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Imigrantes moldaram cidade que é parceira de São Paulo desde 1988
DA ENVIADA ESPECIAL A XANGAI
A mistura de ambulantes, pedintes, carroças empurradas
transportando mercadorias e
trânsito caótico não causam espanto aos brasileiros, principalmente aos paulistanos, bastante acostumados a lidar com
cenário semelhante.
Xangai e São Paulo, cidades
parceiras, ou irmãs, desde 1988,
se parecem de certa forma: superpopulosas e cosmopolitas,
são as maiores cidades de seus
países -a região metropolitana
de Xangai tem cerca de 16 milhões de habitantes- e abrigam
variada gama de imigrantes.
No caso da metrópole chinesa, a entrada de estrangeiros foi
impulsionada por suas características geográficas.
Banhada pelo rio Huang-pu e
próxima ao mar, Xangai nasceu
com vocação portuária, o que já
contribui para o ingresso de estrangeiros. É atualmente dona
de um dos maiores portos do
mundo. Fatores históricos, como a derrota da China para o
Reino Unido nas guerras do
ópio do século 19, contribuíram
para aumentar a entrada de
imigrantes.
Como resultado da derrota, a
China se viu obrigada a abrir
seus portos ao comércio exterior -o xangaiense foi o primeiro deles- e a fazer concessões territoriais.
Em Xangai, a França, o Reino
Unido e os EUA tinham áreas
onde gozavam de direitos especiais. A região da concessão
francesa, dona de uma arquitetura européia bastante peculiar, vale uma visita.
Anos depois, na época da Revolução Russa de 1917, a cidade
recebeu ainda mais imigrantes:
refugiados russos, especialmente membros da monarquia, encontraram em Xangai
um abrigo da perseguição revolucionária. Mulheres da realeza
russa acabaram se prostituindo
para ganhar algum dinheiro.
Até hoje a oferta de sexo é comum na cidade. Em bares e casas noturnas freqüentados por
ocidentais e nas ruas mais movimentadas, como a Nanjing
Road, mulheres se insinuam e
não raramente abordam homens oferecendo seus serviços.
Já durante a Segunda Guerra
(1939-45), foi a vez de os europeus migrarem para Xangai, sobretudo a comunidade judaica,
que fugia da perseguição nazista. Apesar de terem sido confinados em guetos, os judeus
nunca foram deportados da cidade, em boa parte por conta de
pressões do governo japonês.
Os japoneses, outra influência que se faz notar na cidade,
ocuparam Xangai durante a
guerra sino-japonesa (1937 e
1945), deixando uma série de
ressentimentos arraigados. Em
memória desse período, foi erguido um obelisco batizado de
monumento antijaponês, no
canto esquerdo do Bund.
(MB)
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