São Paulo, Domingo, 14 de Fevereiro de 1999
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TV NO MUNDO

Filme une romance e tecnologia

ESTHER HAMBURGER
especial para a Folha em Austin

Está prevista a estréia nesta quarta-feira em São Paulo (e na sexta, 19, em todo o país) do filme "You've Got Mail" (no Brasil, traduzido para "Mensagem para Você"), a comédia romântica de Nora Ephron com Tom Hanks e Megg Ryan e que trata do amor, da criação e dos meios de comunicação: os livros, o jornal, a máquina de escrever, a televisão, o computador e a Internet.
Novidades tecnológicas em geral fornecem panos de fundo adequados à renovação de nostálgicas histórias de amor.
Em 96, no Brasil, o romance via Internet foi uma das atrações da novela "Explode Coração", de Glória Perez.
"You've Got Mail" é uma readaptação do filme "The Shop Around the Corner", dirigido por Ernst Lubitsch em 1940.
É como se, ao associar o romance água-com-açúcar com as invenções mais recentes e a paixão amorosa com as conexões eletrônicas, os roteiros de cinema e TV estivessem domesticando as tecnologias da imaginação virtual.
Afinal, a indústria do entretenimento eletrônico ocupa espaços que a vida cotidiana sempre dedicou à fantasia.
Ao atravessar os séculos, as narrativas usuais constroem pontes que facilitam a incorporação de mudanças.
Seriados de TV e filmes se encarregam de acabar de enterrar o que eles mesmos representam como preocupações jurássicas de uns poucos dinossauros que insistem em exibir suas ossadas como peças arqueológicas.
O orgulhoso escritor e articulista do "New York Times", engajado na campanha pela preservação da pequena livraria infantil, acaba apaixonado pela entrevistadora de TV. E a dona da livraria se envolve com o detestável gigante da massificação da alta cultura, por coincidência ou não, de sobrenome Fox.
O filme às vezes se torna melequento de tão açucarado. Mas há algo nele que vai além das muitas recorrências e evidencia a falta de narrativas que dão conta da aceleração das conexões que a integração tecnológica propicia.
Aparelhos de televisão ligados à Internet, conglomerados de empresas que reúnem sites eletrônicos e operadoras de TV a cabo; companhias de telefonia que se preparam para transmitir sinais de vídeo, captam e expressam não réplicas perfeitas, mas versões alteradas das coisas e das pessoas.
Nos interstícios dessas passagens, nesse jogo de imagens distorcidas que tem como palco o espaço virtual do monitor de TV/Internet, envolvimentos genuínos, capazes de gerar alguma poesia, são raros e difíceis de discernir.
E-mail: ehamb@uol.com.br



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