|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TANGO ARGENTINO
Objetos pessoais do cantor podem ser vistos na casa onde ele viveu com a mãe no bairro de Abasto
Museu em Buenos Aires revive Gardel
DA ASSOCIATED PRESS
Como se fosse a imagem de um
santo, uma mulher toca emocionada numa fotografia em preto-e-branco de Carlos Gardel (1890-1935). Ao seu lado um homem se
comove ao contemplar um pedaço de roupa resgatado do avião
que caiu na Colômbia e encerrou
a carreira do compositor e cantor
de tango há 68 anos.
Devotos ou não do emblemático "Moreno de Abasto" podem
ver objetos inéditos de Gardel em
uma antiga casa do tradicional
bairro de Abasto, na qual o cantor
morou entre 1927 e 1933, e que foi
recentemente transformada no
Museu Casa Carlos Gardel.
Em três salas que revivem a década de 30, há partituras originais,
uma carta de amor de próprio punho, valises de couro com as quais
Gardel percorria o mundo, fotos e
discos. As peças foram cedidas
por colecionadores privados.
Mais de meio século após sua
morte, em 1935, em um acidente
aéreo na cidade colombiana de
Medellín, a voz de Gardel continua inconfundível e cativante.
"Desde pequeno eu era fanático
por Gardel, e isso é a realização de
um sonho. O museu é inesquecível", diz o cubano Roger Rojas,
84, na primeira visita à Argentina.
Discos e fotografias do cantor
fazem parte do acervo do museu.
Numa delas, o cantor posa ao lado
de sua mãe, Berta Gardés. Há
imagens pouco conhecidas, como
uma em que Gardel está em traje
de banho na praia, outra na escola
primária, em 1907, e outra com
seu cachorro Blanquito.
"Desde a inauguração, estamos
surpresos pelas demonstrações
de afeto das pessoas. Muitas deixam flores, outras choram ou tocam as fotos de Gardel, como se
ele fosse um deus. Há um culto à
sua pessoa", disse Horacio Torres,
coordenador do museu.
Os objetos que despertam
maior interesse do público são
aqueles que se salvaram do acidente: um pedaço de roupa, um
calçadeira de sapatos, alguns botões e um frasco, todos marcados
com as iniciais CG.
O primeiro museu dedicado a
Gardel na Argentina abriu as portas recentemente.
Na década de 40, a casa passou
para as mãos do representante de
Gardel, Almando Delfino. Depois
de anos fechada, virou um casa de
tango. Em 1998, foi adquirida por
um empresário que a restaurou,
doando-a para o governo da cidade de Buenos Aires para que se
tornasse um museu.
Os responsáveis entraram em
contato com colecionadores privados para a exposição de objetos
do cantor. Segundo Torres, a tarefa não foi simples. "Foi complicado convencê-los. Primeiro tivemos que definir um preço e fazer
seguro de todo o material."
Embora nada esteja à venda, as
ofertas são abundantes. Os fanáticos por Gardel podem se conformar com um local anexo no qual
se vendem produtos relacionados
ao músico, como sabonetes, lenços, chapéus, óculos e cigarros,
todos com as iniciais CG.
Ascendência
O local de nascimento do ídolo
sempre foi um mistério. Os biógrafos dizem que Gardel teria nasceu em 1890, em Toulouse (França), com o nome de Charles Ronuyal Gardés. Ele teria chegado a
Buenos Aires nos braços de sua
mãe solteira aos três anos de idade. Outros afirmam que o mito do
tango teria nascido na Província
de Tacuarembó, no Uruguai.
De acordo com um recente artigo publicado na internet pelo boletim "Informe Uruguay", o cantor ainda pode ser italiano.
Segundo Fernando Manzoni, o
autor do artigo, o sobrenome
Gardel é italiano, da região de
Friuli Venezi Giulia, no nordeste
italiano, onde há 57 famílias com
o mesmo sobrenome.
Museu Casa Carlos Gardel - Jean Jaurés, 735, bairro de Abasto; de segunda a
sexta, das 11h às 18h; ingresso: 3 pesos
Texto Anterior: Lançamento: Guia ensina a apreciar três Estados Próximo Texto: Abasto deve virar marca cultural na Argentina Índice
|