São Paulo, quinta-feira, 28 de setembro de 2006

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Traçado pantaneiro

Barco leva a forte de tempos belicosos

O Coimbra fica a 14 km da tríplice fronteira e foi usado pelo Exército em conflito com Paraguai em 1864

DO ENVIADO ESPECIAL A CORUMBÁ (MS)

A primeira noite a bordo é recheada de bate-papo, petiscos e cerveja na popa ou no restaurante do barco. Enquanto isso, e durante as horas de sono, o barco segue em direção ao forte Coimbra, a cerca de 200 km de Corumbá, onde se chega de manhã bem cedo. O local fica a 14 km da tríplice fronteira (Brasil, Bolívia e Paraguai).
O desembarque não é imediato. Trata-se de uma área militar, administrada pela 3ª Companhia de Fronteira do Exército Brasileiro. Por isso, é preciso esperar o oficial responsável pelos turistas também chegar ao pequeno cais e que alguns soldados vistam os uniformes militares, modelo do século 18, apenas para decorar o pequeno museu do forte. O prédio começou a ser construído em 1775, pelo então capitão-general Luis de Albuquerque de Mello e Cáceres.
A função do forte era barrar o avanço espanhol para dentro das terras portuguesas, segundo o que fora delimitado Tratado de Tordesilhas.
Em 1801, houve a primeira tentativa de invasão, facilmente controlada pelas tropas de Ricardo Franco de Almeida Serra, segundo a versão oficial contada pelo capitão de Infantaria Jadilson Tadeu, que é também o guia do local. Porém, o principal evento da história do forte só ocorreu em 1864, durante a Guerra da Tríplice Aliança. O Paraguai queria tomar Corumbá e, para isso, mobilizou 6.000 homens contra apenas cem oficiais brasileiros. Mesmo assim, a resistência durou dois dias.
Conta-se que a mulher de Porto Carreiro, o então general responsável pelo forte, ordenou que fosse erguida a estátua de Nossa Senhora do Carmo na entrada do forte. A sorte foi que os paraguaios também eram devotos a ela e, por isso, deram vivas e suspenderam o fogo. Mas isso não evitou a ocupação do forte. Em seguida, as tropas de Carreiro recuaram para Corumbá, assim como as tropas paraguaias, que ocuparam a cidade de 1865 a 1867.
Hoje, o que se vê é um forte com uma fachada bem tratada, de pintura nova. Porém, a estrutura física do prédio não recebe os mesmos cuidados.

Desabamento
Algumas salas estão interditadas por causa de risco de desabamento. O desenho da construção é irregular, pois ela está instalada em um barranco nas margens do rio Paraguai. Há muitos canhões desativados no local, todos apontados às águas do rio Paraguai.
Junto ao forte, há uma pequena vila militar, onde vivem os oficiais e suas famílias. São cerca de 600 pessoas, metade militar e metade civil.
Na pequena igreja no centro da vila, permanece a estátua de Nossa Senhora do Carmo, a padroeira do destacamento desde o evento de 1864.
Há também um hotel de trânsito no local, utilizado principalmente por militares de passagem e onde é possível se hospedar, se houver disponibilidade e se o agendamento for feito com antecedência.
(LEONARDO WEN)


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