São Paulo, domingo, 09 de junho de 2002

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RESPOSTA

Evandro mostra que não interpreta só o Evandro

Ator se destaca no papel de Bill, um caça-talentos que finge ser gay em "Desejos de Mulher"

FERNANDA DANNEMANN
FREE LANCE PARA A FOLHA

DEPOIS de passar anos ouvindo que interpreta sempre um único personagem -ele mesmo-, Evandro Mesquita, 50, surpreende como Bill, o caça-talentos que, sob a capa de um falso gay de língua presa, tem se mostrado o mais engraçado do núcleo cômico de "Desejos de Mulher", novela das 19h da Globo.

"Meu jeito de representar é uma conquista dos tempos do Asdrúbal Trouxe o Trombone [grupo teatral carioca dos anos 70", é a desconstrução do texto, coisa que a Regina Casé, por exemplo, também faz. O surfista que interpretei em "Top Model" marcou muito e, como eu tinha vivido aquele lance de pegar onda, fiquei tachado. Claro que sou contra esse rótulo que me jogaram, mas acho que ele caiu um pouco. E agora, com o Bill, que é um personagem diferente, as pessoas percebem que tinham uma visão superficial do meu talento", diz o ator.
Evandro só lamenta não ter sido escalado para a cena de Wilker e Otávio Muller, gravada na passeata gay realizada em São Paulo na semana passada: "Lá, eu poderia sentir melhor a receptividade ao papel".
Depois de fazer laboratório em agências de modelos, assistir a fitas com entrevistas de "bookers" -"pra ver os trejeitos"- e frequentar desfiles, ele acabou sabendo que está igualzinho a um certo "booker" de São Paulo, conhecido como Eli, e que também tem língua presa. "Tentei até um contato com ele através do "Vídeo Show", porque acho que seria engraçado conhecê-lo, mas não consegui nada."
Evandro nem se lembra de quantas vezes participou de projetos teatrais. "Fiz umas seis novelas e uns cinco filmes, mas também gosto de escrever e dirigir", diz ele, que propôs à Globo a produção do seriado "Avenida Brasil", que escreveu há três anos e que conta a história de um carioca que vai a São Paulo tentar conhecer o pai, um ex-jogador do Palmeiras, e acaba fazendo dupla com um espertíssimo menino de rua. Elogiado por Guel Arraes e Denise Saraceni, o projeto ainda não saiu do papel devido à possibilidade de a emissora relançar "Carga Pesada".
Tachado também de "cantor que brinca de ser ator", como ele próprio lembra, Evandro recentemente comemorou os 20 anos da Blitz e, animado com a receptividade do público, que conhecia todas as músicas, pretende lançar um CD para marcar a data. "Será uma coletânea, mas também terá canções inéditas e parcerias com gente como o Lobão, nosso primeiro baterista", afirma.
Em outubro o ator pretende estrear, no Rio, "Esse Cara Não Existe", que escreve em parceria com Mauro Farias. "É uma comédia sobre o posicionamento do homem frente às conquistas femininas", diz ele, que também pensa em tirar da gaveta dois roteiros para cinema. "Mas cinema é mais difícil; preciso de alguém que corra atrás disso pra mim", diz.



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