|
Próximo Texto | Índice
ROTA LAICO-RELIGIOSA
Viagem a Santiago extrapola a face da introspecção
Além do resgate espiritual, "peregrinos modernos" trilham segredos da gastronomia, cultura e história
CAROLINA VILA-NOVA
ENVIADA ESPECIAL À ESPANHA
Longas caminhadas, solidão,
meditação, busca espiritual,
aventura. Essas são as palavras
que mais vêm à mente quando
se fala em percorrer o caminho
de Santiago de Compostela.
Mas -talvez para o desagrado
dos puristas-, um número expressivo de pessoas vêm se
aventurando na famosa rota
dos peregrinos unicamente para explorar os museus, a culinária, as vinícolas e os monumentos históricos que a compõem.
Não se tem registro preciso
de quando os peregrinos começaram a seguir essa rota marcada pela Via Láctea para ver o Sol
morrer no oceano Atlântico.
Mas foi a partir da descoberta da tumba do apóstolo são
Tiago na atual Santiago de
Compostela, no século 9º, que
sua popularização ganhou impulso. Alguns historiadores o
consideram uma coluna vertebral da unidade cultural européia: os caminhantes partiam
de lugares que hoje são Suécia,
Holanda, Reino Unido em rotas
distintas que confluíam até a
França, para então chegar à Galícia como uma única corrente.
É célebre a frase do escritor alemão Johann Wolfgang Goethe
(1749-1832): "a Europa foi feita
peregrinando a Compostela".
O auge da peregrinação a
Santiago foi nos séculos 11 e 12.
Para muitos, a viagem era de
ida e de volta: o caminho da vinda, o do pecado; o da volta, o da
purificação. Em 1135, o papa
Calixto 2º incumbiu o frade Aimeric Picaud de escrever uma
obra sobre o Caminho. Um dos
cinco volumes acabou se tornando o primeiro guia pormenorizado sobre a peregrinação.
No século 16, a peregrinação
começou a enfraquecer e portas se fecharam. Além disso,
viajantes dos países que passaram pela Reforma Protestante
deixaram de peregrinar.
Somente no século 20 o caminho foi resgatado. Segundo
dados da Arquidiocese de Santiago, em 2005 houve 93.924
peregrinos cadastrados (que fizeram pelo menos os últimos
100 km a pé ou a cavalo ou 200
km de bicicleta). Não há dados
sobre o número de peregrinos
brasileiros em 2005, mas em
2004 eles foram 1.439.
Em 1987, o caminho foi declarado o Primeiro Itinerário
Europeu pelo Conselho da Europa e em 1993, e Patrimônio
da Humanidade pela Unesco.
Os picos de peregrinação de
meados dos anos 80 até hoje foram 1999 e 2004. A peregrinação aumenta a cada Ano Santo
Jacobeo: quando o dia de são
Tiago (25 de julho) cai em um
domingo. O próximo é 2010.
Carolina Vila-Nova viajou a convite do Centro
Oficial de Turismo Espanhol e da companhia aérea Iberia
Próximo Texto: Pacotes para Santiago de Compostela Índice
|