São Paulo, quinta-feira, 28 de maio de 2009

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CAMINHOS MONTEVIDEANOS

Bairro operário inspirava fantasia, lirismo e afetos

Quando era criança, Benedetti jogava como goleiro no Club Lito, a três quarteirões do parque Capurro

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE MONTEVIDÉU

Para quem deixa Montevidéu em direção ao interior do país, Capurro é apenas um ponto de passagem, já na saída da capital.
Mas, nas páginas de Mario Benedetti, o bairro operário -caracterizado por uma paisagem pontilhada de fábricas, torres da Ancap (a petrolífera estatal, onde o pai do escritor foi diretor) e do vaivém de carros e caminhões na rodovia que margeia a vizinhança- encerra um mundo de fantasia, lirismo e, sobretudo, afetos.
O bairro, lugar de nascimento do ex-jogador Enzo Francescoli, foi o lar de Benedetti e de sua família na capital depois que saíram da interiorana Paso de los Toros, em 1924.
Ali, a casa em que moraram era humilde e cheirava "a jasmins", segundo o pai do autor, e "a ratos", de acordo com a mãe, como o autor descreve em "A Borra do Café".
Ficava próxima do parque do bairro, onde o escritor passava as tardes, local que serviu de cenário para uma de suas mais relembradas experiências de vida: a descoberta de um bêbado morto, em um dos esconderijos que usava com os amigos para brincar de mocinho e bandido.
A três quarteirões do parque Capurro estava a quadra do Club Lito, outro dos endereços permanentes da infância de Mario Benedetti, um apaixonado por futebol que, quando criança, jogava como goleiro.

Idas e vindas
Nessa época, Benedetti estudava no prestigiado Colegio y Liceo Alemán, na Ciudad Vieja. Entre os anos de 1938 e 1941, ainda estudante, o autor passou o tempo entre os dois lados do rio da Prata -Buenos Aires e Montevidéu.
A incursão de Benedetti ao mundo das palavras se deu em 1945, no extinto jornal "Marcha". Ele escrevia de seu escritório, na calle Rincón, a duas quadras da praça Independencia, no coração da cidade que sempre o inspirou. (DENISE MOTA)


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