São Paulo, domingo, 01 de outubro de 2000

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PERFIL / ROBERTO DE OLIVEIRA
Ex-coordenador de programação da TV Cultura e ex-diretor de desenvolvimento de projetos da Globo, Roberto de Oliveira ocupa atualmente o poderoso cargo de vice-presidente da Bandeirantes. Ex-superintendente da emissora entre 92 e 95, período em que fortaleceu o jornalismo e o esporte da Band, hoje ele ajuda a rede em sua tentativa de conquistar outros públicos. A partir deste mês, ele prepara uma série de novas atrações.

ERIKA SALLUM
DA REPORTAGEM LOCAL

Quais são as principais novidades da Band após a Olimpíada de Sydney?
Além de novidades em nossa linguagem visual, que será mais moderna e colorida, teremos diversas surpresas na programação. Uma delas é a reorganização das sessões de cinema, que eram meio dispersas, e, a partir de outubro, terão dias temáticos, com produções do mesmo gênero. Neste mês, já começam filmes de artes marciais às terças e, às quintas, de ação. E, até o final do ano, as segundas terão uma sessão de filmes brasileiros, a "Sala Brasil". Às sextas, às 23h, haverá uma sessão de filmes de alta qualidade, como "O Piano". Também às sextas, colocaremos no ar o "Most Amazing Videos" (exibido no Brasil pelo canal AXN), com imagens espetaculares.
Aos sábados, haverá uma sessão noturna só com filmes de terror, o "Cine Sinistro". E uma novidade: a faixa será apresentada por uma nova personagem, a Vampira, uma mulher bonita, do estilo da Feiticeira, com dois ajudantes. Tudo com muito bom humor. E, finalizando, aos domingos, às 20h, haverá uma faixa só com telefilmes recentes.
E vão estrear novos programas?
Também em outubro, só para São Paulo, estrearemos uma programa feminino, diário, das 13h às 15h, horário anteriormente ocupado por filmes. A atração se chamará "Mulher de Verdade" e vai tratar a mulher de um jeito mais moderno. Será uma atração muito pragmática e utilitária, sem ficar falando de futilidades, mas ainda estamos definindo o apresentador. Há ainda a estréia de um novo programa do Amauri Jr., que será exibido diariamente, das 11h às 12h. Terá um pouco de comportamento e showbusiness. E a gente planeja também pôr no ar um jornal de domingo, além de um programa de entrevistas.
E o jornalismo?
Fizemos um acordo com o jornal "Gazeta Mercantil", para a divulgação de módulos de informação diurnos. Então, já em outubro, começam a ser veiculadas, nos intervalos comerciais, em "drops" de cerca de 30 segundos, notícias exclusivas sobre empresas e mercado.
E o programa da Sabrina Parlatore?
Vai estrear dia 23 deste mês e é composto de oito jovens que disputam uma maratona de duas semanas de duração, na qual são submetidos a testes físicos, de conhecimento e de controle emocional. É um pouco "reality show" e incorpora essa moda de o público ver pessoas comuns se safando de dificuldades. Os participantes vão conviver com a Sabrina em um loft, com câmeras escondidas.
É meio "Big Brother" (atração estrangeira em que pessoas ficam trancadas em uma casa cheia de câmeras)?
Não, é um pouco diferente. As pessoas não estão confinadas, elas só se vêem na hora do programa. Elas também disputam várias provas externas, na rua. E a novidade é a votação instantânea, na qual os telespectadores decidem, por telefone, ao vivo, quem fica e quem sai. O vencedor ganha R$ 7.000.
Não se fala mais no projeto de a Feiticeira ter um programa só dela?
A Feiticeira está no seu auge, mas ainda não temos um projeto específico para ela, apesar de a Joana Prado merecer um programa só dela.
O contrato com a Tiazinha acaba no início do ano. Ela renova com a Band?
Não sei responder isso.
Mudando a pergunta: a Band tem interesse em que ela fique?
A nossa área de produção está em negociação com ela e ainda não temos uma posição sobre isso.
E você tem interesse na Lilian Witte Fibe, já que ela agora tem programa na rádio Bandeirantes?
A Lilian é uma ótima profissional, e qualquer emissora só teria a ganhar com ela, mas não temos nenhum projeto nesse sentido, até porque nossa ancoragem de jornais está indo muito bem.
Você foi superintendente da Band de 92 a 95 e ajudou a consolidar uma tendência que deu certo: a segmentação, especialmente no esporte, jornalismo e filmes. Esses novos projetos da Band indicam um novo caminho da emissora?
Uma TV aberta não pode ser segmentada, ela tem de falar para muita gente. O que procuramos é um diferencial. Por exemplo, a gente não quer fazer novela, achamos que esse é um segmento que já está ocupado. Continuaremos a investir em esporte, jornalismo e filmes, tripé que se tornou nossa marca e que continuará sendo. Mas estamos olhando com mais carinho para os jovens e crianças, porque você precisa fidelizar a criança para formar a audiência futura do canal.
Ainda há o plano de ter um canal infantil a cabo, que se chamaria Band Kids?
Sim. Nossa idéia é que o canal, previsto para 2001, seja uma extensão do "Band Kids", que está no ar desde agosto nas tardes da Band. Já estamos inclusive adquirindo produtos para exibir nele.
E dá para competir com uma programação infantil já consolidada, como a da Globo e a da Record, por exemplo?
Para isso, estamos pegando um horário alternativo, à tarde, enquanto as outras emissoras estão de manhã. E estamos trazendo produtos fortes, desenhos japoneses comprados no Japão, antes mesmo de serem lançados nos EUA.
O que você acha da portaria do Ministério da Justiça que altera as regras de classificação dos programas de TV?
Acho que o importante é a indicação de conteúdo, como um guia para os pais poderem escolher o que seus filhos vão assistir ou não. A classificação etária, da maneira como ela é exercida, pode distorcer algumas situações -por exemplo, em diferentes locais do país, o nível cultural das pessoas e a religião são fatores que neutralizam um pouco essa classificação. O importante é a responsabilidade da família. E acho que a TV deve ser responsável e fazer uma programação decente. Mas não se pode culpá-la por todos os problemas da sociedade.

BLITZ
Nome completo: Roberto de Oliveira
Local e data de nascimento: Ubatuba; 10/3/1948 Já trabalhou em: TV Cultura, Bandeirantes, Globosat e Globo


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