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São Paulo, segunda-feira, 28 de julho de 2003

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TANGO ARGENTINO

Objetos pessoais do cantor podem ser vistos na casa onde ele viveu com a mãe no bairro de Abasto

Museu em Buenos Aires revive Gardel

DA ASSOCIATED PRESS

Como se fosse a imagem de um santo, uma mulher toca emocionada numa fotografia em preto-e-branco de Carlos Gardel (1890-1935). Ao seu lado um homem se comove ao contemplar um pedaço de roupa resgatado do avião que caiu na Colômbia e encerrou a carreira do compositor e cantor de tango há 68 anos.
Devotos ou não do emblemático "Moreno de Abasto" podem ver objetos inéditos de Gardel em uma antiga casa do tradicional bairro de Abasto, na qual o cantor morou entre 1927 e 1933, e que foi recentemente transformada no Museu Casa Carlos Gardel.
Em três salas que revivem a década de 30, há partituras originais, uma carta de amor de próprio punho, valises de couro com as quais Gardel percorria o mundo, fotos e discos. As peças foram cedidas por colecionadores privados.
Mais de meio século após sua morte, em 1935, em um acidente aéreo na cidade colombiana de Medellín, a voz de Gardel continua inconfundível e cativante.
"Desde pequeno eu era fanático por Gardel, e isso é a realização de um sonho. O museu é inesquecível", diz o cubano Roger Rojas, 84, na primeira visita à Argentina.
Discos e fotografias do cantor fazem parte do acervo do museu. Numa delas, o cantor posa ao lado de sua mãe, Berta Gardés. Há imagens pouco conhecidas, como uma em que Gardel está em traje de banho na praia, outra na escola primária, em 1907, e outra com seu cachorro Blanquito.
"Desde a inauguração, estamos surpresos pelas demonstrações de afeto das pessoas. Muitas deixam flores, outras choram ou tocam as fotos de Gardel, como se ele fosse um deus. Há um culto à sua pessoa", disse Horacio Torres, coordenador do museu.
Os objetos que despertam maior interesse do público são aqueles que se salvaram do acidente: um pedaço de roupa, um calçadeira de sapatos, alguns botões e um frasco, todos marcados com as iniciais CG.
O primeiro museu dedicado a Gardel na Argentina abriu as portas recentemente.
Na década de 40, a casa passou para as mãos do representante de Gardel, Almando Delfino. Depois de anos fechada, virou um casa de tango. Em 1998, foi adquirida por um empresário que a restaurou, doando-a para o governo da cidade de Buenos Aires para que se tornasse um museu.
Os responsáveis entraram em contato com colecionadores privados para a exposição de objetos do cantor. Segundo Torres, a tarefa não foi simples. "Foi complicado convencê-los. Primeiro tivemos que definir um preço e fazer seguro de todo o material."
Embora nada esteja à venda, as ofertas são abundantes. Os fanáticos por Gardel podem se conformar com um local anexo no qual se vendem produtos relacionados ao músico, como sabonetes, lenços, chapéus, óculos e cigarros, todos com as iniciais CG.

Ascendência
O local de nascimento do ídolo sempre foi um mistério. Os biógrafos dizem que Gardel teria nasceu em 1890, em Toulouse (França), com o nome de Charles Ronuyal Gardés. Ele teria chegado a Buenos Aires nos braços de sua mãe solteira aos três anos de idade. Outros afirmam que o mito do tango teria nascido na Província de Tacuarembó, no Uruguai.
De acordo com um recente artigo publicado na internet pelo boletim "Informe Uruguay", o cantor ainda pode ser italiano.
Segundo Fernando Manzoni, o autor do artigo, o sobrenome Gardel é italiano, da região de Friuli Venezi Giulia, no nordeste italiano, onde há 57 famílias com o mesmo sobrenome.


Museu Casa Carlos Gardel - Jean Jaurés, 735, bairro de Abasto; de segunda a sexta, das 11h às 18h; ingresso: 3 pesos


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