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TERRA DE FRONTEIRAS
Capital da Extremadura tem casas e templos do século 15 a.C. e hoje usa teatro em festival clássico
Mérida explicita traços da vida romana
DO ENVIADO ESPECIAL À EXTREMADURA
Uma cidade na Espanha está
entre os melhores lugares do planeta para entender como era a vida no Império Romano. Os primeiros lugares são, naturalmente,
Roma e Pompéia, esta última preservada para a posteridade pelas
cinzas do Vesúvio. Mas Mérida,
na Extremadura, não fica muito
atrás em termos de atrações.
Em Mérida tem-se acesso a vários aspectos da vida romana. Há
casas, templos, circo, teatro, praticamente tudo o que era emblemático nessa civilização, que é uma
das bases do mundo ocidental.
O nome da cidade vem de Emérita Augusta, centro urbano criado pelo imperador Augusto em 15
a.C. para premiar alguns dos seus
mais bem-sucedidos e corajosos
soldados. Nessa região fértil se estabeleceram os veteranos de duas
legiões romanas, as unidades militares que forjaram um império
que se estendia da Escócia ao deserto do Saara, da Mesopotâmia
ao oceano Atlântico.
Mérida tornou-se a capital da
Província romana da Lusitânia,
nome que, apesar de hoje servir
de sinônimo para Portugal, naquela época incluía terras hoje espanholas da Extremadura. Mantendo a função de sede política, a
cidade é a capital da comunidade
autônoma da Extremadura.
Um dos melhores exemplos da
grandiosidade da arquitetura imperial é o Teatro Romano de Mérida. Ficou durante séculos enterrado; apenas algumas colunas
apareciam fora da terra. Foi bom,
pois isso ajudou a preservar a sua
estrutura fundamental e as estátuas que o decoravam.
Em julho e agosto é realizado no
teatro, com capacidade para 6.000
espectadores, e no vizinho anfiteatro, onde no passado podiam
se acomodar até 15 mil pessoas,
um festival de teatro clássico. O
local mantém ainda hoje características acústicas impecáveis.
O nome anfiteatro é auto-explicativo. "Anfi" exprime a idéia de
"duplo". Um anfiteatro é constituído pela junção de dois teatros
semicirculares. O círculo resultante servia para lutas de gladiadores e de animais ferozes. Quem
assistiu ao filme "O Gladiador"
deve lembrar que o personagem
principal morava na Hispânia.
Um pouco mais longe e não tão
bem preservado está o terceiro local de diversão da antiga Mérida,
um circo romano. Ali aconteciam
corridas de cavalos e de bigas.
Mérida também tinha templos.
Um deles é conhecido como templo de Diana, embora na verdade
fosse dedicado ao culto imperial.
Mas o nome errado pegou. Ao lado dele foi construído um palácio
moderno, que aproveita seus alicerces e suas colunas, criando um
conjunto no mínimo original.
Os romanos eram estupendos
engenheiros. Suas estradas, pontes e aquedutos se conservam em
boa parte da Europa, norte da
África e Oriente Médio. Mérida é
prova disso: aqui está a maior
ponte romana sobrevivente, com
quase 800 m. Ao lado dela, os árabes, já no século 9º, construíram
um recinto fortificado, ou alcazaba ("alcáçova", em português).
(RICARDO BONALUME NETO)
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