São Paulo, Domingo, 14 de Fevereiro de 1999
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NOVELA
"Louca Paixão", a nova novela da emissora, tem 30% das cenas em penitenciária desativada
Presídio vira estúdio da Record

da Reportagem Local

Pelo menos 30% das cenas da novela "Louca Paixão", que estréia dia 22 de março na Record, vão ser gravadas no presídio do Hipódromo, no Brás (zona leste de São Paulo), hoje desativado, mas que já foi palco de grandes rebeliões.
Para dar maior realidade à história, sobre o editor de uma revista de moda que se apaixona pela voz de uma presidiária em uma linha cruzada, a produção começou a gravar na semana passada no presídio, utilizado recentemente pela novela "Torre de Babel", da Globo.
Curiosamente, Karina Barum é uma das presas que têm cenas no presídio, que foi cenário de José Clementino (Tony Ramos), o pai da personagem da atriz em "Torre de Babel".
Em "Louca Paixão", remake da primeira novela diária brasileira, "2-5499, Ocupado", de 1963, Karina Barum é a presidiária Letícia, por quem Maurício Mattar, o editor André, se apaixona.
Ela, Suzy Rêgo, Maria Alves e Ingra Liberato são as detentas, que estão gravando em cinco celas, corredores, pátio e em frente à fachada do Hipódromo. A Record gastou R$ 30 mil em reformas no presídio, e vai utilizá-lo até o final das gravações. A novela tem 132 capítulos.
"O local estava sujo e abandonado. Pintamos as celas na mesma tonalidade de cinza e envelhecemos a pintura para dar aspecto de usado", diz Waldir Gunther, diretor de arte.
O refeitório, a sala do diretor e a secretaria com as telefonistas serão reproduzidos em estúdio.
O presídio está desativado desde 95. Hoje, abriga o departamento de saúde do sistema penitenciário de São Paulo.
Com 4.100 m2, o Hipódromo já foi cenário de grandes motins. Em 1984, 880 presos destruíram três andares do presídio, que teve de ficar fechado durante dois anos.
Em 94, aconteceram duas rebeliões: a primeira resultou em uma morte e 53 feridos, e, na segunda, oito agentes carcerários foram mantidos como reféns e 23 presos fugiram.
Considerado sem condições de funcionamento pelo governo estadual, o presídio foi desativado e os presos, distribuídos em penitenciárias da Grande São Paulo.
Segundo a Record, o governo cedeu o espaço de graça, em troca de melhorias para o local.
A Record deve gastar mais R$ 20 mil para concluir a reforma. A produção também teve de decorar as celas, a partir de pesquisas feitas na penitenciária de Franco da Rocha (Grande São Paulo).
"Há detalhes no cenário como o bolso da calça jeans, que as presidiárias arrancam e colam na parede para fixar o varal, e caixas de cigarro vazias usadas para colocar pasta, escova de dente e esmalte", diz Gunther.
As ex-atrizes da Globo Suzy Rêgo e Karina Barum vão fazer laboratório no presídio de Franco da Rocha, nesta semana.
(DEBORAH GIANNINI)




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