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MUSEU DE TUDO
A instituição preferida de Emanoel Araújo tem ala com pintura portuguesa dos séculos 15 e 16 pouco conhecida
Lisboa guarda jóia na rua das Janelas Verdes
ALCINO LEITE NETO
EDITOR DE DOMINGO
Muita gente que visita Lisboa
não dá a mínima para o Museu
Nacional de Arte Antiga. É uma
pena. Há pelos menos cinco bons
motivos para ir até esse importante e charmoso museu da rua das
Janelas Verdes, muito justamente
lembrado por Emanoel Araújo
em sua lista de preferidos.
Primeiro motivo: o museu abriga os imprescindíveis "Painéis de
São Vicente" (século 15), um políptico (várias telas retratando um
só tema) de Nuno Gonçalves,
obra que tem tanta importância
artística quanto histórica.
"Que amplitude, que conjunto
de repertório social encerrado
neste políptico", escreveu o crítico espanhol Eugenio d'Ors (1881-1954), em "Lo Barroco". "O que
surpreende em Nuno Gonçalves,
quando se considera o caráter
moderno de seu espírito e de sua
técnica, é a precocidade", completa D'Ors, que via no pintor português um precursor de Velázquez.
As obras de Nuno Gonçalves
são o destaque da ala de pintura
portuguesa dos séculos 15 e 16
-pintura, aliás, muito pouco conhecida e, por isso mesmo, menosprezada. Vale a pena se ater
ainda à "Anunciação", de Frei
Carlos, à "Deposição no Túmulo", de Cristóvão de Figueiredo,
ao "Retrato de D. Sebastião", de
Cristóvão de Morais, e ao tríptico
"Cristo Deposto da Cruz, São
Francisco e Santo Antônio", de
Vasco Fernandes.
Segundo motivo: o museu tem
uma das mais belas e intrigantes
representações do Cristo: um
"Ecce Homo" feito em Portugal
por autor desconhecido, na segunda metade do século 16. Esta
imagem, que por si só justifica a
ida ao museu, já foi chamada de a
"esfinge da arte cristã".
Terceiro motivo: está lá "As
Tentações de Santo Antão" (cerca
de 1500), de Bosch. O museu, que
é pequeno se comparado ao Prado e ao Louvre, guarda ainda quadros de Brueghel, Piero della
Francesca, Dürer e outros.
Quarto motivo: as coleções de
escultura, ourivesaria (com 3.200
peças) e sobretudo de arte oriental (dos séculos 16 e 17, proveniente da Índia, do Japão e da China)
são um deslumbramento.
E, por fim, junto ao museu está a
magnífica capela das Albertas,
iniciada no século 16 e uma das
jóias da arquitetura portuguesa.
MUSEU NACIONAL DE ARTE ANTIGA -
Rua das Janelas Verdes, Lisboa. Funciona
de quarta a domingo, das 10h às 18h, às
terças, das 14h às 18h. Fecha às segundas. Ingresso custa 3, tel. 00/xx/351/
21/391-2800; www.mnarteantiga-ipmuseus.pt
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