São Paulo, domingo, 7 de junho de 1998

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Ela faz o Ibope subir

Marcelo Soubhia/Folha Imagem
Prometendo explodir no Ibope, a ex-dançarina do É o Tchan estréia programa no SBT e se prepara para atuar em novela e em filme



Carla Perez, a popular dançarina do grupo É o Tchan, prepara-se para apresentar "Carla Perez do Brasil"; ex-modelo também quer mudar o visual e vai atuar em novelinha e em filme


RUI DANTAS
da Reportagem Local

Grande vedete da guerra dos domingos, Carla Perez, ex-dançarina do grupo É o Tchan, decidiu -e conseguiu- caminhar com suas próprias pernas.
A loira deve estrear seu programa de TV, o "Carla Perez do Brasil" no próximo dia 20, sábado, às 21h30 (leia mais sobre o programa abaixo).
Carla Aparecida Perez Soares, a loira de avantajados glúteos, nasceu no dia 16 de novembro de 1977, no bairro da Liberdade, em Salvador.
Conhecido por ser um bairro cuja maioria da população é negra, Carla despontou ao mundo por ser loira, ou se fazer de loira.
"No meio de um monte de negão (sic), eu era a loira. Por isso fiz sucesso."
Filha de ex-camelôs, ela definiu seu destino aos 15 anos, quando teve de resolver um dilema proposto por sua mãe, Ivone Soares.
Sem dinheiro para satisfazer todas as vontades da filha, Ivone pediu que ela escolhesse entre promover uma festa de debutante ou fazer um curso de modelo.
A partir daí, sua carreira "artística" começou. Carla participou de concursos de beleza, no interior da Bahia, e estreou em passarelas.
Já aos 16 anos, ela podia ser vista trabalhando como vitrine viva, modelos que ficam expostos inertes, em lojas de Salvador.
Carla recebeu, então, convite para dançar em cima de trios elétricos. Em um deles, dançou nua, cobrindo os seios apenas com pinturas.
Em janeiro de 96, enquanto dançava em um show do grupo Gerasamba -hoje É o Tchan-, Carla foi chamada para subir ao palco e "requebrar" em público.
Com 102 cm de quadril, fez tanto sucesso que acabou contratada pelo conjunto.
No mês seguinte, já era notícia de jornais, ao ser assediada por um fã mais afoito, em pleno Carnaval. O admirador "tocou" a parte do corpo mais ilustre da loira.
Reprodução/Folha Imagem
Carla posando para fotos, com os cabelos na cor natural


Com o sucesso do grupo, Carla passou a sustentar a família. A loira ganhava R$ 500 por show com o É o Tchan, em uma média de 28 shows mensais.
Era pouco, comparado ao faturamento do conjunto, que já vendeu cerca 3,65 milhões de CDs desde que ela passou a integrá-lo, segundo a gravadora PolyGram.
Mas foi o suficiente para que, no final de 97, Carla pudesse tirar a família de um edifício decadente na avenida Carlos Gomes, no centro de Salvador, e se mudasse para o elegante bairro da Estrada do Aeroporto, na capital baiana.
"É o meu único bem. Não sei quantos quartos tem a minha casa. Sei que, no total, ela tem 1.600 m2", esnoba.

Aluna medíocre
Carla estudou nos colégios Dom Pedro 1º, Servidor Público e Ypiranga, todos públicos. Neste último, que foi residência do poeta baiano Castro Alves, Carla decidiu interromper os estudos, em 92.
Carla estava no segundo ano colegial. Segundo um dos diretores, que pediu para não ser identificado, Carla chamava a atenção dos rapazes por conta de seus dotes físicos, mas não era a mais bonita da escola.
Como aluna, ela era de medíocre para ruim, com uma coleção de notas vermelhas no boletim escolar.

Ibope
Quando aparece na TV -na maioria das vezes rebolando- é inegável que Carla levanta o ibope de qualquer programa.
Na "guerra dos domingos" -a disputa pela audiência dominical protagonizada por Fausto Silva e Augusto Liberato-, Carla chegou a aparecer nos dois programas.
Motivo: quando a produção de um deles descobria que o concorrente iria levá-la ao ar, tratava de entrevistá-la ou gravar uma matéria, para que pudesse exibir simultaneamente ao programa rival.
No dia 28 de abril passado, Carla foi ao programa "Ratinho Livre".
No momento em que apareceu, a audiência estava em 21 pontos, segundo o Ibope (cada ponto corresponde a cerca de 80 mil telespectadores na Grande São Paulo). E subiu até atingir o pico de 28 pontos.
A loira saiu de cena, dando lugar ao grupo de seu atual namorado, Alexandre Pires, líder do Só Pra Contrariar. A banda fez o índice despencar para 22 pontos.
Carla sabe que é boa de audiência, mas agora quer provar que pode conseguir bons números trocando seus minúsculos shorts por sofisticados tailleurs.
A futura apresentadora conta que, para que seu programa fosse ao ar, o SBT encomendou uma série de pesquisas.
"Fizeram pesquisas sobre tudo. O próprio Silvio Santos fez uma pesquisa dessas, mostrando a entrevista do "De Frente com Gabi' (exibido em março) a algumas pessoas", diz.
Os resultados, que em alguns pontos Carla prefere manter segredo, sinalizaram que a ex-dançarina é muito popular e polêmica.
Contente com os resultados, Santos chamou novamente a loira, dessa vez para contratá-la. Carla deixou a reunião, ocorrida em abril deste ano, nervosa.
"Eu tremo ao falar com o Silvio, toda vez que a gente se encontra. Tenho que tomar água com açúcar", revela.
"Mas o público jovem gosta mais de mim. E por isso meu programa será dirigido a eles", afirma.
Para apresentá-lo, a loira vai engordar bastante seus rendimentos. Comenta-se que Carla receberá R$ 100 mil mensais, com as participações que terá nos merchandisings de "Carla Perez do Brasil".
Mas suas fontes de renda não se limitarão a isso. Carla é garota-propaganda de uma série de produtos e tem seu nome em vários outros. De botinha a boneca, a maioria de seus produtos são infantis.
Quando lançou a botinha Carla Perez, a loira ganhou de presente um flat, na região de Moema (zona sudoeste de SP), como pagamento.



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