São Paulo, quinta-feira, 27 de novembro de 2008

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CIDADE CAPITAL

Na biblioteca do Congresso, turista não toca em livros

Para compensar a falta de contato com a enorme coleção, computadores reproduzem páginas de obras

DA ENVIADA ESPECIAL A WASHINGTON

Como turista, você só vai poder dar uma espiada, a partir de um balcão vedado com vidro, na sala de leitura. A biblioteca do Congresso, no prédio Thomas Jefferson, é um passeio que deixa o visitante entre a estupefação e a frustração.
Para amenizar a frustração, as exposições temporárias compensam a ausência de contato com os livros por meio de computadores acionados pelo toque sobre a tela em que é possível, por exemplo, folhear páginas virtuais de volumes da biblioteca de Thomas Jefferson ou os rascunhos da Constituição norte-americana.
Mesmo para quem não queria ver livro algum, a visita vale pela beleza do prédio, de 1897.
A história da biblioteca é marcada por dois incêndio. Antes de ser instalada em um prédio à parte, ela ficava no Capitólio. Veio a guerra Anglo-Americana e, em 1814, as tropas inglesas incendiaram o Capitólio.
Com a biblioteca reduzida a cinzas, Thomas Jefferson vendeu a sua coleção de livros ao Congresso. Eram quase 6.500 volumes -parte dos quais o turista pode folhear virtualmente no tal computador.
Em 1851, um segundo incêndio tostou dois terços da coleção. Apenas 900 títulos não foram repostos. A coleção foi sendo refeita -de 1864 a 1897, cada livro lançado nos EUA tinha duas cópias incluídas na biblioteca- e tornou-se necessária uma sede.
O prédio Thomas Jefferson foi construído e inaugurado em 1897 -hoje há mais dois. Não são mais incluídos na coleção todos os livros publicados nos EUA. Ainda assim, a instituição recebe de 10 mil a 22 mil volumes a cada dia.
Se é a curiosidade de espiar a sala de leitura em parte o motivo que leva os visitantes ao prédio, não há de se perder muito tempo ali. A visita à biblioteca equivale a uma ida ao museu: a instituição faz mostras temporárias com peças de seu acervo de 134 milhões de itens.
Em uma das galerias do segundo andar, uma exposição sobre a exploração das Américas desde as navegações até os desdobramentos da colonização mostra mapas, desenhos de fauna e flora e relatos. Globos de distintos períodos mostram a evolução do conhecimento geográfico. E há peças de arte pré-colombiana, livros astecas, documentos, cerca de 3.000 mapas e pinturas da coleção Jay I. Kislak.
Do outro lado, está a exposição "Construindo os EUA", que acompanha o desenvolvimento da Constituição norte-americana, da Carta de Independência e do "Bill of Rights", como é chamado o conjunto formado pelas dez primeiras emendas à Constituição.
Logo ao lado da entrada, há duas grandes vitrines expositivas. Em uma delas, um exemplar da Bíblia de Gutenberg, o primeiro livro publicado no mundo Ocidental com tipos móveis -antes deles, os livros eram escritos à mão-, e a Bíblia gigante de Mainz, uma das últimas manuscritas na Europa. São 459 páginas de 55,88 cm por 40,64 cm.
E do mesmo jeito que o turista explora as páginas dos livros nos computadores espalhados pelo prédio, quem não está em Washington pode percorrê-los no site www.loc.gov.


BIBLIOTECA DO CONGRESSO
Avenida Independence, esquina com a rua 1; seg. a sáb., das 10h às 17h; www.loc.gov


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