São Paulo, quinta-feira, 31 de agosto de 2006

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ROTA LAICO-RELIGIOSA

Energia e calma resumem vida à moda riojana

Mais antiga zona vinícola da Espanha reúne mais de 500 bodegas e tem até museu sobre a bebida

DA ENVIADA ESPECIAL À ESPANHA

Os locais dizem: "Vivir a la riojana", viver à moda riojana.
Desfrutar a vida com energia mas com calma, tomando-a com leveza e com bom humor. E sempre disposto a celebrar com uma boa taça de vinho.
Além de central na história do caminho de Santiago, a região da Rioja abriga a zona vinícola mais conhecida da Espanha, fruto de uma tradição conservada desde a Idade Média, nos monastérios.
A cultura do vinho rega toda a região, e, assim como os bilbaínos, os riojanos são adeptos do "chiqueteo".
Na capital Logroño, porta de entrada para o peregrino na Rioja, o lugar por excelência para o "chiqueteo" e para experimentar as especialidades gastronômicas regionais -os champignons, os pimentões e os embutidos- é a rua Laurel.
Em 1898, havia apenas cinco bodegas registradas na região. Nos anos 70, esse número passou para 30 e, hoje, já são mais de 500 bodegas com a denominação da Rioja, que mesclam métodos de elaboração tradicionais e técnicas modernas.
Destas, mais de 50 bodegas estão abertas para visitação turística, 20 são centenárias e seis oferecem cursos de degustação. As mais antigas e famosas ficam na região de Haro, mas há importantes bodegas também em Navarrete.
Uma delas é a Adega Corral, que homenageia Santiago e o caminho com seu vinho chamado Don Jacobo. Produz ainda um vinho de autor, o Altos de Corral, 100% tempranillo e com vinhas cultivadas a 600 metros de altitude, sem inseticidas. É a única bodega do século 19 da Rioja que está dentro do caminho, abrigando em sua área vestígios de um hospital de peregrinos.
Fundada há mais de um século, essa bodega tem 40 hectares de vinhedos próprios e também se abastece de pequenos proprietários regionais. Cerca de 75% da produção é destinada à exportação (Brasil excluído) e vendida diretamente a hotéis, restaurante e vinotecas.

Museu do vinho
Em Briones, a Dinastía Vivanco (www.dinastiavivan co.com) abriga, além de vinhedos e seis bodegas, o museu da Cultura do Vinho, com a pretensão de ser um ponto de referência internacional sobre a história da bebida.
A vinícola foi criada em 1915 e está na quarta geração da família Vivanco.
Desde o final de junho, dois de seus vinhos - o Dinastía Vivanco Crianza 2001 e o Dinastía Vivanco Reserva 1998)- passaram a ser exportados para o Brasil, podendo ser encontrados em lojas especializadas e restaurantes em São Paulo e em Brasília.
Com 9.000 m2, o museu possui cinco salas permanentes de exibição e faz um extenso percurso pela história do vinho desde o século 8º a.C. até os dias de hoje.
A primeira sala mostra as origens do vinho e sua repercussão nas culturas dos lugares em que se assentou, além do processo de cultivo ao longo das quatro estações do ano e de sua elaboração.
Em seguida, o visitante acompanha a descoberta de que os barris de madeira davam ao vinhos novos aromas e de que as garrafas de vidro eram ideais para seu envelhecimento, enquanto a rolha de cortiça isolava seu conteúdo.
Uma coleção de arte e de arqueologia reúne obras que retratam o vinho, como a pintura "La Bouteille de Vin" (a garrafa de vinho) e a litografia "Homenagem a Baco", ambos de Pablo Picasso, e a pintura "Baco com Cupido", de Tapiz (final do século 17).
Está em exibição também uma extensa coleção de saca-rolhas -a maior do mundo, segundo o museu, com mais de 3.000 exemplares. O estilo artístico varia de acordo com os períodos históricos: há saca-rolhas rococós, neoclássicos, art nouveau e art déco.
Do lado de fora, o Jardim de Baco exibe 250 variedades de vinha de várias partes do mundo. A visita ao museu, que inclui a degustação de um vinho Dinastía Vivanco Crianza, custa 6 (R$ 16,47).
(CAROLINA VILA-NOVA)


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