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Filho de ex-caçador de baleias leva os turistas para vê-las
Última caça ocorreu em 1973, antes que os animais
sumissem da área, voltando apenas dez anos depois
Apesar de proibida na
década de 1930, caça às
francas ocorria em SC;
gordura dos animais era
transformada em óleo
DA ENVIADA A SANTA CATARINA
"Fui caçador de baleias,
assim como meu pai", conta,
sem orgulho algum, o pescador Joaquim dos Santos, 70.
"Caçava para sobreviver, era
uma vida muito difícil."
Infelizmente, não se trata
de história de pescador. Proibida na década de 1930, a caça às baleias-francas ocorria
em todo o litoral de Santa Catarina. Nos anos 1960, multiplicaram-se as chamadas armações baleeiras, onde se fabricavam produtos da caça.
A espessa camada de gordura da baleia-franca era
derretida e transformada em
óleo, usado para iluminação,
lubrificação e, segundo a lenda, para a construção de casas. As barbatanas viravam
espartilhos.
A franca é presa fácil desde o nome. Ele vem do inglês
(right whale); ela seria a baleia certa para caçar. Dócil e
costeira, é facilmente alcançada. Em 1973, foi caçada a
última franca, na armação de
Imbituba. Cientes do perigo,
elas sumiram da região.
Só voltaram a visitar águas
brasileiras cerca de dez anos
depois, quando a indústria
baleeira já havia falido, e as
armações, fechado as portas.
Hoje, o espetáculo das baleias pode ser observado pelos 24 netos de Joaquim. Um
de seus 12 filhos trabalha há
nove anos com turismo de
observação. Trata-se do capitão Denis, que nos acompanhou na avistagem de baleias. "É um trabalho lindo",
derrete-se seu pai.
"Mas ainda tenho baleia
dentro de casa. Quer ver?" E
seu Joaquim exibe, com sorriso maroto, a baleia de resina que enfeita sua sala.
(GABRIELLA MANCINI)
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