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Ex-assessor de Itamar iniciou 'onda mexicana'
da Reportagem Local
O jornalista Augusto Marzagão, 68, ex-assessor dos presidentes Jânio Quadros, José Sarney e
Itamar Franco (PMDB) e consultor de FHC, foi o responsável pela
"importação" da primeira novela
mexicana para o Brasil, há 24
anos. Hoje assessor político e de
comunicação, ele mantém duas
casas, uma nos EUA e outra no
México. Veja a seguir a entrevista
concedida à Folha por telefone,
de Nova York.
Folha - Qual foi a primeira novela mexicana introduzida pelo
senhor no Brasil. Quando foi isso e que emissora transmitiu?
Augusto Marzagão - Foi a novela "Os Ricos Também Choram", produzida pelo chileno Valentin Pimstein, o mesmo que
produziu "A Usurpadora". A
transmissão da primeira novela
mexicana no Brasil ocorreu em
1981, no SBT. Na época em que a
novela foi vendida para o SBT, eu
era vice-presidente da Televisa,
no México, onde morei por 18
anos, de 1971 a 1989.
Folha - Por que a escolha por
uma novela mexicana?
Marzagão - A Televisa já tinha
uma tradição consagrada em teledramaturgia. Era, de fato, uma
fórmula que vinha dando certo,
não só no México, mas em toda a
América Latina.
Folha - Como o senhor vê as
novelas mexicanas?
Marzagão - Eu vejo que elas estão mais dentro da realidade da
vida do povo latino-americano.
Elas estão mais perto da realidade
do sentimento popular, mexem
com a emoção, comovem, a
exemplo da "A Usurpadora".
Folha - Além do senhor, outros profissionais de TV brasileiros trabalharam na Televisa?
Marzagão - Sim. O Herval Rossano (diretor de núcleo da TV
Globo) fez duas novelas como diretor na Televisa.
Folha - O que o senhor acha
das novelas brasileiras?
Marzagão - Os atores gritam,
como se fossem cabritos enjaulados. Na sua grande maioria, elas
arranham a assimetria moral da
população, e há muitos excessos,
diferente das novelas mexicanas.
Folha - Que tipo de excessos?
Marzagão - Sexo, luxo ostentatório e violência. Não apenas a
violência física, mas a violência
da linguagem, nas relações humanas, mostradas sistematicamente em algumas produções,
como somente um confronto de
interesses defendidos por meios
perversos e sádicos.
Folha - De que forma essa violência influencia o espectador?
Marzagão - Pela desforra e o
ódio, os mais inimagináveis
exemplos de mau-caratismo são
despejados na sala do espectador
durante o jantar. É o requinte da
violência pela violência.
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