São Paulo, segunda-feira, 28 de outubro de 2002

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Cuba: dúvidas rondam país caribenho

KATIA CALSAVARA
ENVIADA ESPECIAL A CUBA

A chegada a Havana é precedida, ainda no avião, por dúvidas e especulações sobre o que fazer na ilha ainda vermelha -e resistente- do Caribe. "Onde será que mora Fidel Castro?"; "É verdade que lá um médico ganha US$ 20 por mês?"; "Dólares são aceitos ou é preciso ter pesos cubanos?". Antes de ver as águas azul-esverdeadas de suas 300 praias, o turista se depara com a camiseta de Che Guevara e com o charuto Monte Cristo. Depois, toma um drinque e anda pelo Malecón, a avenida à beira-mar de Havana, de sete quilômetros de extensão. Imortalizado no documentário "Buena Vista Social Club", de Wim Wenders, o Malecón, onde circulam carrões dos anos 50, é palco de festas populares e religiosas e emoldura namoros. O horizonte de Havana é cênico por onde quer que se ande. Mas é ao falar de Havana Velha que os cubanos abrem um sorriso largo. "Esse lugar é uma maravilha", diz Madelin Gonzáles, 24. As ruas, estreitas, são cobertas de paralelepípedos e Havana Velha concentra prédios coloniais, palacetes que resistem ao tempo, às tempestades e à política. Esses prédios viraram restaurantes, lojas, hotéis e museus. Sentados nos degraus dos estabelecimentos ou de suas próprias casas, os habitantes do bairro - que recebeu da Unesco, em 1982, o título de Patrimônio Histórico da Humanidade- pedem dólares aos turistas, posando com charuto na boca e boina na cabeça. Surgem violeiros e alguns tocam "Garota de Ipanema". Nos restaurantes, a cena se repete. Cuba conquista estrangeiros, que se divertem com as piadas e com a simpatia dos nativos. No tradicional La Bodeguita del Medio, na rua Empedrado, você conhece o bar onde Ernest Hemingway (1898-1961) tomava mojito -bebida feita à base de rum, açúcar e hortelã. É também nesse local que os visitantes costumam deixar assinaturas nas paredes. Nobel de Literatura, autor de "O Velho e o Mar" e de "Adeus às Armas", Hemingway morou em Havana de 1938 a 1960. Na década de 30 se hospedava ocasionalmente no quarto 511 do hotel Ambos Mundos. Hoje aberta à visitação, a "habitación" de Hemingway guarda uma réplica do barco Pilar e sua máquina de escrever. A visita custa US$ 2. Ainda sem sair de Havana Velha, a visita ao Capitólio é fundamental. Ao lado do belíssimo Grande Teatro de Havana (antigo García Lorca), o prédio, de 1929, inspirado no de Washington, é sede da Academia de Ciências e do Museu de Ciências Naturais. Quanto às dúvidas do avião, não se preocupe, elas serão respondidas com o passar dos dias. E para não deixá-lo curioso demais: ninguém sabe ao certo onde vive o ditador; os altos salários giram mesmo em torno de U$ 20 mensais; e o dólar é aceito em quase todos os estabelecimentos.


Katia Calsavara viajou a convite da Copa Airlines e do Ministério do Turismo de Cuba

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