São Paulo, Domingo, 08 de Agosto de 1999
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MAKING OF

Foragidos da Febem fazem Groisman mudar programa

Jorge Araújo/Folha Imagem
Serginho Groisman entrevista menores foragidos da Febem


ANDRÉA DE LIMA
da Reportagem Local

A condição de foragidos dos entrevistados do "Programa Livre", que foi ao ar na última terça-feira, fez com que a gravação nos estúdios do SBT, no Complexo Anhanguera, corresse em clima de alta tensão. O programa foi ao ar no dia seguinte à gravação.
Os entrevistados eram três adolescentes da Febem Tatuapé (na zona Leste de São Paulo), que escaparam na rebelião que durou três dias, no final do mês passado.
"Foi um programa inédito, por causa do temor de que a polícia aparecesse nos estúdios durante a gravação e prendesse os meninos", declarou o apresentador do programa, Serginho Groisman.
"A platéia só foi avisada sobre os personagens da entrevista momentos antes da entrada, ao vivo, do especial com Caetano Veloso", disse a estudante Amanda Diego, 15, que estava na arquibancada do programa.
Identificados por nomes fictícios, Bruno, 16, Otávio, 17, e Marcos, 17, entraram no estúdio com bonés e óculos escuros, cedidos pela produção. Ao final do programa, eles pediram para ficar com os disfarces, o que não ocorreu.
Como agosto é o mês de aniversário do programa, Groisman presenteou os três meninos com uniformes de futebol e um par de tênis.
Na platéia, 380 jovens de cinco escolas de ensino médio e duas universidades, todas particulares.
A produção revelou que os adolescentes foram contatados em um bar da zona leste da capital, próximo à unidade de onde fugiram no último motim.
"Os nossos monitores frequentam esse mesmo bar", afirmou Otávio, um dos entrevistados, que também foi localizado na porta da instituição e entrevistado pela Folha.
Ao som de Jorge Benjor e comimagens das ruas do centro de São Paulo, transmitidas em um telão, Bruno, 16, contou que, antes de sua última fuga da Febem, ficou "preso" durante dois anos e oito meses na instituição.
"Meu pai morreu no massacre do Carandiru, em 92, e minha mãe de overdose. Eu sou revoltado, mas não quero mais voltar para o crime", pediu Bruno.
Mesmo sendo um feito do "Programa Livre", a entrevista não agradou a todos. "Nunca se sabe se é possível acreditar neles (entrevistados). Eles se fazem de coitados, as vítimas da sociedade", afirmou o estudante Patrick Rokus, 18.


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