São Paulo, domingo, 12 de julho de 1998

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TV NO MUNDO
Canal latino lidera Copa nos EUA


ESTHER HAMBURGER
em Nova York

Hoje à tarde os brasileiros em Nova York acompanharão a final da Copa pela televisão, em casa ou em um dos inúmeros bares da cidade que oferecem o jogo. A churrascaria brasileira Plataforma cobra uma consumação mínima de US$ 20 pelo jogo, que é exibido com narração em português, do SBT, captada pela Internet.
As imagens da Copa pela TV são as mesmas nos Estados Unidos e no Brasil, com exceção das imagens captadas pelas câmeras exclusivas da Globo e da Bandeirantes. Mas a qualidade de narração e edição dos jogos não se compara. Aqui corre-se o risco de perder o gol de Ronaldinho aos 22 segundos do segundo tempo.
A Univision quase perdeu o gol contra a Holanda. A emissora de língua espanhola retomou a transmissão da partida quando o jogador já se preparava para chutar. Sedentas de anúncios e pouco acostumadas a transmitir 45 minutos seguidos sem interrupção comercial, as emissoras não se preocupam com esses detalhes.
Apesar dos deslizes, a Univision ganhou audiência com a Copa. Enquanto os locutores do canal chicano sabem gritar um "Goooooooooool!!!!!!!", os apresentadores da ESPN parecem narrar um monótono jogo de golfe. A Univision bateu a ESPN 40 vezes, especialmente nas ocasiões em que a seleção do México estava em campo. O presidente da emissora, Henry Cisneros, comemora o recorde de 1,5 milhão de domicílios ligados em 29 de junho para assistir a México x Alemanha. A transmissão da ESPN do mesmo jogo atingiu somente 740 mil domicílios. Somadas, a audiência dos dois canais é muito baixa se comparada com os 40 milhões que costumam acompanhar "Plantão Médico" toda semana.
Sem um envolvimento maior com o certame, os americanos observam a empolgação brasileira com a Copa com um misto de curiosidade, admiração e ironia. A descrição do feriado e das comemorações que acompanham cada jogo merece referências aos deuses, à dança, ao calor, ao Carnaval.
Na manhã seguinte à vitória contra a Holanda, a National Public Radio comentava que os americanos desconhecem "experiência coletiva de risco" de intensidade comparável à torcida pela vitória do Brasil na Copa.
Muitos consideram que será melhor para o futebol mundial se os Estados Unidos se mantiverem distantes do esporte. Autocríticos e ao mesmo tempo ciosos dos poderes de seu país, esses americanos alegam que uma participação mais ativa dos empresários locais no esporte mais popular do mundo poderia levar à alteração das regras do jogo, por exemplo, com a introdução de intervalos mais frequentes para os comerciais. Por essas e outras, é melhor assistir à final no Brasil.


E-mail: ehamb@uol.com.br



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