Imensidão de luminosos e de placas feéricas chocaria o prefeito no seu combate à poluição visual em SP

DA ENVIADA ESPECIAL

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que empreende na capital paulista um projeto de combate à poluição visual, ficaria horrorizado com a quantidade de luminosos em Xangai. Especialmente com a profusão deles na Nanjing Road, avenida que liga o Bund à praça do Povo e cujo acesso de carros é restrito à parte mais próxima à praça.
Ícones ocidentais, como McDonald's e Coca-Cola, se misturam aos tradicionais ideogramas, numa espécie de remake da Broadway nova-iorquina. De sex shop a livraria, há um pouco de tudo por ali.
Uma loja temática das Olimpíadas 2008, que serão sediadas em Pequim, já vende camisetas, mascotes de pelúcia e outros artigos olímpicos.
Mais adiante, uma loja de discos surpreendentemente traz estantes de fitas cassete, a maioria de artistas locais. CDs de artistas estrangeiros são, de modo geral, mais baratos do que no Brasil -o mesmo vale para os DVDs. Entre os artistas brasileiros, escassos na loja, foi possível encontrar um CD da cantora Mônica Salmaso.
No andar de cima, uma seção da livraria é dedicada a obras em inglês, fatia bem minguada se comparada ao tamanho do catálogo em chinês, com adaptações de livros famosos no Ocidente, como "O Poderoso Chefão" e "O Código da Vinci".
Tão curiosas quanto as prateleiras das livrarias são as dos mercados, que trazem tanto rótulos de marcas mundialmente conhecidas, como a do sabão em pó Omo, quanto de produtos locais. Essas são freqüentemente acompanhadas de fotos de seus garotos-propaganda, alguns em poses dramáticas, além das que já trazem o logotipo das próximas Olimpíadas.
No final da Nanjing Road está a praça do Povo, um complexo a céu aberto que reúne alguns pontos importantes da cidade, como a prefeitura, o Grande Teatro (onde está em cartaz o musical "Mamma Mia", inspirado em canções do grupo sueco Abba) e o museu de Xangai, com acervo de peças da Antigüidade, como coleções de cerâmica, bronze, pintura, caligrafia e selos.
Há ainda o Parque do Povo, com jardins impecáveis, e uma área dedicada a explicar o planejamento urbano da cidade, com uma maquete que traz as mudanças previstas até 2020.
Perto dali está o prédio que serviu para que Tom Cruise, na pele do agente secreto Ethan Hunt, protagonizasse cenas de perseguição do filme "Missão Impossível 3", que contou com locações na cidade.

Novo e velho
Essa faceta da invasão ocidental contrasta com o lado tradicional de Xangai, que sobrevive principalmente na cidade velha, no centro. Trata-se de uma área repleta de construções com arquitetura antiga e que, até o início do século 20, era cercada por uma muralha de quase 5 km de extensão.
Hoje, é difícil saber o que é original de períodos anteriores e o que foi erguido depois -há quem diga que a maior parte dos prédios foi reconstruída.
Seja como for, o visual impressiona. No meio das belezas arquitetônicas, artistas de rua e um sem-fim de lojas e quiosques, vendendo de suvenires a eletrônicos, tentam seduzir os visitantes -a área é uma das maiores concentrações de turistas ocidentais da cidade.

Árvore dos Desejos
No meio do caminho, uma árvore faz as vezes de poço dos desejos. Visitantes compram fitas vermelhas com pequenos pesos nas pontas. Ao serem arremessadas, as fitas se enrolam nos galhos, deixando os pedidos voando ao sabor do vento.
Na região também estão os jardins Yuyan, erguidos na dinastia Ming, por volta do ano de 1559. Os pavilhões preservam o estilo da época e são interligados por pontes, que cruzam os lagos que os cercam. Na água, grupos de carpas nadam de um lado a outro. Dizem que esses símbolos de prosperidade chegam a viver 120 anos.
Sobre o muro que envolve os jardins, outro animal de forte apelo simbólico: o dragão. Com cara de cavalo, corpo de serpente, escamas de carpa, garras de águia e olhos de boi, sua cauda percorre o topo do muro enquanto sua bocarra aberta guarda a entrada.
(MARIANA BARROS)


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