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Guggenheim serve de respiro contemporâneo nessas ruelas classudas
DO ENVIADO ESPECIAL
"Este é "O Poeta", quadro
de Picasso", disse a professora veneziana, e perguntou
aos alunos de cinco, seis anos
o que eles distinguiam na
pintura estilhaçada. "Os óculos do poeta", pensei, satisfeito com a minha percepção. "O braço de uma cadeira", respondeu uma criança
italiana superdotada.
"Bravíssimo!", parabenizou a tia. Na sala seguinte,
diante de outro quadro, um
outro aluno explicou que as
luzes incidindo na montanha eram avermelhadas para representar um final de
tarde. Um novo parabéns.
Quase interrompi a aula para contar que li "Pé de Pilão",
de Mário Quintana, quando
era pequeno, e quem sabe
ganhar um "bravíssimo".
Mas era um feito bem menos prodigioso, então segui
sozinho meu tour pelo museu Peggy Guggenheim.
Além de obras de Picasso
(1881-1973), estão no museu
pinturas dos alemães Max
Ernst (1891-1976) e Paul
Klee (1879-1940), do norte-americano Jackson Pollock
(1912-1956) e outros. O acervo permanente não é extenso -pode ser bem percorrido em menos de duas horas- e é uma ótima amostra
de arte contemporânea, recomendável para quem não
gostar de Tintoretto, Ticiano
e outros classudos onipresentes pela cidade.
Endinheirada a partir de
uma boa herança, a norte-americana Peggy Guggenheim (1898-1979) decidiu
comprar um quadro por dia
e os expôs em Londres e Nova York antes de ir morar em
Veneza, em 1947. Lá, teve a
última gôndola particular da
cidade e está enterrada, com
14 cachorros de estimação
seus, no quintal do palácio
onde fica o museu. O nome
de cada cão e a data em que
viveram estão listados abaixo da inscrição "my babies",
próxima da lápide.
(TM)
GUGGENHEIM VENEZA
Dorsoduro, 704; de qua. a seg.,
das 10h às 16h; ingresso: 10
(R$ 26); tel.: 00/xx/39/041/
240-5411
www.guggenheim-venice.it
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