São Paulo, Segunda-feira, 29 de Novembro de 1999


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TÚNEL DO TEMPO
Cidade fica bem no meio da Rio-Santos
Edifícios de Parati têm "o nosso estilo"

SILVIO CIOFFI
Editor de Turismo

Os mapas situam Parati a 330 km de São Paulo e a 280 km do Rio, bem no meio da BR-101, também chamada de rodovia Rio-Santos. Mas não registram que a cidade onde, segundo Lúcio Costa (1902-1998), "os caminhos do mar e da terra se entrosam" é ponto de partida para uma viagem, de férias, pelo tempo.
Cortada pelo rio Perequê-Açu, envolvida pela serra e pelo mar, Parati encerra um centro repleto de igrejas e sobradões coloniais dos séculos 18 e 19, num estilo que Lúcio Costa chamou de "o nosso estilo". Mas, se Costa costumava enaltecer a arquitetura paratiense, Oscar Niemeyer, seu parceiro na criação do Plano Piloto de Brasília, declarou não gostar das "ruas cheias de pedras, casas iguais e hotéis metidos numas delas".
Polêmica à parte, nas 14 ruas calçadas com pedras irregulares compreendidas pelo tombamento, os carros não transitam -e a cidade mais parece um cenário.
Foi por isso escolhida pelo diretor Bruno Barreto, em 1982, para as filmagens de "Gabriela, Cravo e Canela", estrelado por Marcello Mastroianni e Sonia Braga. E, até pouco antes de morrer, em dezembro de 96, o ator italiano importava de lá garrafas de cachaça.
Palavra tupi que o "Aurélio" registra como nome de peixe e sinônimo de aguardente, Parati é famosa pelos alambiques e engenhos, como o da fazenda Murycana, remanescente dos 200 engenhos que lá existiram no século 18. Até hoje lá existem pingas com nomes sugestivos -Vamos Nessa, Corisco e Maré Alta-, que dividem a preferência dos boêmios.
Tudo indica que a cidade herdou o nome de sua situação geográfica. Localizada num lagamar, Parati parece ser um nome cunhado pela aglutinação de "para" ou "paranã", que quer dizer "mar", com "iuti", cujo significado é "o que não é", e "i", termo indígena que designa água doce.
A origem dessa cidade-museu também é algo nebulosa. Por mais que seu nome tenha múltiplos significados, Parati é, sem medo de errar, sinônimo de lua-de-mel, de passeio de escuna e mergulho submarino, de boa mesa -e, sobretudo, de deleite de um expressivo núcleo urbano colonial que o tempo e o progresso não foram capazes de destruir.


Silvio Cioffi viajou a convite da Prefeitura Municipal de Paraty e da TurisRio


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