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TV NO MUNDO
Filme une romance e tecnologia
ESTHER HAMBURGER
especial para a Folha em Austin
Está prevista a estréia
nesta quarta-feira em São
Paulo (e na sexta, 19, em
todo o país) do filme
"You've Got Mail" (no
Brasil, traduzido para
"Mensagem para Você"),
a comédia romântica de
Nora Ephron com Tom
Hanks e Megg Ryan e que
trata do amor, da criação e
dos meios de comunicação: os livros, o jornal, a
máquina de escrever, a televisão, o computador e a
Internet.
Novidades tecnológicas
em geral fornecem panos
de fundo adequados à renovação de nostálgicas
histórias de amor.
Em 96, no Brasil, o romance via Internet foi uma
das atrações da novela
"Explode Coração", de
Glória Perez.
"You've Got Mail" é
uma readaptação do filme
"The Shop Around the
Corner", dirigido por
Ernst Lubitsch em 1940.
É como se, ao associar o
romance água-com-açúcar com as invenções mais
recentes e a paixão amorosa com as conexões eletrônicas, os roteiros de cinema e TV estivessem domesticando as tecnologias
da imaginação virtual.
Afinal, a indústria do entretenimento eletrônico
ocupa espaços que a vida
cotidiana sempre dedicou
à fantasia.
Ao atravessar os séculos,
as narrativas usuais constroem pontes que facilitam
a incorporação de mudanças.
Seriados de TV e filmes
se encarregam de acabar
de enterrar o que eles mesmos representam como
preocupações jurássicas de
uns poucos dinossauros
que insistem em exibir
suas ossadas como peças
arqueológicas.
O orgulhoso escritor e
articulista do "New York
Times", engajado na campanha pela preservação da
pequena livraria infantil,
acaba apaixonado pela entrevistadora de TV. E a dona da livraria se envolve
com o detestável gigante
da massificação da alta
cultura, por coincidência
ou não, de sobrenome Fox.
O filme às vezes se torna
melequento de tão açucarado. Mas há algo nele que
vai além das muitas recorrências e evidencia a falta
de narrativas que dão conta da aceleração das conexões que a integração tecnológica propicia.
Aparelhos de televisão ligados à Internet, conglomerados de empresas que
reúnem sites eletrônicos e
operadoras de TV a cabo;
companhias de telefonia
que se preparam para
transmitir sinais de vídeo,
captam e expressam não
réplicas perfeitas, mas versões alteradas das coisas e
das pessoas.
Nos interstícios dessas
passagens, nesse jogo de
imagens distorcidas que
tem como palco o espaço
virtual do monitor de
TV/Internet, envolvimentos genuínos, capazes de
gerar alguma poesia, são
raros e difíceis de discernir.
E-mail: ehamb@uol.com.br
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