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FALANDO DAQUILO
Programas que debatem questões ligadas ao sexo e à sexualidade tornam-se um filão de sucesso nas grandes redes e nos canais da TV paga
Emissoras investem em "sexo verbal"
Divulgação
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Ludmila Rosa, do "Erótica MTV" |
BRUNO GARCEZ
DA REPORTAGEM LOCAL
QUANDO o assunto é sexo, as emissoras de TV demonstram um apetite insaciável. Após o sucesso do "Erótica
MTV", no ar desde janeiro de 99, o número de atrações que promovem debates e até "game shows" ligados ao tema
cresceu significativamente na TV.
A própria MTV deve aumentar o espaço dedicado a discussões sobre sexo em
sua programação. A emissora estuda exibir no segundo semestre uma atração na
linha do seu "Na Real" (uma espécie de
novela com pessoas comuns) sobre sexo
e comportamento.
O projeto do programa foi apresentado
pelo psiquiatra Jairo Bouer, que responde a dúvidas de telespectadores no "Erótica MTV". Recentemente, o "Erótica"
passou a contar, esporadicamente, com a
presença de pais de jovens, que participam dos debates travados com a garotada. "Como muitos pais pediam para participar, decidimos atender às suas reivindicações", afirma Ludmila Rosa, apresentadora do "Erótica".
Outro programa que também decidiu
investir no sexo falado é o "O+", da Bandeirantes. Há três semanas, a atração
passou a exibir o quadro "Sexo Positivo",
onde jovens tiram suas dúvidas sobre sexo fazendo perguntas a especialistas na
área. A mesma emissora já traz há cinco
anos no matinal "Dia Dia" um quadro
com o ginecologista Elsimar Coutinho
(leia texto ao lado).
A profusão de atrações que tratam de
sexo fez com que psicólogos e sexólogos
se tornassem figurinhas carimbadas em
diferentes canais. Especialistas como a
psicóloga e colunista da Folha Rosely Sayão e a ginecologista Albertina Duarte
são presença constante em programas
como o "Turma da Cultura", o "O+", da
Band, e o "Programa Livre", do SBT.
Vildomar Batista, diretor do "Programa Livre", comenta que discussões sobre
sexo rendem inclusive números expressivos de audiência. "Na semana retrasada, durante um dos blocos dedicados a
sexualidade (são, ao todo, dois por programa), chegamos a ter picos de audiência que nos fizeram empatar com o "Programa do Jô", da Globo. Sem dúvida, sexualidade é um tema que pesa na briga
pela audiência", opina.
Até mesmo o insuspeito "Fala Que Eu
Te Escuto", da Record, apresentado pelo
bispo da Igreja Universal do Reino de
Deus Clodomir Santos, está se rendendo
ao sexo verbal. Alguns dos recentes tópicos debatidos no programa foram "troca
de casais: promiscuidade ou fuga à rotina" e "por que os homens querem sexo
sem compromisso".
Além dos tradicionais "tira-dúvida"
sexuais, as redes de TV também providenciam uma pitada extra de pimenta. É
o caso do "Puro Êxtase", exibido em rede nacional pela CNT, exceto para São
Paulo, onde pode ser captado só pelos
assinantes da Sky e da DirecTV.
Fora os picantes debates que exibe, que
podem ser tanto com atores pornôs como com sexólogos, "Puro Êxtase" traz
também clipes de erotismo "light", mas
"nunca com sexo explícito e sempre com
enredos inteligentes", garante o diretor,
Dimas de Oliveira Jr.
Os enfoques dos programas que lidam
com sexualidade são mais variados do
que o repertório de posições do "Kama
Sutra". Há desde o formato tradicional
do "Turma da Cultura", em que os participantes de escolas decidem qual será o
tema do dia e debatem com especialistas
que abordam aspectos psicológicos e físicos, até o irreverente "Carnal Know-ledge", do Eurochannel, um "game
show" onde dois casais disputam para
ver qual deles entende mais de sexo.
Para aferir seus conhecimentos, os
apresentadores perguntam-lhes, por
exemplo, "o que é AC/DC?" (bissexual)
ou "o que é swing?" (troca de casais) ou
"como você faz para seu parceiro ficar
excitado sem tocá-lo?".
Além do Eurochannel, outros canais
de TV paga resolveram apostar em programas que oferecem um tratamento
original para temas ligados à sexualidade. O "Real Show", do Multishow, exibe,
por exemplo, reportagens sobre casais
que fazem cursos para reaprender a se
tocar ou sobre um programa de rádio
que dá aulas de sexo.
Já a revista semanal "Sex TV", do
GNT, se volta para a diversidade do sexo, podendo mostrar desde a ligação entre amamentação e estímulo sexual feminino ou trazer uma entrevista com a
atriz pornô que bateu o recorde de parceiros em um só dia.
Interatividade
No programa "O+" os debates são travados no auditório e na rua. A apresentadora Maria Amorim comanda um
"vox populi", entrevistando transeuntes, enquanto o apresentador Otaviano
Costa antecipa para a platéia o tema do
dia e quem será o entrevistado.
Tratar de sexo na TV exige, além de jogo de cintura, um forte senso de profissionalismo. É o que garante Jairo Bouer.
"Deixo claro que não somos um consultório terapêutico. Damos dicas, mas não
temos a pretensão de resolver um problema. Do contrário, cairíamos na superficialidade", afirma. No entender de
Ludmila Rosa, a responsabilidade desse
tipo de atração é reforçada pelas distorções presentes na sociedade brasileira.
"No nosso país se fala muito de sexo na
música e nos meios de comunicação,
mas muitas vezes de forma preconceituosa e machista. O nosso enfoque visa
esclarecer e fazer pensar, essa é a grande
diferença."
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