|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Traçado pantaneiro
Barco leva a forte de tempos belicosos
O Coimbra fica a 14 km da tríplice fronteira e foi usado pelo Exército em conflito com Paraguai em 1864
DO ENVIADO ESPECIAL A CORUMBÁ (MS)
A primeira noite a bordo é recheada de bate-papo, petiscos e
cerveja na popa ou no restaurante do barco. Enquanto isso,
e durante as horas de sono, o
barco segue em direção ao forte
Coimbra, a cerca de 200 km de
Corumbá, onde se chega de manhã bem cedo. O local fica a 14
km da tríplice fronteira (Brasil,
Bolívia e Paraguai).
O desembarque não é imediato. Trata-se de uma área militar, administrada pela 3ª
Companhia de Fronteira do
Exército Brasileiro. Por isso, é
preciso esperar o oficial responsável pelos turistas também chegar ao pequeno cais e
que alguns soldados vistam os
uniformes militares, modelo do
século 18, apenas para decorar
o pequeno museu do forte. O
prédio começou a ser construído em 1775, pelo então capitão-general Luis de Albuquerque
de Mello e Cáceres.
A função do forte era barrar o
avanço espanhol para dentro
das terras portuguesas, segundo o que fora delimitado Tratado de Tordesilhas.
Em 1801, houve a primeira
tentativa de invasão, facilmente controlada pelas tropas de
Ricardo Franco de Almeida
Serra, segundo a versão oficial
contada pelo capitão de Infantaria Jadilson Tadeu, que é
também o guia do local. Porém,
o principal evento da história
do forte só ocorreu em 1864,
durante a Guerra da Tríplice
Aliança. O Paraguai queria tomar Corumbá e, para isso, mobilizou 6.000 homens contra
apenas cem oficiais brasileiros.
Mesmo assim, a resistência durou dois dias.
Conta-se que a mulher de
Porto Carreiro, o então general
responsável pelo forte, ordenou que fosse erguida a estátua
de Nossa Senhora do Carmo na
entrada do forte. A sorte foi que
os paraguaios também eram
devotos a ela e, por isso, deram
vivas e suspenderam o fogo.
Mas isso não evitou a ocupação
do forte. Em seguida, as tropas
de Carreiro recuaram para Corumbá, assim como as tropas
paraguaias, que ocuparam a cidade de 1865 a 1867.
Hoje, o que se vê é um forte
com uma fachada bem tratada,
de pintura nova. Porém, a estrutura física do prédio não recebe os mesmos cuidados.
Desabamento
Algumas salas estão interditadas por causa de risco de desabamento. O desenho da construção é irregular, pois ela está
instalada em um barranco nas
margens do rio Paraguai. Há
muitos canhões desativados no
local, todos apontados às águas
do rio Paraguai.
Junto ao forte, há uma pequena vila militar, onde vivem
os oficiais e suas famílias. São
cerca de 600 pessoas, metade
militar e metade civil.
Na pequena igreja no centro
da vila, permanece a estátua de
Nossa Senhora do Carmo, a padroeira do destacamento desde
o evento de 1864.
Há também um hotel de
trânsito no local, utilizado
principalmente por militares
de passagem e onde é possível
se hospedar, se houver disponibilidade e se o agendamento for
feito com antecedência.
(LEONARDO WEN)
Texto Anterior: Veja em quais fazendas você pode se hospedar Próximo Texto: Traçado pantaneiro: Voadeiras passeiam pelos afluentes do rio Paraguai Índice
|