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PROGRAMAÇÃO INFANTIL
Até as atrações apresentadas por loiras
tentam oferecer entretenimento inteligente
A onda agora é divertir, mas com conteúdo
Roberto Price/Folha Imagem
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O elenco do programa "Bambuluá com Angélica", que a Globo coloca no ar a partir de amanhã |
CLÁUDIA CROITOR
ERIKA SALLUM
DA REPORTAGEM LOCAL
QUANDO a Globo finalmente colocar no ar, amanhã, a atração "Bambuluá com Angélica", estará se consolidando uma nova fase na programação
infantil da televisão brasileira. Depois de
quase duas décadas de hegemonia de
Xuxa e seus clones e da mais recente onda de pokémons e cia., as emissoras tentam hoje seguir um novo caminho: o de
fazer entretenimento com conteúdo.
Na nova aposta global, Angélica deixa
de ser a principal atração, dando espaço
a uma equipe mirim que, entre outras
coisas, fará reportagens sobre ecologia e
educação. E, em janeiro de 2001, a emissora lança uma nova versão do conceituado "Sítio do Pica-Pau Amarelo".
Para Angélica -que afirma ter saudade de ter um programa só seu-, "as coisas mudam". "Estamos na era do computador, não dá para ficar na mesmice.
Tudo passa, esse formato já foi", diz.
Essa é também a opinião de Renato
Fernandes, diretor do "Band Kids", da
Bandeirantes. Com um currículo cheio
de atrações como "Castelo Rá-Tim-Bum" (Cultura) e "Disney Club" (SBT),
ele crê em um novo conceito de infantis:
o entretenimento inteligente.
"Antes, as atrações para crianças não
tinham preocupação em ser informativas, eram apenas brincadeiras. Com o
sucesso que a TV Cultura teve com programas como "Rá-Tim-Bum", os canais
comercias perceberam que dava, sim,
para investir em conteúdo. Não falo de
programas educativos, mas de atrações
que tragam referências à cidadania."
O "Band Kids" estreou há poucos meses e é composto basicamente de desenhos japoneses, apresentados pela aspirante a heroína Kira, que conversa com
amigos robôs sobre assuntos relativos à
cidadania, entre outros temas. "Estamos
apostando também em produtos segmentados -no caso, para quem é fã de
desenho de aventura japonês. Sai mais
barato e ajuda a criar uma audiência mirim para a Band", diz Fernandes.
Apesar de ser um remanescente da
"era das loiras", o programa "Eliana &
Alegria", da Record, já começou a entrar
pelo caminho do entretenimento com
conteúdo. Há algum tempo, a atração
ganhou reportagens sobre temas diversos, quadros sobre ecologia etc.
"Não acho que a era das loiras esteja
chegando ao fim. Mas acho que a TV tem
de ter a função de entretenimento sem
deixar de informar. É isso que estamos
tentando fazer, deixamos de ser meros
exibidores de desenhos", afirma José
Amancio, diretor do "Eliana & Alegria".
Seguindo a mesma tendência está o
"Bom Dia & Cia.", do SBT. O programa,
que é apresentado pela também loira
Jackeline Petkovic e é totalmente dedicado a desenhos, passou a incorporar um
conteúdo educativo. "Baseados no sucesso do "Disney Club", decidimos tratar
de temas educativos no programa, o que
o torna mais interessante e cativa a audiência", explica Mauro Lissoni, diretor
de programação do SBT.
Para a tarefa, foi designada parte da
equipe de produção do "Disney Club", a
mais bem-sucedida experiência da emissora em programas infantis nos últimos
tempos. A atração, que também tem sua
maior parte ocupada por desenhos, conta com cinco apresentadores, com idades
de 11 a 17 anos, que comandam uma "TV
pirata", defendendo os direitos das crianças e falando de cidadania e ecologia.
"As crianças de hoje querem mais do
que só desenhos ou um adulto falando o
que é certo ou errado. Então, procuramos dar algum conteúdo ao programa,
educar, informar, mas de uma maneira
natural e informal", explica Regina Soler,
diretora do "Disney Club".
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