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MENOS MÚSICA, MAIS AUDIÊNCIA
Com um perfil diferente daquele com que surgiu, em 1990, o canal musical inicia 2002 festejando o aumento de audiência e de faturamento conquistado no ano passado, além de dar força ao time de VJs
MTV solta o verbo
RODRIGO DIONISIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O ANO PASSADO na TV foi inegavelmente de Silvio Santos e do SBT.
Porém outra emissora, mais modesta,
mas que também tem por nome uma sigla de três letras, teve o que comemorar.
"2001 foi o melhor ano da MTV", diz
seu diretor-geral, André Mantovani, 37.
"Tivemos ótimos resultados. Houve aumento de faturamento, audiência, lucro.
Ampliamos um contato de caráter mais
forte e relevante com o público."
Isso em um ano em que, em média, a
audiência das emissoras caiu 9%, e o faturamento, 15% (em relação a 2000).
Segundo dados revelados pelo canal,
no ano passado seu ibope cresceu 24,7%
entre os telespectadores de 15 a 29 anos
das classes A e B (o público-alvo da
MTV). Nessa "fatia", 60% dos telespectadores também sintonizaram o canal pelo
menos uma vez por mês nesse período.
Atualmente, a MTV atinge dois terços
dos domicílios da Grande São Paulo e 16
milhões de residências no país. As cinco
cotas de patrocínio para a sua programação de verão deste ano (e mais uma extra) foram vendidas. O faturamento da
emissora no início de 2002 é 22% superior ao do começo de 2001.
Mantovani diz, como exemplo, que a
arrecadação da MTV é superior à da Rede TV!, emissora que, segundo reportagem da revista "Meio & Mensagem", aumentou seu faturamento em 300% no
ano passado. "Também, para quem vende mil passar a vender 4.000 é fácil", ironiza o diretor da TV musical.
O canal lançou ainda seu maior sucesso fonográfico, o "Acústico Roberto Carlos". Segundo a emissora, foram vendidas 1,5 milhão de cópias oficiais do CD
até o final de 2001 (o recorde anterior era
do "Acústico Titãs", com 1,4 milhão).
Polêmica
A MTV também ganhou
visibilidade no ano passado na base da
controvérsia. Para citar dois casos, a
emissora realizou o primeiro programa
de namoro entre homossexuais da TV (o
"Fica Comigo Gay") e comprou briga
com a Globo por causa do especial
"Acústico" com Roberto Carlos.
Mantovani diz acreditar que esses fatos
não foram determinantes para impulsionar a audiência do canal, mas ainda assim faz a seguinte analogia: "Se tem uma
pessoa parada na rua, olhando para o
céu, logo pára outra do lado e fica olhando também. E depois outra, e outra...".
O lado ruim dessa popularidade, entretanto, é o assédio sofrido pelos apresentadores. A mais recente baixa no canal foi
Marcos Mion, que saiu para comandar
um programa na Bandeirantes. "A gente
não queria perdê-lo", afirma Mantovani.
Paralelamente à saída de Mion, o VJ
Cazé retorna após uma experiência malsucedida na Globo. "Foi uma volta por
interesse mútuo. Ele também era alguém
que a gente não queria ter perdido, mas
sua saída foi tranquila."
Cazé irá comandar dois programas:
um "game show" e o "Tome Conta do
Brasil", atração dedicada a debater questões ligadas à realidade política, social e
econômica brasileira.
Aliás, com a proximidade das eleições,
Mantovani afirma que o principal foco
da programação da MTV deste ano será
a política. Mas o público da emissora se
interessa por esse tipo de tema? "Temos
uma percepção interna de que o jovem
não tem mais saída. Gostando ou não,
vai ter de se informar sobre certas coisas", responde o diretor.
Menos música?
Mantovani
considera uma "bobagem" a afirmação
de que a MTV tem deixado a música de
lado para investir em "variedades". "Se
fosse assim, a gente tiraria o "M" do nome
e iria fazer outra coisa."
Com a programação do final do ano
passado em mãos, ele mostra que, das 24
horas de transmissão diária, de segunda
a sexta, 19 foram dedicadas a videoclipes
e cinco a outros tipos de atração. Esse dado representa a divisão habitual, alterada
com a programação especial de verão do
canal, com mais "variedades".
O diretor admite que a faixa nobre da
programação, quando há um maior número de TVs ligadas, realmente está ocupada por programas sem videoclipes, como "Meninas Veneno" e "Fica Comigo",
e que, se comparada à programação da
estréia do canal, em 1990, a atual tem um
número menor de clipes.
"O pessoal vê isso e diz que acabou a
música na MTV. As pessoas precisam
entender que aquele formato do início
do canal, com o VJ fazendo uma cabeça
[abertura de um bloco] e videoclipes, é limitador. Mudar era uma condição para
continuar crescendo", afirma.
Quanto à possibilidades de criar, como
nos EUA e na Europa, canais ligados à
MTV que só exibam videoclipes, Mantovani confirma as conversas sobre o tema
entre os diretores do canal, mas diz que
não há nada programado para breve.
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