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mercadões
Campineiros vão às compras para fazer e para rever amigos
TEM ATÉ FUMO DE ROLO Em espaço equivalente a um campo de futebol, dá para gastar a sola entre os 143 boxes
ANDRÉ JULIÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM CAMPINAS
Os fãs do Mercado Municipal
de Campinas preferem o lugar
aos hiper ou supermercados
por uma razão muito simples e,
em certo sentido, atraente: lá,
eles são tratados como amigos,
não como meros clientes.
É no mais antigo centro de
compras de Campinas -que foi
inaugurado há quase cem anos,
em 1908- que amigos de longa
data se encontram. Eles se espalham pelos 7.000 m2 do mercadão (tamanho equivalente a
um campo de futebol) e seus
143 boxes (98 no prédio central
e 45 na parte externa). Os números são da Setec (Serviços
Técnicos Gerais), autarquia
que administra o lugar.
Isso sem dizer que é só no
mercadão que ainda é possível
se deparar com produtos como
o fumo de rolo (R$ 50 o quilo) e
a palha para cigarro (R$ 1 o pacote com 20 unidades).
No meio dessa enorme diversidade de produtos também há
material para pesca, peixes ornamentais, artigos religiosos,
queijos, doces, carnes e peixes.
O advogado Roberto José de
Oliveira, 56, conhecido no mercadão como Manguaça, freqüenta o lugar quase diariamente há 30 anos. Além de fazer compras para sua casa, ele
vai até lá para apreciar a iguaria
considerada entre os freqüentadores uma verdadeira pérola
gastronômica. "O pastel é maravilhoso. Às vezes eu venho só
para almoçar essa delícia", diz.
O melhor da cidade, segundo
ele, fica no Bar e Lanchonete
do Tio, no boxe 111, que está há
oito anos sob administração de
Rafael Donizete Silva, 24. O líder de vendas é o que leva recheio de bacalhau (R$ 3). Silva
não alardeia o peso do produto,
como fazem outros vendedores
de pastel, mas garante que o
dele é "bem servido". Manguaça assina embaixo.
Além de seu preferido, com
bacalhau, no Bar e Lanchonete
do Tio tem também o pastel de
carne (R$ 1,50), o de pizza e o
de frango (ambos R$ 2) e os bolinhos de bacalhau (2,50) e de
carne seca (R$ 2). Entre as cervejas, sempre geladas, tem Antártica (R$ 2,30), Brahma, Skol
(2,70) e Brahma Extra (3,50).
Mas o que mais leva clientes ao
mercadão é a grande variedade
de "secos e molhados" e de frutas, legumes e verduras frescos.
Aos finais de semana, o número de visitantes chega a
4.000 pessoas. Na véspera de
datas comemorativas, como
Páscoa e Dia das Mães, o público chega a 10 mil. Um dos que
comemoram essas ocasiões é
José Antônio Peres, 50, o Toni.
Há 33 anos ele vende frios, bacalhau e temperos no boxe 68.
No negócio herdado do pai,
Toni toca com a mulher, Eloísa
Bandiera Peres, 50, o Feijoada
Brasileira. Lá, o cliente -quer
dizer, o amigo- encontra diferentes tipos de carne seca (de
R$ 6, a ponta de agulha, a R$
11,50, a de coxão mole), bacon
(de R$ 6 a R$ 16) e azeites (R$
10 o mais barato, 18,50 o extravirgem), além da pimenta (R$
7,50 o litro) e de um item que,
garante, só é encontrado por
ali: o arenque defumado (R$ 35
o quilo), um peixe norueguês
muito apreciado em Portugal e
na Itália, que pode ser servido
como um delicioso tira-gosto.
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