São Paulo, segunda-feira, 29 de julho de 2002

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TERRA DE FRONTEIRAS

Capital da Extremadura tem casas e templos do século 15 a.C. e hoje usa teatro em festival clássico

Mérida explicita traços da vida romana

DO ENVIADO ESPECIAL À EXTREMADURA

Uma cidade na Espanha está entre os melhores lugares do planeta para entender como era a vida no Império Romano. Os primeiros lugares são, naturalmente, Roma e Pompéia, esta última preservada para a posteridade pelas cinzas do Vesúvio. Mas Mérida, na Extremadura, não fica muito atrás em termos de atrações.
Em Mérida tem-se acesso a vários aspectos da vida romana. Há casas, templos, circo, teatro, praticamente tudo o que era emblemático nessa civilização, que é uma das bases do mundo ocidental.
O nome da cidade vem de Emérita Augusta, centro urbano criado pelo imperador Augusto em 15 a.C. para premiar alguns dos seus mais bem-sucedidos e corajosos soldados. Nessa região fértil se estabeleceram os veteranos de duas legiões romanas, as unidades militares que forjaram um império que se estendia da Escócia ao deserto do Saara, da Mesopotâmia ao oceano Atlântico.
Mérida tornou-se a capital da Província romana da Lusitânia, nome que, apesar de hoje servir de sinônimo para Portugal, naquela época incluía terras hoje espanholas da Extremadura. Mantendo a função de sede política, a cidade é a capital da comunidade autônoma da Extremadura.
Um dos melhores exemplos da grandiosidade da arquitetura imperial é o Teatro Romano de Mérida. Ficou durante séculos enterrado; apenas algumas colunas apareciam fora da terra. Foi bom, pois isso ajudou a preservar a sua estrutura fundamental e as estátuas que o decoravam.
Em julho e agosto é realizado no teatro, com capacidade para 6.000 espectadores, e no vizinho anfiteatro, onde no passado podiam se acomodar até 15 mil pessoas, um festival de teatro clássico. O local mantém ainda hoje características acústicas impecáveis.
O nome anfiteatro é auto-explicativo. "Anfi" exprime a idéia de "duplo". Um anfiteatro é constituído pela junção de dois teatros semicirculares. O círculo resultante servia para lutas de gladiadores e de animais ferozes. Quem assistiu ao filme "O Gladiador" deve lembrar que o personagem principal morava na Hispânia.
Um pouco mais longe e não tão bem preservado está o terceiro local de diversão da antiga Mérida, um circo romano. Ali aconteciam corridas de cavalos e de bigas.
Mérida também tinha templos. Um deles é conhecido como templo de Diana, embora na verdade fosse dedicado ao culto imperial. Mas o nome errado pegou. Ao lado dele foi construído um palácio moderno, que aproveita seus alicerces e suas colunas, criando um conjunto no mínimo original.
Os romanos eram estupendos engenheiros. Suas estradas, pontes e aquedutos se conservam em boa parte da Europa, norte da África e Oriente Médio. Mérida é prova disso: aqui está a maior ponte romana sobrevivente, com quase 800 m. Ao lado dela, os árabes, já no século 9º, construíram um recinto fortificado, ou alcazaba ("alcáçova", em português).
(RICARDO BONALUME NETO)


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