São Paulo, quinta-feira, 31 de maio de 2007

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Imigrantes moldaram cidade que é parceira de São Paulo desde 1988

DA ENVIADA ESPECIAL A XANGAI

A mistura de ambulantes, pedintes, carroças empurradas transportando mercadorias e trânsito caótico não causam espanto aos brasileiros, principalmente aos paulistanos, bastante acostumados a lidar com cenário semelhante.
Xangai e São Paulo, cidades parceiras, ou irmãs, desde 1988, se parecem de certa forma: superpopulosas e cosmopolitas, são as maiores cidades de seus países -a região metropolitana de Xangai tem cerca de 16 milhões de habitantes- e abrigam variada gama de imigrantes.
No caso da metrópole chinesa, a entrada de estrangeiros foi impulsionada por suas características geográficas.
Banhada pelo rio Huang-pu e próxima ao mar, Xangai nasceu com vocação portuária, o que já contribui para o ingresso de estrangeiros. É atualmente dona de um dos maiores portos do mundo. Fatores históricos, como a derrota da China para o Reino Unido nas guerras do ópio do século 19, contribuíram para aumentar a entrada de imigrantes.
Como resultado da derrota, a China se viu obrigada a abrir seus portos ao comércio exterior -o xangaiense foi o primeiro deles- e a fazer concessões territoriais.
Em Xangai, a França, o Reino Unido e os EUA tinham áreas onde gozavam de direitos especiais. A região da concessão francesa, dona de uma arquitetura européia bastante peculiar, vale uma visita.
Anos depois, na época da Revolução Russa de 1917, a cidade recebeu ainda mais imigrantes: refugiados russos, especialmente membros da monarquia, encontraram em Xangai um abrigo da perseguição revolucionária. Mulheres da realeza russa acabaram se prostituindo para ganhar algum dinheiro.
Até hoje a oferta de sexo é comum na cidade. Em bares e casas noturnas freqüentados por ocidentais e nas ruas mais movimentadas, como a Nanjing Road, mulheres se insinuam e não raramente abordam homens oferecendo seus serviços.
Já durante a Segunda Guerra (1939-45), foi a vez de os europeus migrarem para Xangai, sobretudo a comunidade judaica, que fugia da perseguição nazista. Apesar de terem sido confinados em guetos, os judeus nunca foram deportados da cidade, em boa parte por conta de pressões do governo japonês.
Os japoneses, outra influência que se faz notar na cidade, ocuparam Xangai durante a guerra sino-japonesa (1937 e 1945), deixando uma série de ressentimentos arraigados. Em memória desse período, foi erguido um obelisco batizado de monumento antijaponês, no canto esquerdo do Bund.
(MB)


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