São Paulo, Domingo, 05 de Setembro de 1999
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Ex-assessor de Itamar iniciou 'onda mexicana'

da Reportagem Local

O jornalista Augusto Marzagão, 68, ex-assessor dos presidentes Jânio Quadros, José Sarney e Itamar Franco (PMDB) e consultor de FHC, foi o responsável pela "importação" da primeira novela mexicana para o Brasil, há 24 anos. Hoje assessor político e de comunicação, ele mantém duas casas, uma nos EUA e outra no México. Veja a seguir a entrevista concedida à Folha por telefone, de Nova York.

Folha - Qual foi a primeira novela mexicana introduzida pelo senhor no Brasil. Quando foi isso e que emissora transmitiu?
Augusto Marzagão -
Foi a novela "Os Ricos Também Choram", produzida pelo chileno Valentin Pimstein, o mesmo que produziu "A Usurpadora". A transmissão da primeira novela mexicana no Brasil ocorreu em 1981, no SBT. Na época em que a novela foi vendida para o SBT, eu era vice-presidente da Televisa, no México, onde morei por 18 anos, de 1971 a 1989.

Folha - Por que a escolha por uma novela mexicana?
Marzagão -
A Televisa já tinha uma tradição consagrada em teledramaturgia. Era, de fato, uma fórmula que vinha dando certo, não só no México, mas em toda a América Latina.

Folha - Como o senhor vê as novelas mexicanas?
Marzagão -
Eu vejo que elas estão mais dentro da realidade da vida do povo latino-americano. Elas estão mais perto da realidade do sentimento popular, mexem com a emoção, comovem, a exemplo da "A Usurpadora".

Folha - Além do senhor, outros profissionais de TV brasileiros trabalharam na Televisa?
Marzagão -
Sim. O Herval Rossano (diretor de núcleo da TV Globo) fez duas novelas como diretor na Televisa.

Folha - O que o senhor acha das novelas brasileiras?
Marzagão -
Os atores gritam, como se fossem cabritos enjaulados. Na sua grande maioria, elas arranham a assimetria moral da população, e há muitos excessos, diferente das novelas mexicanas.

Folha - Que tipo de excessos?
Marzagão -
Sexo, luxo ostentatório e violência. Não apenas a violência física, mas a violência da linguagem, nas relações humanas, mostradas sistematicamente em algumas produções, como somente um confronto de interesses defendidos por meios perversos e sádicos.

Folha - De que forma essa violência influencia o espectador?
Marzagão -
Pela desforra e o ódio, os mais inimagináveis exemplos de mau-caratismo são despejados na sala do espectador durante o jantar. É o requinte da violência pela violência.


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