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Para pediatras e responsáveis pelos canais de programação infantil, é função dos pais decidir o que as crianças devem ver e quanto tempo elas podem ficar diante da TV; veja programação para o Dia da Criança e saiba quais atrações são as mais indicadas
Não basta ver, tem de participar!
ALINE SORDILI
ERIKA SALLUM
da Reportagem Local
A TV faz mal à saúde? Uma pesquisa da Academia Norte-Americana de Pediatria diz que sim, recomendando que crianças com menos de dois anos não vejam TV,
mas nem todo mundo concorda
com essa conclusão.
De um lado, pediatras e psicólogos recomendam que as crianças
fiquem pouco tempo vendo televisão -período que deve ser gasto
com programas educativos. Do
outro, dirigentes de canais dizem
que a TV diverte e ensina e que os
pais são os mais indicados para decidir o que -e quanto- os filhos
podem ver.
Com a proximidade do Dia da
Criança, responsáveis por canais
infantis preparam uma programação especial, mas admitem que TV
em excesso pode fazer mal.
"Nenhuma criança deve só assistir TV. Deve brincar, desenhar, ler.
Quanto mais equilibrada for a diversão, melhor será a formação",
afirma Bia Rosenberg, diretora do
núcleo de programas infanto-juvenis da TV Cultura.
Para ela, as crianças seguem os
hábitos dos pais: "Se os pais só ficam vendo TV, a criança vai fazer a
mesma coisa".
"O Cartoon só coloca no ar programas que geram alegria e diversão. Não somos um canal educativo, mas de entretenimento. São os
pais que devem cuidar do que seus
filhos vêem", afirma Jim Samples,
vice-presidente do canal. Para ele,
desenhos como "O Laboratório de
Dexter" estimulam a criatividade e
o relacionamento entre irmãos.
Mas não se pode condenar a televisão, na opinião do pediatra Bernardo Ejzenberg, consultor do Instituto da Criança do Hospital das
Clínicas. "Os pais têm de reconhecer seus erros, como a falta de tempo. No caso de pais ausentes, a TV
não é culpada de nada."
Segundo ele, as pessoas devem
ser capazes de enxergar também os
benefícios da TV. "Se o programa
entretém, faz rir e não mostra violência, por que não dizer que ele é
bom? Mas tem de ser dosado."
Para Ana Olmos, psicanalista especializada em crianças e adolescentes ligada à organização não-governamental TVer, ver TV em
excesso pode prejudicar a saúde,
gerando desde obesidade e insônia
até alteração do comportamento.
Ana ressalva, no entanto, que
existem programas que contribuem para a formação. "O Discovery Kids, por exemplo, consegue
transmitir ensinamentos de uma
maneira gostosa e informativa."
Henrique Martinez, vice-presidente sênior do Discovery para a
América Latina, afirma que seu canal não pretende ser só educativo.
"Se ficarmos só nisso, a criança rejeita o canal. Fazemos um mix com
coisas reais e formadoras."
Essa também é a opinião de Pierluigi Gazzolo, diretor de vendas
para a América Latina do canal
Nickelodeon: "As TVs educativas
tendem a ser voltadas mais para os
pais. Na nossa programação, a única regra é não ter violência".
Gazzolo cita como exemplo de
programa que mescla entretenimento e estímulo intelectual o "As
Pistas de Blue". Criado para crianças em idade pré-escolar, traz o garoto Steve e sua cachorrinha. "Repetimos o programa várias vezes,
assim a criança vai reconhecendo
as pistas e sentindo que participa."
A repetição é um fator importante nessa idade. Segundo Anne Lise
Silveira Scappaticci, terapeuta familiar e psicanalista infantil, a repetição existente no "Telettubies" é
fundamental para que a criança assimile conhecimento. "Mas, antes
dos dois anos, a TV deve ser vista
com muita moderação."
Para ela, uma criança não pode
ser deixada horas seguidas em
frente à TV. "A TV não pode ser
usada como babá. Uma criança pequena precisa de estímulos."
Segundo Anne Lise, mesmo programas educativos em excesso não
são saudáveis.
Clóvis Francisco Constantino,
presidente da Sociedade de Pediatria do Estado de São Paulo, recomenda que crianças muito pequenas assistam de 30 minutos a 1 hora
de TV por dia, além de ter mais atividades. "Para uma criança mais
velha, a TV faz parte da interação
com os colegas, como ver um jogo
de futebol, por exemplo."
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