São Paulo, segunda-feira, 27 de setembro de 2004

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MUSEU DE TUDO

Instituições com acervo de arte contemporânea foram as mais citadas por profissionais da área

Masp e MoMA são preferidos por 15 artistas e curadores

DA REPORTAGEM LOCAL

A Folha convidou 15 críticos, curadores e artistas plásticos brasileiros para escolher os seus museus nacionais e estrangeiros prediletos. Foram citados 43 museus no mundo, sendo 13 no Brasil.
Os nomes mais lembrados foram Masp, em São Paulo, MoMA de Nova York, que será reaberto em novembro, e Prado, em Madri -com seis menções cada um-, Frick Collection e Metropolitan, também em Nova York, Louvre, em Paris, e Tate Modern, em Londres, com três cada um. E, de todos os museus, Masp e MoMA despontam como os mais caros aos artistas e curadores.
Além dos tradicionais Louvre, em Paris, do Altes Museum, em Berlim, e do British Museum, em Londres, museólogos e artistas indicam outras instituições fora do "roteirão" básico indicado pela maioria dos guias de turismo, como o Museu de Palenteologia de Santana do Cariri, no Ceará, o Museu Arqueológico de Sambaqui, em Joinville (SC), ou o Museu de Arte Antiga de Lisboa, o Sir John Soane, em Londres, e o Jacquemart-André, em Paris.
A lista detalhada, com a escolha e o motivo da predileção, pode ser conferida na página F4 desta edição e servir de guia para os turistas que quiserem dedicar algum tempo de suas viagens, enveredando-se pelos corredores, entre telas e esculturas.
Parte importante da receita do turismo mundial pode ser creditada aos museus. Alguns deles não só foram responsáveis pela introdução de um novo destino turístico como produziram efeitos econômicos positivos.
É o caso de Bilbao, na Espanha. Desde a inauguração do Guggenheim Bilbao, em 1997, numa antiga área degradada da cidade, houve um reposicionamento turístico ali. Segundo um estudo realizado a pedido do museu pela consultoria K, o impacto do Guggenheim sobre a economia na região alcançou a cifra de 817 milhões. Os efeitos diretos e indiretos depois do Guggenheim representam 0,4% do PIB produzido pela economia basca e 0,5% de todos os empregos da região.
Ainda na Espanha, Madri quer se tornar a capital cultural do mundo com a modernização e a ampliação de três dos seus principais museus -Prado, Reina Sofia e Thyssen-Bornemisza-, que, juntos, podem atrair 7 milhões de visitantes por ano. O governo espanhol já investiu mais de 147 milhões nas obras.
Também na Alemanha, o turismo na capital do país, que tem 3,4 milhões de habitantes, foi beneficiado pela exposição do MoMA que aconteceu no Museu Nacional de Berlim e terminou no final de semana passado. Foram mais de 1 milhão de visitantes, sendo que cerca de 70% deles vieram de outras localidades.

Museu do coração
A Folha pediu a cada um dos convidados -dentre os quais Teixeira Coelho, Nelson Leirner, Laura Vinci e Agnaldo Farias- que escolhesse cinco museus de sua preferência e depois elegesse o seu favorito. A decisão de cada um não foi baseada exclusivamente na importância, na representatividade ou no tamanho do museu. Foi levada em consideração a relação afetiva que os artistas e curadores mantêm com a história, o acervo ou a arquitetura da instituição.
"Ainda que hoje em dia tenha vontade de chorar quando penso nele, o Masp é e sempre será o museu do meu coração", justifica o crítico e ex-diretor do MAM-RJ, Agnaldo Farias.
Alguns convidados manifestaram dificuldade ao ter de nomear cinco museus: "Misericórida!", "Poxa" e "Se houver uma lista dos 20 [preferidos] ligue-me de novo" foram algumas frases usadas.
Apesar da riqueza da arte italiana, apenas um museu da Itália, a Galeria Uffizi, em Florença, foi citado. "Há poucos museus italianos de arte moderna e contemporânea. As pessoas ligadas à arte geralmente se lembram mais de museus desses períodos. A Itália tem muitos museus de arte antiga. Em arte moderna e contemporânea, ninguém bate os museus norte-americanos ou ingleses", diz Lorenzo Mammì, diretor do Centro Universitário Maria Antonia, ao ser convidado a interpretar o motivo de só um museu italiano figurar entre as escolhas.
Mammì acerta na mosca: entre os citados, há dez museus norte-americanos e quatro do Reino Unido. Entre os outros países a sediar instituições listadas estão França, com quatro museus, Alemanha, com três, e Espanha, com dois. São mencionados um museu de cada um dos seguintes países: Portugal, Holanda, Dinamarca, Japão, Argentina e México.


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