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Cuba: dúvidas rondam país caribenho
KATIA CALSAVARA
ENVIADA ESPECIAL A CUBA
A chegada a Havana é precedida, ainda no avião, por dúvidas e
especulações sobre o que fazer na
ilha ainda vermelha -e resistente- do Caribe. "Onde será que
mora Fidel Castro?"; "É verdade
que lá um médico ganha US$ 20
por mês?"; "Dólares são aceitos
ou é preciso ter pesos cubanos?".
Antes de ver as águas azul-esverdeadas de suas 300 praias, o turista se depara com a camiseta de
Che Guevara e com o charuto
Monte Cristo. Depois, toma um
drinque e anda pelo Malecón, a
avenida à beira-mar de Havana,
de sete quilômetros de extensão.
Imortalizado no documentário
"Buena Vista Social Club", de
Wim Wenders, o Malecón, onde
circulam carrões dos anos 50, é
palco de festas populares e religiosas e emoldura namoros.
O horizonte de Havana é cênico
por onde quer que se ande. Mas é
ao falar de Havana Velha que os
cubanos abrem um sorriso largo.
"Esse lugar é uma maravilha", diz
Madelin Gonzáles, 24.
As ruas, estreitas, são cobertas
de paralelepípedos e Havana Velha concentra prédios coloniais,
palacetes que resistem ao tempo,
às tempestades e à política. Esses
prédios viraram restaurantes, lojas, hotéis e museus.
Sentados nos degraus dos estabelecimentos ou de suas próprias
casas, os habitantes do bairro -
que recebeu da Unesco, em 1982,
o título de Patrimônio Histórico
da Humanidade- pedem dólares aos turistas, posando com
charuto na boca e boina na cabeça. Surgem violeiros e alguns tocam "Garota de Ipanema".
Nos restaurantes, a cena se repete. Cuba conquista estrangeiros, que se divertem com as piadas e com a simpatia dos nativos.
No tradicional La Bodeguita del
Medio, na rua Empedrado, você
conhece o bar onde Ernest Hemingway (1898-1961) tomava mojito -bebida feita à base de rum,
açúcar e hortelã. É também nesse
local que os visitantes costumam
deixar assinaturas nas paredes.
Nobel de Literatura, autor de "O
Velho e o Mar" e de "Adeus às Armas", Hemingway morou em Havana de 1938 a 1960. Na década de
30 se hospedava ocasionalmente
no quarto 511 do hotel Ambos
Mundos. Hoje aberta à visitação,
a "habitación" de Hemingway
guarda uma réplica do barco Pilar
e sua máquina de escrever. A visita custa US$ 2.
Ainda sem sair de Havana Velha, a visita ao Capitólio é fundamental. Ao lado do belíssimo
Grande Teatro de Havana (antigo
García Lorca), o prédio, de 1929,
inspirado no de Washington, é sede da Academia de Ciências e do
Museu de Ciências Naturais.
Quanto às dúvidas do avião,
não se preocupe, elas serão respondidas com o passar dos dias. E
para não deixá-lo curioso demais:
ninguém sabe ao certo onde vive
o ditador; os altos salários giram
mesmo em torno de U$ 20 mensais; e o dólar é aceito em quase
todos os estabelecimentos.
Katia Calsavara viajou a convite da Copa Airlines e do Ministério do Turismo de Cuba
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