessório usado no lugar do esqui convencional, em forma de raquete de tênis. É fácil de usar e possibilita fazer caminhos que o esqui tradicional não faz.