São Paulo, domingo, 01 de outubro de 2000

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SITCOMS
Distantes do auge, atores de cinema como Bette Midler, Gabriel Byrne, Geena Davis e John Goodman recorrem à televisão para dar novo alento a suas carreiras
Exceção é o ascendente diretor James Cameron ("Titanic'), que estréia na TV como criador e produtor da ficção científica "Dark Angel"
Seriados inflam "bolas murchas" de Hollywood

Divulgação
Bette Midler no centro do elenco do sitcom "Bette"


SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

É A VELHA troca de favores. O ator de cinema já não se encontra exatamente no auge, precisa aparecer mais e sabe que, sem estar na TV, ninguém é muita coisa em Hollywood hoje. Já a TV gosta de ganhar "substância" ao dizer que sua série será "estrelada" por um ator de cinema.
Nunca esse escambo esteve tão evidente quanto na temporada de outono da televisão dos EUA, que tem suas principais estréias acontecendo a partir de hoje e nos próximos 30 dias. Entre os astros especialmente convidados que ganham séries estão Bette Midler, Gabriel Byrne, Geena Davis e o diretor James Cameron. Midler e Cameron são os únicos virgens na área, mas Byrne e Davis só estiveram regularmente na TV antes da fama.
"É um trabalho duro", disse na semana passada Gabriel Byrne, em entrevista coletiva. "São páginas e páginas de roteiro para decorar em pouco tempo." Comparada ao cinema, a TV "é tão honrada quanto". Seu sitcom (comédia de costumes), "Madigan Men", estréia na ABC no dia 6. Byrne é um arquiteto recém-divorciado que vive em Nova York com seu filho adolescente e seu pai irlandês.
Na sua esteira vem a oscarizada Geena Davis ("O Turista Acidental", "Thelma & Louise"), que ganha um programa com seu nome, no qual vive uma executiva independente que se envolve com um pai de dois filhos e se muda para a casa deles (ABC, dia 10). A atriz já havia trabalhado em duas séries de TV antes, "Buffalo Bill" (1983) e "Sara" (1985). "Desta vez, eu gosto da complexidade de meu personagem", disse ela.
Já Bette Midler até hoje só tinha feito aparições em séries alheias ("Os Simpsons", "Seinfeld", "The Nanny"), na maioria das vezes como Bette Midler. Consequência natural, ganha uma série com seu nome e parodiando sua vida ("Bette", CBS, dia 11) -único dos novos seriados com estréia agendada no Brasil, em novembro, na Sony. Assim como Byrne e Davis, a carreira dela não está, digamos, no ponto mais alto. Aos 54, seu último filme a fazer sucesso tem mais de dez anos e entre os últimos que protagonizou estão os medianos "O Clube das Desquitadas" e "Guerra dos Sexos".
Não é o caso do diretor James Cameron, em irresistível ascensão depois do übersucesso "Titanic" e já um grande nome desde "O Exterminador do Futuro". Ele estréia na TV com "Dark Angel" (Fox, dia 3). Cameron volta ao assunto de que tanto gosta: ficção científica. "Mas não aquela ficção científica tradicional, de robôs e naves espaciais", disse. Criador e produtor-executivo da série, dirige também o primeiro episódio.

A volta de Kramer
Entre as novidades do meio televisivo propriamente dito, uma das mais aguardadas é a estréia do programa "Michael Richards". Para quem não ligou o nome à pessoa, Richards foi por nove anos Cosmo Kramer, o vizinho esquisitão de "Seinfeld", um dos maiores sucessos da TV. Desde que o show acabou, em 1998, ele e Jason Alexander (o atarracado e esquentado George) estão desenvolvendo suas próprias séries na NBC. A de Richards mostra as trapalhadas do detetive Vic Nardozza. Como a expectativa é grande por motivos óbvios, o piloto já foi refeito três vezes -e continua não agradando totalmente. Agora, a emissora optou por não mexer mais até a estréia, dia 24, para ver o que acontece.
Outra é a volta de John Goodman a uma série regular. O gordo e grande ator de "Barton Fink" e "Os Flintstones" foi por anos o marido de Roseanne na chatíssima série homônima. Agora, ganhou seu próprio veículo em "Normal, Ohio", que estréia dia 1º de novembro na Fox. Ele é um pai de família que se descobre gay depois de velho e muda-se para sua cidade natal (Normal, em Ohio).
A emissora aproveita a onda favorável às temáticas gays que fez com que "Will and Grace" estivesse constantemente entre os cinco programas mais vistos da última temporada. Tal sucesso fez ainda com que a NBC tirasse "Will" das noites de terça e passasse para as 21h de quinta a partir de agora.
O sitcom e a série dramática são para os Estados Unidos o que a telenovela é para o Brasil. Passam no horário nobre da TV (entre 20h e 22h), de segunda a segunda, sendo quinta-feira e domingo os dias principais de audiência.
Um programa líder de audiência nesses horários atinge em média 30 milhões de espectadores. Na última temporada, "Friends", exibido pela NBC às 20h das quintas-feiras, foi o campeão absoluto.


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