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Quintas ocupam arquibancadas de uvas
DA ENVIADA ESPECIAL
Touriga branca, touriga nacional, tinta roriz, tinta barroca, tinto
cão. Esses são alguns dos nomes
das uvas que crescem na região do
Douro e em todo o território português. Cabernet sauvignon, merlot e outros tipos franceses não
têm espaço nas plantações dali.
As uvas são cultivadas no vale
do Douro, a região demarcada
mais antiga do mundo. Em 1756,
o Alto Douro ganhou a exclusividade de produzir vinho do Porto.
O resto é vinho licoroso.
A região é tombada pela Unesco
como patrimônio da humanidade. Pode ser curioso uma plantação ser tombada, mas basta espiar
uma vez para ver que não se trata
de uma simples lavoura.
São quilômetros de plantações
em patamares como arquibancadas voltadas para o rio, que passa
vigoroso lá em baixo.
Esses patamares são feitos com
pedras do solo xistoso da região.
Para sustentar as paredes dos patamares, os agricultores fazem
muros encaixando as pedras que
tiram do solo. Datam dos séculos
3º e 4º os primeiros vestígios da
produção de vinho ali.
O passeio pelo Douro pode ser
feito de carro e de barco, a partir
do Porto. Caso queira ficar hospedado por ali, duas cidades oferecem estrutura hoteleira: Régua e
Pinhão, esta a capital do Douro.
No passeio, visite alguma quinta. Entre no site www.ivp.pt/pt/Turismo/turismo1.shtm, escolha
uma quinta e se informe sobre o
funcionamento. Há visitas guiadas simples, com degustação e
com almoço. Aos poucos, algumas quintas começam a aceitar
hóspedes.
O melhor mês do ano para conhecer a região é setembro, por
causa da vindima.
A vindima é a colheita. Quando
as uvas são colhidas, algumas vão
para as máquinas. Outras, as especiais, vão para a pisa.
Essas são deitadas em lagares. E
ali acontece a festa, que tem duas
partes: o corte da manta e a liberdade. Acordeão, órgão, guitarra e
músicos a postos: casais marcham, sincronizadamente, de um
extremo ao outro do lagar repleto
de uva. Isso acontece até que as
cascas tenham sido todas rompidas, e a isso dá-se o nome de corte
da manta. Depois, são tocadas
músicas de pimba, ou melhor, de
baile. E eles dançam sobre as uvas
por até quatro horas. Depois, essas uvas são coadas, prensadas,
decantadas, fermentadas. A elas é
adicionada a água ardente vínica,
que pausa a fermentação e faz
com que o vinho fique doce, já
que parte do açúcar não é fermentado, e licoroso. Então, elas descansam por um tempo em tonéis
de madeira velhos -para que
não fiquem com gosto de madeira- e são vendidas.
(HL)
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