São Paulo, Domingo, 01 de Agosto de 1999
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"Qual É a Música" volta ao ar hoje, às 13h30, no SBT, e deve começar com uma disputa entre Tiazinha e Marcelo Augusto
Brega & cult

Rogério Lacanna/Folha Imagem
Luiz Felipe Mundin, o novo Pablo do 'Qual É a Música'


ALINE SORDILI
da Reportagem Local

Depois de sete anos fora do ar, o programa "Qual É a Música", um dos grandes ícones da TV popular brasileira, volta a ser exibido hoje, às 13h30, no SBT. Comandado por Silvio Santos, a nova versão só voltou por motivos contratuais.
O programa foi comprado pelo SBT da empresa norte-americana Sandy Frank (a mesma que criou o programa antigo) há mais de dois anos. O quadro veio prontinho dos Estados Unidos. Só teve de ser redesenhado e adaptado.
"Se não colocássemos o programa no ar, teríamos de pagar do mesmo jeito. Então o Silvio (Santos) optou por ressuscitar o programa", afirma Eduardo Lafon, superintendente artístico do SBT.
Nessa primeira fase, serão gravados 26 programas ao custo de R$ 41 mil cada -incluindo a licença de uso da marca e os gastos com produção. "Será um período de testes. Vamos ver se o programa volta a ser bem aceito. Se der certo, continuamos", afirma Lafon.
A reestréia vai reunir todos os clássicos do brega que já viraram itens cult: o maestro Zezinho, o casal de dubladores, o trio de cantores e as brincadeiras -Relógio Musical, Leilão de Notas, Jogo dos Versos, Vitrola Musical e o Segredo Musical.
Só ficam de fora o pessoal do Baú da Felicidade e o peão que dava prêmios -atrações que, segundo o diretor do programa desde a fase antiga, Luiz Bento, 48, encompridavam o quadro e o tornavam cansativo. Mas tudo o que fez sucesso de 1976 a 1992 voltará com um pé no século 21.
Com três palcos giratórios controlados por computador, a cor preta será dominante no cenário, contornado por 300 metros de néon colorido. Além disso, haverá um grande telão de mais de três metros de altura. A cenografia foi coordenada por Pedro Roberto Boaventura.
Sete músicos comandados pelo lendário maestro Zezinho formam a orquestra, que será completada por uma orquestra computadorizada. "Como as partituras em papel não combinavam com o cenário, elas serão lidas em computadores", diz Zezinho, 62. Segundo ele, poderão ser acrescentados vários instrumentos e ritmos diferentes com o auxílio do computador, controlado por Rogério Cauchioli, assistente de Zezinho.
Segundo Bento, nessa nova versão, com uma hora e meia de duração, a integração do palco com o auditório será maior. "Antigamente, o público participava de poucos quadros. Agora, automaticamente, quando o artista não souber, o jogo vai direto para a platéia. Distribuíamos o equivalente a R$ 4.000 em prêmios. Hoje, esses valores chegarão a R$ 8.000 para a platéia por programa."

"Dublagem" e cantores
Uma das marcas do "Qual É a Música" era o "dublador" Pablo, que depois ganhou a companheira Virgínia (leia texto ao lado). Na nova versão, eles foram substituídos por Luiz Felipe de Campos Mundin e Ellen Roche, escolhidos num concurso realizado no "Programa do Ratinho", em janeiro deste ano. Apesar de serem chamados de dubladores, eles, na verdade, fazem apenas mímica.
Para Mundin, as diferenças dessa versão para a anterior são mesmo o cenário e as roupas futuristas. "A maquiagem também vai ficar mais suave", diz Mundin, que faz mímica e teatro. Ellen trabalhava no "Fantasia" e participou do concurso, que reuniu 66 "dubladores", entrando na final com quatro finalistas mulheres.
Ary Sanches, Vera Lúcia e Djalma Lúcio, o trio de cantores que davam a "deixa" para os artistas completarem a música, foram substituídos por Josias Correa, Andressa Perez e Marina Campos. Eles foram escolhidos entre 120 pessoas, na maioria cantores da noite paulistana. Provavelmente, devem também cantar os jingles de merchandising puxados por Silvio Santos, como antigamente.

Preparação
Até agora, foram gravados cinco pilotos. O programa de estréia deve apresentar hoje a disputa entre Suzana "Tiazinha" Alves e Marcelo Augusto. Também devem participar do "Qual É a Música" nas próximas semanas Paulo Ricardo, o sertanejo Daniel e os pagodeiros do Karametade, do Exaltasamba e do Soweto.
A idéia de lançar talentos também não está descartada. "É um programa muito bom, que lançou muita gente e que pode fazer isso agora também", declara Lafon.
Para os artistas a situação financeira também deve melhorar, mas só no futuro. Além do dinheiro ganho em cada prova, a produção -de apenas cinco pessoas- espera em breve distribuir um carro a cada três programas conquistados.
Essa premiação, por enquanto, é apenas uma expectativa. Na nova versão, o artista vencedor não volta necessariamente no programa seguinte.
Se isso tivesse acontecido anteriormente, o grande vencedor Ronnie Von teria arrematado oito carros, com suas 25 vitórias.
Mas o cantor e hoje apresentador Ronnie Von impõe ressalvas a sua participação: "Vivemos num país de rótulos, e fui vítima disso a minha vida inteira".
Ronnie disse ter se dedicado muito ao programa e estudado profundamente a fórmula do show. "Quase enlouqueci fazendo isso. Depois que peguei o jeito, me acostumei. Mas algumas pessoas passaram a ganhar fácil demais. Acho que tiveram informações privilegiadas", acredita o hoje apresentador do "Ronnie Von -Mãe de Gravata", da CNT/Gazeta.

Fim do "reinado"
O "reinado" dele acabou no final da década de 70 após uma derrota para Sílvio Brito, depois de vencer 25 programas consecutivos. "Meu empresário -na época, o Marcos Lázaro- me convenceu a perder porque aquilo estava prejudicando a minha carreira, que tinha outros compromissos na TV. No meio do programa, desisti e quis ganhar, mas não dava mais. Hoje não participaria. Estou em um momento diferente da minha vida."
Já Sílvio Brito, 47, o herdeiro do trono, que obteve 24 vitórias, se diz muito agradecido por sua participação no "Qual É a Música". "Foi muito bom participar. Sou grato ao Silvio Santos por isso. Se for convidado de novo, eu volto", afirma ele, que apresenta um programa semanal na Rede Vida.
Mas faz uma ressalva: "O programa só deixava mostrar o lado do conhecimento. O lado artista ficava em segundo plano".



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