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NOVA ZELÂNDIA
Local recebe apenas 50 visitantes por dia
Ilha Kapiti protege pássaros lendários
do enviado à Nova Zelândia
Uma lenda maori conta que, no
princípio dos tempos, o deus
Maaui capturou o Sol para convencê-lo a cruzar o céu lentamente, fazendo com que os dias ficassem mais longos e o seu povo pudesse plantar, pescar e comer ainda com luz natural.
Durante o combate com o astro,
que não queria atender aos desejos divinos, Maaui, sedento, pediu
a um tieke que lhe trouxesse água.
O pássaro negro ignorou a ordem
e foi punido, arremessado para
longe pelo deus. Ao toque das
mãos quentes de Maaui, as penas
do dorso do animal se queimaram e se tornaram marrons.
Hoje o tieke, ave típica da Nova
Zelândia, está praticamente extinto no país, mas ainda pode ser visto na ilha Kapiti, um santuário de
pássaros localizado 50 quilômetros ao norte de Wellington.
Com área de 1.965 hectares
(pouco maior do que o arquipélago de Fernando de Noronha), é
uma reserva natural que recebe
turistas e pesquisadores interessados em saber mais sobre os pássaros nativos.
Pássaros sociáveis
Monitorados por guias ou sozinhos, os visitantes percorrem as
três trilhas que desbravam a parte
central de Kapiti em caminhadas
que podem chegar a três horas e
meia (como a que leva ao topo da
ilha).
Mas não é preciso muito esforço
para ver aves como o takahe, de
plumagem azul e verde e pouco
menor que um pavão, ou o weka,
de plumagem marrom e cinza.
Ambas passam a maior parte do
tempo no chão e toleram a aproximação de humanos.
"São pássaros muito sociáveis e
que às vezes até tentam roubar
comida dos turistas", afirma o
guia John Barritt, que vive na região há cerca de 40 anos.
Ele conta que o número de pássaros na ilha cresceu cerca de 30%
nesta década. O aumento da população de aves ocorreu principalmente após 1996, quando Kapiti passou por um processo de
desratização.
Com o fim dos ratos, foram eliminados os últimos predadores
naturais das aves.
Entrada restrita
O cuidado com os animais se reflete no acesso à ilha. Todas as
bolsas dos turistas são revistadas
antes do início do passeio, às
9h30, quando uma lancha deixa a
costa levando visitantes.
"É o mínimo que podemos fazer para evitar roedores", diz Barritt. Na ilha, é proibido fumar ou
deixar no local os restos de qualquer tipo de alimento, e todos os
turistas precisam de uma autorização de entrada.
Essa permissão é obtida com as
duas únicas companhias com aval
do governo para organizar passeios na reserva.
Tanto a Kapiti Tours quanto a
Kapiti Marine Charter organizam
programas diários que incluem
transporte (ida e volta), palestra
introdutória, caminhadas monitoradas e a autorização de entrada, por cerca de NZ$ 30.
Os visitantes devem levar seus
próprios alimentos. As roupas devem ser confortáveis, e é bom ter
uma jaqueta à mão, pois o vento é
constante na ilha.
Convém fazer reservas com as
operadoras, já que apenas 50 visitantes podem entrar em Kapiti
por dia.
Em tempo: segundo a lenda, o
deus maori Maaui venceu o embate contra o Sol e obrigou o astro
a se movimentar mais devagar.
Foi ajudado por um kokako, corvo azul que lhe trouxe água e hoje
pode ser visto na ilha Kapiti.
(LEONARDO CRUZ)
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