São Paulo, domingo, 05 de março de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PERFIL / ROGÉRIO GALLO

O superintende artístico da Rede TV!, Rogério Gallo, tem como meta aumentar as produções terceirizadas da emissora sem perder a identidade do canal. "Produtos de fora, que respeitem nossa programação como se fossem feitos em casa", define. Gallo investirá ainda em atrações interativas e lançará um "talk show". Após o Carnaval, o programa "Superpop", apresentado por sua namorada, Adriane Galisteu, passa a ser ao vivo.

BRUNO GARCEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando entram no ar as novas atrações anunciadas para a Rede TV!?
O pontapé inicial foi dado por "A Casa É Sua", que iniciou nossos projetos de parcerias. A emissora é enxuta, com três estúdios, mais um de jornalismo. No momento, não temos nem dinheiro nem seria a melhor estratégia fazer um Projac, uma estrutura gigante em que a emissora concentra toda a produção. É um formato tipicamente brasileiro e mexicano, em que as grandes redes viram as principais e, às vezes, as únicas produtoras da sua própria programação. Nos EUA, por exemplo, existe até um limite para o que a rede pode produzir e veicular, a fim de fortalecer o mercado. Temos produtos feitos fora, mas que respeitam a superintendência artística e a programação da Rede TV!, como se fossem feitos em casa. Entre os novos projetos terceirizados, estão um "game show", um programa feminino, um "talk show" e um musical. Estão em diferentes estágios. O primeiro deve ser o novo feminino, que será exibido pela manhã. Atualmente, um horário que a gente vende para o telemarketing. Penso ainda em um "game show" infanto-juvenil com a Andréa Sorvetão e em um musical com Paulo Ricardo.
Mesmo que produções feitas fora da casa tenham de respeitar o departamento artístico, não há receio de que elas acabem perdendo a cara da emissora?
Esse é o diferencial. A terceirização não é uma invenção nossa. O problema é quando criam algo totalmente desconectado da emissora. Nossa meta é estabelecer uma relação franca com as produtoras. A Globo tem uma cara muito forte e a Rede TV! conquistou isso também, em um curto espaço de tempo. É um grande risco perder a identidade quando há muita coisa terceirizada. O controle artístico é nosso pulo do gato. Mil críticas podem ser feitas à Rede TV!, mas não mostramos baixarias nunca.
O SBT anunciou que pretende investir maciçamente em teledramaturgia. Também é um caminho para a Rede TV!?
Não. A Globo faz isso muito bem. O SBT vai se associar a uma megaindústria de telenovelas, a Televisa. Não entraremos nessa briga, mas eu não descartaria projetos de dramaturgia. Mas apenas formatos alternativos, como sitcoms e minisséries. Novelas jamais.
A pendenga judicial entre a TV Ômega e a extinta Rede Manchete, com constantes reviravoltas nos tribunais, afeta o andamento do seu trabalho?
É desagradável. Gera muita confusão e todo esse episódio foi divulgado de forma truncada pelos jornais. Hoje, está praticamente superado. A Ômega é outra empresa, não é sucessora da Manchete. Temos nossos próprios funcionários. Uma estrutura compacta em um mesmo espaço físico, o que nos dá estabilidade e confiança. Encontro um cara da cenografia aqui, outro da produção ali. Antes, não tínhamos segurança para criar programas ao vivo. Agora, "A Casa É Sua" está ao vivo, "Interligado" também e "Superpop" entra depois do Carnaval.
Essa é outra meta? O máximo possível de programas ao vivo?
É. Para usarmos a interatividade, que é o forte do grupo que comprou o canal (o Tele TV do empresário Amilcare Dallevo Júnior). Eles têm a maior plataforma de telefonia do mundo. São 15 mil linhas que fazem a interatividade do "Fantástico", por exemplo. Temos isso em casa.
O "TV Fama" volta?
Sim. Mas não será dentro do "A Casa É Sua". Pensamos em uma superembalagem. Queremos investir mais nessa linha papparazzi, com fofocas. O "TV Fama" estava caro e muito segmentado. Queremos um perfil muito mais popular, mas sem descambar para a baixaria.
Essa popularização não foge ao propósito inicial, que visava maior sofisticação?
Fazer TV bem-feita não significa fazer TV sofisticada. O "Superpop" hoje dá banho de audiência no "O+" todo dia. É popular, mas seu cenário traz ampliações de Andy Warhol e de Jasper Johns. Não há problema em que o porteiro do seu prédio não saiba quem é Jasper Johns. É lindo, é colorido e agradável aos sentidos. Se formos sofisticar viramos TV a cabo. Temos Sônia Abrão falando sobre o Rafael, do Polegar, mas com um bom cenário e uma boa iluminação.
Você falou na audiência do "Superpop". Supondo que amanhã o programa passe a ter índices negativos de Ibope e tenha de trocar de apresentadora. Como você se veria nessa situação?
Situação complicadíssima (risos). Mas não vai baixar o índice de audiência. O ibope do "Superpop" só sobe.



BLITZ
Nome: Rogério Gallo
Idade: 33
Formação: jornalismo na Cásper Líbero, em São Paulo
Ocupação: superintendente artístico da Rede TV!
Principais trabalhos: diretor de programação da MTV, diretor de publicidade na Videofilmes




Texto Anterior: Avalanche: Redes preparam cinco novelas e uma série
Próximo Texto: Querem bacalhau?: Filho "ressuscita" Chacrinha
Índice

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.