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Imigração árabe dá sabor à cidade
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Estima-se que, em 1992, cem famílias árabes viviam em Campo
Grande. O número parece pequeno -a capital tem 662.534 habitantes-, mas a presença árabe é
marcante e pode ser apreciada,
com muito prazer, em armazéns e
restaurantes. Após percorrer um
pequeno roteiro gastronômico,
tem-se a certeza de que Campo
Grande é das Arábias.
A rua Sete de Setembro, no centro, concentra diversos desses armazéns. De quadra em quadra,
ondas perfumadas de zaatar (mistura de ervas usada como tempero) anunciam os sabores a serem
desvendados em cada uma das
portas que contam a história dessa imigração, iniciada em 1894,
quando o comerciante Amim
Scafe chegou à cidade.
A Confeitaria Árabe mistura armazém com restaurante. Nas prateleiras, há diversos produtos
com rótulos árabes, como tâmaras, arak e afins. Um narguilé pode ser comprado por R$ 200.
No balcão do bar, um desfile de
pastas frias não é de comer com
os olhos, mas, como dizem, quem
vê cara não vê coração.
"Homus", "baba-ghanuji", patê
de "chanclich" com tomatinhos e
cebola picada, quibe cru e outras
pastas frias convivem ao lado de
esfihas e quibes.
O ideal é ficar nas pastas frias
para fazer um pequeno lanche.
Embora o serviço não seja luxuoso -os pratos são de plástico no
melhor estilo piquenique-, a petisco vale a pena. Pegue um pacote de pão para acompanhar a seleção de pastas, vendidas por peso:
cada 100 g custa R$ 2.
Na mesma rua fica o Baba Rum,
um café cujos balcões estão recobertos de tabuleiros de doces árabes de comer de joelhos. A massa
folheada é crocante, a calda, no
ponto certo, e as castanhas (pistache, nozes e amêndoas), abundantes. As esfihas, vendidas em
bandejas, têm massa fina, e a carne é bem temperada.
Para uma refeição propriamente dita, a pedida é ir ao Litani (rua
Euclides da Cunha, 707; tel.: 0/
xx/67/324-9396) ou ao Arabian (r.
Sete de Setembro, 340, tel.: 0/xx/
67/321-6168). Para o segundo, é
preciso reservar mesas. O preço
do bufê de pastas é R$ 3 por 100 g.
O Litani fica na rua que pretende ser a Oscar Freire de Campo
Grande. Cheia de lojas de grife e
de decoração, a rua Mato Grosso
é, no entanto, como todas as locais, algumas faixas mais larga do
que sua musa paulistana. E achar
vagas ali não é tão desafiador como na rua de São Paulo.
O bufê custa R$ 19,90 por pessoa aos domingos e tem pastas,
saladas e pratos quentes. No menu à la carte, há o ótimo chich barak, capeletti de carne cozido na
coalhada, que é bem-feito, mas às
vezes pode vir com alho demais.
De sobremesa, não deixe de experimentar o malabie, um manjar
branco com água de rosas ou de
flor-de-laranjeira, coberto por
um geléia de damascos, digno dos
paladares de Sherazade.
(HL)
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