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Viola de cocho, fabricada seguindo superstições, dá o tom da música regional
DO ENVIADO ESPECIAL
Agripino Soares de Magalhães, 88, é a referência principal quando se trata de música regional. É uma das únicas
pessoas vivas aptas a construir artesanalmente uma
viola de cocho. Feito a partir
de um tronco de madeira inteiriço, esse é o principal instrumento usado no cururu e
no siriri -danças da região do
Pantanal. E é até tombado como patrimônio histórico.
O artesão tem oito filhos e
duas filhas, mas nenhum toca
o instrumento. Aposentando
como estivador, o músico diz
ter aprendido o ofício com o
avô e feito mais de 300 violas,
sempre seguindo os padrões e
as superstições que regem a
fabricação da viola de cocho.
Segundo ele, é necessário
que a árvore seja cortada na
lua minguante. Caso contrário, a madeira fica cheia de
brocas (furos). Depois de escavado em forma de viola, o
tronco recebe um tampo, o
cavalete, as tarraxas e as cinco
cordas. Tem cerca de 70 cm
por 25 cm, com 10 cm de espessura. Antes, as cordas
eram de tripas de animais, como bugio, bode e quati. A prática foi proibida, e hoje as cordas são de náilon mesmo.
O gosto com que Agripino
relata sua história de vida e
sua relação com o instrumento é contagiante. Mas sua dedicação à música tem também motivos materiais: "Eu
faço a viola de cocho para ajudar na minha estadia (sobrevivência). Porque eu sou aposentado pela estiva (como estivador), e aqui no Mato
Grosso do Sul, na cidade de
Corumbá, todos os aposentados ganham um vencimento
de passar fome. E eu não sou
acostumado a passar fome".
E faz o convite: "Quem vier
a Corumbá, não é difícil ir na
minha casa. Moro no bairro
da Cervejaria, avenida Dandão Júnior, número 90. Sou o
único cantador de cururu de
Corumbá. Tenho meus instrumentos para mostrar para
quem vem. E as crianças que
quiserem aprender, é só vir
aqui. Ou compra o disco ou eu
ensino como que dança, como que canta, como que faz.
Qualquer um que quiser
aprender, é só me procurar,
que eu ensino".
(LW)
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