São Paulo, quinta-feira, 27 de outubro de 2005

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CARIBENHA

Ilha declarada reserva da biosfera pela Unesco fica à margem das mazelas e das turbulências colombianas

Arquipélago de San Andrés é reserva natural e tem 27 km2

MARCELO SAKATE
ENVIADO ESPECIAL A SAN ANDRÉS (COLÔMBIA)

A 600 km da América do Sul, no mar do Caribe, o arquipélago colombiano de San Andrés, Providência e Santa Catalina parece um mundo à parte em meio à turbulência político-social do continente e às notícias sobre narcotráfico e guerrilha na Colômbia.
Com população estimada em 70 mil pessoas e 44 km2 de área, o arquipélago é formado pelas três ilhas grandes que lhe emprestam o nome e pouco mais de uma dezena de ilhotas e recifes. Foi declarado reserva da biosfera pela Unesco no início da década, por conta de seu ecossistema.
A ilha de San Andrés é a principal. Com 27 km2, tem a forma de um cavalo-marinho, alto e magro -a parte mais larga tem só 3 km de comprimento. A ilha é a mais povoada do arquipélago e abriga um centro comercial e hoteleiro movimentado, incluindo lojas de grifes internacionais.
O contraste entre turistas, especialmente canadenses, e nativos é evidente, mas a convivência aparenta ser pacífica. A vocação turística do local já integra o dia-a-dia da população.
Talvez uma das melhores maneiras de conhecer San Andrés seja alugar um carro ou uma moto e contratar um guia local. Uma estrada de mão dupla, em bom estado de conservação em quase todo o seu percurso, circunda a ilha. São 33 km de extensão, o que permite apreciar em um dia tanto as praias do que pode ser considerada a costa leste como as rochas do lado oeste.
As belezas naturais são o principal chamariz. São inúmeras praias de areia branca, mar calmo e águas cristalinas e mornas, ideais para o descanso. Perto do centro está a praia de Sprat Bight, uma das preferidas dos nativos e de fácil acesso. Atualmente, o governo local promove uma reforma no calçadão.
Tamanha é a calmaria no mar que crianças nativas praticam snorkel nas piscinas naturais que se formam nas barreiras de recifes próximas à praia. Esse, aliás, é um dos esportes preferidos da população. O mais querido, porém, praticado em campos de terra, é o beisebol, tão popular como em outras ilhas do Caribe, pródigas em revelar craques para a liga profissional dos EUA.
No calçadão de Sprat Bight, o hábito é outro. Nativas convidam o turista (mulher ou homem) a trançar os cabelos. O preço não passa de 10 mil pesos colombianos, algo em torno de R$ 12.
Em direção ao sul, na costa leste, estão as praias mais freqüentadas pelos forasteiros. Na de Cocoplum Bay, o mar calmo e raso atrai pais com crianças.
Pelo mar, com a água na altura da cintura, é possível caminhar até Rocky Cay, uma ilhota onde está um navio que, de acordo com os guias, afundou há décadas, durante uma tempestade. Atualmente, só uma pequena parte da embarcação está submersa.
Próxima à ponta sul da ilha está San Luís, outra campeã da preferência dos turistas e mais movimentada do que Cocoplum Bay. Nela, uma casa jamaicana e adeptos do rastafarianismo dão o tom da influência da vizinha Jamaica -apesar dos 400 km de distância.
Passeios pelas ilhotas próximas a San Andrés são outro atrativo. Na costa leste da ilha estão Haynes Cay e Aquário separadas por 100 m de mar que podem ser percorridos a pé, pois a profundidade não chega a 1,5 m. Aquário é uma formação de areia sobre a qual há um restaurante. Já em Haynes Cay, cheia de palmeiras, as praias são a melhor opção.
Na ponta norte está Johnny Cay. Maior do que as outras duas, abriga um parque, onde, além das praias, é possível conhecer a fauna local. Embarcações cobram 17 mil pesos colombianos (cerca de R$ 20) pelo passeio de ida e volta a cada uma delas. A rota leva cinco minutos; as ilhas estão a pouco mais de 1,2 km de San Andrés.
Para quem procura algo a mais do que a tranqüilidade nas praias, San Andrés oferece mergulho e snorkel em águas calmas e outras nem tanto. Na costa oeste, há escolas de mergulho, que cobram 50 mil pesos colombianos para emprestar equipamentos e levar o turista a áreas com corais e peixes, com guia. A prática dura de 30 minutos a uma hora.

Providência
Com acesso mais difícil, as ilhas Providência e Santa Catalina estão a 80 km ao norte de San Andrés e só podem ser alcançadas em pequenas embarcações ou aviões, que saem diariamente da ilha principal. A travessia entre Providência e Santa Catalina pode ser feita pela colorida ponte dos Apaixonados.
Providência, de formação montanhosa e vegetação intensa, tem cerca de 18 km2 de área e população de 4.000 pessoas. Com origem vulcânica, ela está cercada por uma barreira de corais, entre as maiores das Américas, com mais de 20 km de extensão, o que torna as águas propícias para o mergulho. Santa Catalina, por sua vez, tem 1 km2 de área. Ambas diferenciam-se de San Andrés por terem menos agitação.


Marcelo Sakate viajou a convite do Escritório Comercial do Governo da Colômbia em São Paulo.

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