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VAI PARA O TRONO?
Apresentador do 'VJ por um dia e do 'Teleguiado' deixa a MTV para comandar programa de auditório na Globo supervisionado pela trupe do 'Casseta & Planeta'
Cazé decola para ser o Chacrinha do ano 2000
Dado Galdieri/Folha Imagem
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Cazé Pecini, o ex-apresentador do "VJ por um Dia" e do "Teleguiado", que trocou a MTV pela Globo |
ERIKA SALLUM
da Reportagem Local
A NOVA aposta da Rede Globo para
o ano 2000 é um cara magro, tímido,
careca, tem aversão à imprensa e começou sua "vida profissional" vendendo bijuterias tailandesas em Hong Kong.
Aos 31 anos, o apresentador carioca
Carlos José de Araujo Pecini, o Cazé, acaba de deixar a MTV, onde trabalhou durante cinco anos como VJ, para se dedicar ao maior desafio de sua carreira até
agora: um programa de auditório na
maior rede de TV do país.
Ainda sem data para ir ao ar, a atração
terá supervisão dos humoristas do "Casseta & Planeta", os responsáveis pela "virada" na trajetória televisiva do apresentador. Após conferirem sua performance
à frente do "Teleguiado" e do "VJ por um
Dia", ambos da MTV, os comediantes
não hesitaram: queriam Cazé para desenvolver um programa a ser exibido na
Globo.
A emissora já deu sinal verde ao projeto -aprovado pelos todo-poderosos
Daniel Filho, diretor de criação, e Marluce Dias da Silva, diretora-geral da Globo-, que deve começar a ser efetivamente elaborado no início de fevereiro.
Em março, a equipe grava os pilotos.
"Cazé é um dos maiores talentos da TV
atualmente, um apresentador fantástico.
A gente nem conhecia pessoalmente o
cara quando o chamamos para conversar e descobrimos que, além dessas qualidades, ele é muito bacana", afirma o
"casseta" Marcelo Madureira.
Sem ser um expert em música, apesar
de adorar jazz e bossa nova, Cazé foi aos
poucos conquistando um espaço único
na MTV, ao trilhar um caminho que se
afastou da simples função de VJ, de só
apresentar videoclipes, para dar lugar a
uma espécie de Chacrinha dos anos 90.
Sua estréia em frente às câmeras aconteceu em 1994, substituindo a então VJ
Cuca Lazarotto no extinto "Pix MTV".
Na época, teve de se mudar do Rio para
São Paulo e se adaptar a uma emissora
acostumada a apresentadores "modernosos" e cheios de estilo. "Nunca havia
feito TV na vida. Os primeiros dois anos
foram bem difíceis, pois tive de me achar
no meio de tudo aquilo. Sentia-me inseguro e não gostava de mim no vídeo, pois
tinha uma ansiedade louca de desenvolver um jeito próprio", conta Cazé.
Depois de comandar programas como
o "Pix" e o "Top Ten Estados Unidos",
ele começou a despontar em atrações como "MTV na Chapa", que ia ao ar por
volta das 7h. "Era um programa de clipes, mas onde eu não falava de clipes. Por
causa do horário, a gente tinha liberdade
de experimentar e falávamos de tudo, até
sobre Castro Alves e Zumbi dos Palmares. Foi onde comecei a escrever roteiros."
Dali foi um passo para Cazé dar vazão
ao improviso e à criatividade, quando a
MTV passou a transmitir o "Teleguiado", o primeiro programa ao vivo de sua
história. "Por ser ao vivo, eu tinha de entreter o espectador enquanto a produção
buscava a fita com o clipe escolhido pelos
participantes. No começo, eu ficava
enrolando a pessoa, era tudo muito cru.
Mas foi uma ótima escola."
Foi essa irreverência que chamou a
atenção tanto do público como da direção da MTV, dando a Cazé o status de
um dos VJs mais queridos pelos fãs da
emissora. "A gente foi percebendo que
ele tinha um humor muito peculiar, além
de ser um excelente improvisador. Ele
consegue cutucar a platéia sem ser agressivo ou prepotente. Além de extremamente autocrítico, Cazé é um excelente
improvisador", diz Cris Lobo, diretora
de programação da MTV.
Made in Thailand
Tanta capacidade de improvisação
não surgiu de repente na vida de Cazé.
Antes de mergulhar na carreira na TV, o
apresentador -indeciso com as faculdades de oceanografia e publicidade,
ambas abandonadas pela metade-, resolveu dar um giro pelo Oriente.
Após conhecer a Índia, se hospedar
com monges no Japão -onde decidiu
ser vegetariano-, passou sete meses em
Hong Kong. Para sobreviver, vendia
prata da Tailândia pelas ruas da cidade.
Atividade ilegal, chegou a ser detido
duas vezes e até julgado. "A polícia lá era
educada, foi bacana comigo. Mas tudo
compensava, pois as vendas davam grana: em seis meses, juntei US$ 9.000."
Apesar do espírito aventureiro, Cazé é
um sujeito avesso a badalações. Pai de
dois filhos -o mais novo nasceu no fim
de dezembro e se chama Iggy, como o
roqueiro Iggy Pop-, ele não suporta ser
fotografado e foge de jornalistas que
queiram saber de sua vida pessoal.
"Não gosto desse culto à personalidade, de tirar foto para tal revista, ir para
castelos, essas coisas de aparecer por
aparecer. Televisão para mim é um trabalho, que te expõe, claro, mas é um trabalho como outro qualquer."
E ele não teme ficar meses afastado das
câmeras, como aconteceu com Ana Maria Braga, que teve de aguardar seis meses pela aprovação de seu "Mais Você", e
o que ainda ocorre com Luciano Huck,
cujo programa global ainda nem tem
data precisa para estrear? "Aqui na MTV
eu não ameaçava ninguém. Então por
que os caras iriam me tirar do ar, só para
me pagar um salário e me deixar encostado? Acho pouco provável", diz ele, que
chegou a recusar um convite para substituir Huck no "H", da Bandeirantes.
"O projeto na Globo vai ser elaborado
com cuidado. Na Band, me convidaram
em setembro e o programa entraria no
ar em outubro. E eu não estava nem um
pouco a fim de trabalhar com bunda..."
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