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FAÇA CHUVA OU FAÇA SOL
Emissora se associa a multinacional para criar uma central
meteorológica dentro de sua sede; acerto chega a 93% do total
Band produz "em casa" sua própria previsão do tempo
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA REPORTAGEM LOCAL
INFORMAÇÕES meteorológicas na
TV Bandeirantes agora são prata da
casa. Com uma central meteorológica
dentro de seus estúdios, a Central Band
Tempo, resultado de uma parceria entre
a emissora paulista e a empresa norte-americana Weather Services International (WSI), funciona desde dezembro e
vem registrando uma média de acerto de
93%.
Além da Bandeirantes, apenas a TV
Cultura utiliza os serviços de uma central
meteorológica própria. As outras emissoras contratam os serviços de institutos
independentes.
A central de previsão do tempo da Bandeirantes fica localizada na sede da emissora, no bairro do Morumbi (zona sul de
São Paulo). Ela é composta por 15 pessoas, entre jornalistas e meteorologistas.
A equipe monitora as mudanças climáticas 24 horas
por dia, utilizando para isso imagens geradas por satélites.
São produzidos 18 boletins diários. Eles são exibidos
não só pela TV Bandeirantes, mas também pelo Canal
21 e pela rádio Bandeirantes.
Segundo a produtora-executiva da WSI, Hebe Arruda, o objetivo é chegar a produzir 27 boletins diários até
o final do ano. Além disso, a empresa pretende passar a
fazer previsões do tempo regionais, para que as 11 afiliadas da Band no Brasil exibam uma previsão "personalizada". Hoje, são feitos dois tipos de previsão: um específico para São Paulo e outro, mais genérico, para as
grandes regiões do país.
O novo departamento está subordinado à Unidade
Produtora de Jornalismo da Bandeirantes. Segundo
Carlos Amorim, diretor da UPJ, a opção por produzir
os próprios boletins -em vez de contratar os serviços
de outros institutos- é reflexo da "preocupação do jornalismo com o conteúdo de seus programas". Ele diz
ainda que a integração da Central Band Tempo com o
jornalismo da emissora facilita a prestação de serviços
em situações como, por exemplo, as enchentes que
ocorreram nas últimas semanas na cidade de São Paulo.
As negociações com a WSI duraram cerca de um ano.
A WSI atua nesse mercado há 20 anos. Nos Estados
Unidos, ela é responsável pela previsão
do tempo exibida em 56% das emissoras
de TV do país. Além disso, a empresa
fornece dados climáticos para, por
exemplo, empresas aéreas e marítimas, e
publica boletins do tempo para várias
partes do mundo -incluindo o Brasil-
no site www.intellicast.com.
Amorim afirma que espera um grande
crescimento desse mercado nos próximos anos, principalmente para atender
a interesses de regiões brasileiras onde o
clima exerce um papel determinante, como as áreas de agricultura intensiva.
Erros e acertos
No seu primeiro mês de existência, a
Central Band Tempo afirma ter acertado
93% de suas previsões. É um número ligeiramente superior ao de outros institutos: a taxa de acerto do Cptec (Centro
de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos), que presta serviços para a TV Record, para a CNT/Gazeta e para a Folha,
é de 90%. O Cptec é um órgão ligado ao
Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais).
No Climatempo, empresa contratada
pela Globo, o número de previsões corretas chega, segundo a meteorologista
Patrícia Madeira, a 92% do total.
Para o meteorologista do Cptec Prakke
Satyamurty, índices acima de 50% são
considerados "úteis": "Se for menor do
que isso, é melhor tirar cara-ou-coroa".
Satyamurty defende também que a
ocorrência ou não de chuvas não é um
bom critério para se analisar a qualidade
de uma previsão do tempo. "Se uma previsão diz que
vai chover em São Paulo, mas em algumas regiões da cidade não chove, como dizer se houve erro ou acerto?"
Na opinião do meteorologista Tércio Ambrizzi, da
WSI, a idéia de que as previsões do tempo são mero
"chute" é coisa do passado.
Ele diz que, nos últimos anos, os avanços na tecnologia e a melhora na qualificação dos profissionais da área
tornaram a meteorologia uma ciência muito mais confiável em relação ao que era há poucos anos.
Apesar disso, Ambrizzi diz que, independentemente
de qualquer previsão, sempre carrega consigo um guarda-chuva, "como todo bom meteorologista".
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