São Paulo, quinta-feira, 30 de setembro de 2010

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Filho de ex-caçador de baleias leva os turistas para vê-las

Última caça ocorreu em 1973, antes que os animais sumissem da área, voltando apenas dez anos depois

Apesar de proibida na década de 1930, caça às francas ocorria em SC; gordura dos animais era transformada em óleo

DA ENVIADA A SANTA CATARINA

"Fui caçador de baleias, assim como meu pai", conta, sem orgulho algum, o pescador Joaquim dos Santos, 70. "Caçava para sobreviver, era uma vida muito difícil."
Infelizmente, não se trata de história de pescador. Proibida na década de 1930, a caça às baleias-francas ocorria em todo o litoral de Santa Catarina. Nos anos 1960, multiplicaram-se as chamadas armações baleeiras, onde se fabricavam produtos da caça.
A espessa camada de gordura da baleia-franca era derretida e transformada em óleo, usado para iluminação, lubrificação e, segundo a lenda, para a construção de casas. As barbatanas viravam espartilhos.
A franca é presa fácil desde o nome. Ele vem do inglês (right whale); ela seria a baleia certa para caçar. Dócil e costeira, é facilmente alcançada. Em 1973, foi caçada a última franca, na armação de Imbituba. Cientes do perigo, elas sumiram da região.
Só voltaram a visitar águas brasileiras cerca de dez anos depois, quando a indústria baleeira já havia falido, e as armações, fechado as portas.
Hoje, o espetáculo das baleias pode ser observado pelos 24 netos de Joaquim. Um de seus 12 filhos trabalha há nove anos com turismo de observação. Trata-se do capitão Denis, que nos acompanhou na avistagem de baleias. "É um trabalho lindo", derrete-se seu pai.
"Mas ainda tenho baleia dentro de casa. Quer ver?" E seu Joaquim exibe, com sorriso maroto, a baleia de resina que enfeita sua sala.
(GABRIELLA MANCINI)


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