São Paulo, Segunda-feira, 29 de Novembro de 1999


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

NOVA ZELÂNDIA
Local recebe apenas 50 visitantes por dia
Ilha Kapiti protege pássaros lendários

do enviado à Nova Zelândia

Uma lenda maori conta que, no princípio dos tempos, o deus Maaui capturou o Sol para convencê-lo a cruzar o céu lentamente, fazendo com que os dias ficassem mais longos e o seu povo pudesse plantar, pescar e comer ainda com luz natural.
Durante o combate com o astro, que não queria atender aos desejos divinos, Maaui, sedento, pediu a um tieke que lhe trouxesse água. O pássaro negro ignorou a ordem e foi punido, arremessado para longe pelo deus. Ao toque das mãos quentes de Maaui, as penas do dorso do animal se queimaram e se tornaram marrons.
Hoje o tieke, ave típica da Nova Zelândia, está praticamente extinto no país, mas ainda pode ser visto na ilha Kapiti, um santuário de pássaros localizado 50 quilômetros ao norte de Wellington.
Com área de 1.965 hectares (pouco maior do que o arquipélago de Fernando de Noronha), é uma reserva natural que recebe turistas e pesquisadores interessados em saber mais sobre os pássaros nativos.

Pássaros sociáveis
Monitorados por guias ou sozinhos, os visitantes percorrem as três trilhas que desbravam a parte central de Kapiti em caminhadas que podem chegar a três horas e meia (como a que leva ao topo da ilha).
Mas não é preciso muito esforço para ver aves como o takahe, de plumagem azul e verde e pouco menor que um pavão, ou o weka, de plumagem marrom e cinza. Ambas passam a maior parte do tempo no chão e toleram a aproximação de humanos.
"São pássaros muito sociáveis e que às vezes até tentam roubar comida dos turistas", afirma o guia John Barritt, que vive na região há cerca de 40 anos.
Ele conta que o número de pássaros na ilha cresceu cerca de 30% nesta década. O aumento da população de aves ocorreu principalmente após 1996, quando Kapiti passou por um processo de desratização.
Com o fim dos ratos, foram eliminados os últimos predadores naturais das aves.

Entrada restrita
O cuidado com os animais se reflete no acesso à ilha. Todas as bolsas dos turistas são revistadas antes do início do passeio, às 9h30, quando uma lancha deixa a costa levando visitantes.
"É o mínimo que podemos fazer para evitar roedores", diz Barritt. Na ilha, é proibido fumar ou deixar no local os restos de qualquer tipo de alimento, e todos os turistas precisam de uma autorização de entrada.
Essa permissão é obtida com as duas únicas companhias com aval do governo para organizar passeios na reserva.
Tanto a Kapiti Tours quanto a Kapiti Marine Charter organizam programas diários que incluem transporte (ida e volta), palestra introdutória, caminhadas monitoradas e a autorização de entrada, por cerca de NZ$ 30.
Os visitantes devem levar seus próprios alimentos. As roupas devem ser confortáveis, e é bom ter uma jaqueta à mão, pois o vento é constante na ilha.
Convém fazer reservas com as operadoras, já que apenas 50 visitantes podem entrar em Kapiti por dia.
Em tempo: segundo a lenda, o deus maori Maaui venceu o embate contra o Sol e obrigou o astro a se movimentar mais devagar. Foi ajudado por um kokako, corvo azul que lhe trouxe água e hoje pode ser visto na ilha Kapiti.
(LEONARDO CRUZ)

Texto Anterior: Capital é o coração cultural do país
Próximo Texto: Te Papa mescla museu e parque temático
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.