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TRAÇADO PANTANEIRO
Fauna desfila por estrada por onde passam comitivas
Turistas pegam jardineiras rumo às fazendas pantaneiras em caminho aberto no final do século 19
DO ENVIADO ESPECIAL A CORUMBÁ (MS)
Com 120 km de extensão, a
estrada Parque é uma veia
aberta no coração do Pantanal,
que passa por dentro das entranhas da natureza e liga dois
pontos da BR-262. Esse é um
caminho obrigatório para
quem quer chegar às fazendas
turísticas da região e fazer o safári fotográfico, aliás, um dos
pontos altos da viagem.
A bordo de jardineiras, percorrem-se os mais diversos tipos de paisagem e ecossistema,
e o viajante acaba assistindo ao
desfile da fauna pantaneira.
Construída sobre aterros e
com mais de 80 pontes pelas
quais escorrem as águas da
época de cheia, a estrada deveria ter condições de tráfego o
ano inteiro. Infelizmente, não é
o que acontece. Muitas vezes o
caminho fica intransitável por
causa dos alagamentos. Portanto, é recomendável visitá-la na
época da seca (de maio a setembro), justamente quando muitas espécies de animais conseguem chegar à região, principalmente os mamíferos.
A estrada foi construída pelo
marechal Cândido Rondon, no
final do século 19, para levar a
rede de telégrafos até Corumbá
e escoar a produção pecuária.
Hoje, são as comitivas de gado que dividem o espaço com as
jardineiras que levam os turistas para as fazendas da região.
As jardineiras buscam os visitantes que atracam na beira
do rio Paraguai e dali seguem
Pantanal adentro.
Durante o trajeto de 40 km
até a fazenda São João (leia na
pág. F9), é possível observar
com facilidade capivaras, jacarés, veados, cervos, ariranhas,
jaguatiricas, tatus, tamanduás,
além de diversas espécies de
pássaro: tuiuiús, araras-azuis,
tucanos e colhereiros.
O grande prêmio para o turista é conseguir ver uma onça.
Mas não se iluda com a jaguatirica, uma espécie muito parecida aos olhos leigos e que, para
agradar aos turistas, pode ser
declarada onça por algum guia
oportunista. Por ser menos conhecida, inclusive pelos guias
locais, a flora acaba sendo um
pouco deixada de lado.
A empolgação com essas primeiras descobertas da natureza pantaneira ameniza o trajeto
até a fazenda. O percurso demora cerca de duas horas para
ser completado, devido à baixa
velocidade do transporte e,
principalmente, ao tempo de
paradas para a observação e fotografia da fauna.
Na volta, no final da tarde, é
possível sentir o quanto a travessia pode ser cansativa. Por
isso, vale pernoitar em uma das
fazendas locais.
(LEONARDO WEN)
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